Ao longo dos anos, fomos perdendo a conta aos planos integrados de desenvolvimento para o Tâmega e Sousa. Lembro-me da pomposa apresentação de um projeto desta natureza, em Felgueiras, com a presença do então presidente da República Cavaco Silva, que pretendia que áreas económicas confinadas a determinados concelhos alastrassem a toda a região. Onde está ele? Que frutos deu? Hoje mesmo, será assinado mais um, o Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar para o desenvolvimento da região, acreditando-se, e bem, que a educação é uma das forças motrizes para o sucesso desse desafio.
Numa região que é tradicionalmente cinzenta – nem litoral, nem interior, nem rural, nem urbana –, as políticas centrais tendem também para a indefinição e, pior, muitas vezes, não respondem aos reais problemas da região. Por isso, qualquer medida que ajude a resolver os problemas do Tâmega e Sousa é bem-vinda. Esperemos que seja o caso deste plano!
Para que um plano seja integrado tem, como é fácil de perceber, de integrar. Ou seja, contemplar as partes, de forma a formar um todo. Colaboração, diálogo, partilha a até um certo altruísmo são requisitos para o sucesso do mesmo. Porque, se queremos o desenvolvimento do todo, temos de deixar de olhar para o nosso umbigo!
A região do Tâmega e Sousa é pródiga em eventos de grande valor cultural, e não só, que projetam os seus concelhos para além das fronteiras geográficas. É o caso do Folia, em Lousada, e do Escritaria, em Penafiel, para citar dois dos muitos casos de sucesso. Jornais e televisões nacionais fazem eco destes certames, que atraem até gente de fora. Eventos de relevo, reconhecidos, mas, paradoxalmente, pouco amigos de projetos integrados. E assim, projetos como estes, que poderiam ser agregadores e a imagem de uma região, ficam confinados ao concelho x ou y e, a maior parte das vezes, até longe das populações dos outros concelhos da região, geograficamente tão perto.
Nenhum dos meus alunos sabe o que é o Escritaria. E é pena! Não conhecem o museu Amadeu Sousa Cardoso, nem o Museu de Penafiel (já premiado), nem os monumentos da Rota do Românico… Os concelhos estão demasiadamente voltados para dentro e pouco integrados! Muito mais apostados em salientar-se em relação aos vizinhos do que crescer com os seus vizinhos. E assim se perde a oportunidade de realizações conjuntas na região do Tâmega e Sousa.
A Rota do Românico, pelo facto de apresentar monumentos em vários concelhos, poderá ser, de facto, um elemento agregador e gerador de projetos conjuntos, catalisadores do desenvolvimento da região. Antes, porém, é necessário dar a conhecer o que é nosso e valorizá-lo.
Aproveite este fim de semana prolongado e visite o Escritaria, que este ano homenageia um grande nome da literatura em língua portuguesa, Pepetela. Se tiver tempo, passe pelo Centro de Interpretação do Românico, em Lousada, e faça uma viagem no tempo. Razões não faltam para ficar por cá.