Na quinta-feira soubemos que Portugal ainda não está preparado para o certificado digital europeu covid19. Dois dias mais tarde, o Reino Unido tirou-nos da sua lista verde, depois da incúria com os ingleses na final da champions no Porto. Podemos fazer melhor.
O continente europeu está, genericamente, a atravessar um período descendente de contágios (com notáveis exceções em França), com a pressão sob o sistemas de saúde a baixar também. Simultaneamente, a hercúlea campanha de vacinação está no bom caminho, com metas cada vez mais claras para atingirmos a famosa imunidade de grupo. Tudo isto são sinais positivos, mas longe de significarem controlo do vírus, pelo contrário, o prognóstico segue incerto. Perante este quadro, a livre circulação no espaço europeu ainda é limitada e, incompreensivelmente, as medidas sanitárias impostas a quem atravessa a fronteira ainda variam brutalmente de país para país. A descoordenação ainda reina entre os governos dos estados-membros da UE.
Ora, numa região de empresários e emigrantes, mas que também precisa de turistas, é crucial devolver alguma normalidade à livre circulação e trazer alguma previsibilidade.
Com o novo certificado europeu, isso poderá acontecer. Isto é, caso tenha sido vacinado, testado negativamente, ou recuperado depois de ter estado infetado, receberá um certificado reconhecido em todo o espaço Schengen. E assim, isento de medidas sanitárias complementares, como a quarentena.
Para tanto, é necessário ter a funcionar o sistema informático, os leitores de códigos de barras distribuídos pelas fronteiras, enfim a infraestrutura que permita emitir e ler o dito certificado. Portugal, apesar de presidir à UE, não integrou o pelotão da frente na implementação. Vista curta que, espera-se, será remediada até dia 1 de julho, data em que tudo terá de estar a funcionar de acordo com a legislação europeia.
O episódio portuense, à primeira vista seria também um sinal de melhoria, mas acabou a ser outro exemplo de vista curta. Portugal, ao contrário de quase toda a Europa, estendeu a “passadeira verde” aos britânicos que nos quisessem visitar. Uma boa medida. O que acabou a passar-se no Porto foi uma desgraça. Por um lado, não se compreende o tratamento diferenciado: porque permitiram aos adeptos britânicos o que está vedado aos portugueses? Certamente que todos os adeptos portugueses estariam também dispostos a testarem-se para poder assistir a um jogo de futebol no estádio. Por outro lado, a passividade das autoridades – ordenada de cima – resultou em contágios sem fim e na saída da lista verde inglesa, com prejuízo – provavelmente – para todo o turismo nacional, em particular o Algarve, e para a nossa diáspora que vive no Reino Unido.
Podemos fazer melhor, se não tivermos vista curta.