Em tempo de pandemia, a construção de uma piscina ao ar livre deve ser a prioridade de um município? Pensamos que não.
Num concelho, como o de Paredes, servido pelo transporte ferroviário, dispondo do “Andante,” que nos coloca em mais de uma centena de excelentes e saudáveis praias em cerca de uma hora, a um preço médio inferior a um euro/dia, deve construi-se junto à ferrovia uma piscina ao ar livre? Não. Por todas as razões e até porque ficará sempre mais caro ir à piscina, tantas vezes foco de doenças, do que à praia, aconselhável a quem quer juntar o lazer à saúde.
Num concelho, como o de Paredes, que dispõe de uma pequena zona verde, conhecida como Parque da Cidade, deve plantar-se, mesmo no meio, um tanque ao ar livre para utilização sazonal, reduzindo, em lugar de aumentar, a dimensão do espaço de lazer, estamos a contribuir para a qualidade de vida dos munícipes? Claro que não, mesmo que nos digam que reduzem agora para ampliar depois.
Na sede do concelho que dispõe apenas de uma piscina coberta, desde sempre sobrelotada e com listas de espera para os cidadãos que, durante o ano inteiro, precisam ou querem praticar natação, a necessidade maior será a construção de uma piscina ao ar livre ou ampliar a capacidade de uma piscina coberta? A segunda hipótese, seguramente.
Podíamos invocar outra tantas razões para explicar que será mais fácil, num futuro muito próximo, o Parque da Cidade vir a desaparecer para servir desbragados interesses particulares dos especuladores imobiliários do que algum dia volte a servir quem já serviu: os munícipes. Aliás, o dito já começa a parecer uma ilha que, em vez da água, deixaram cercar de grandes prédios por todos os lados. Nem a esses a piscina ao ar livre trará maior qualidade de vida.
Isto para não compararmos com os concelhos vizinhos que, ao contrário de Paredes, cada vez mais ampliam as suas zonas verdes, dando primazia à qualidade dos espaços em detrimento da quantidade de casas encavalitadas. Aliás, o “cerco” ao Parque da Cidade é tão despropositado que a quantidade dos espaços edificados começa a fazer parecer que nasceu ali, também no meio da cidade, mais um bairro social, a exemplo do que dizem que vão fazer para reinstalar a comunidade cigana.
Apesar disso, nem tudo é negativo. A construção da piscina descoberta no Parque da Cidade de Paredes servirá melhor, em número de utilizadores e em facilidade de acesso, a população do concelho de Penafiel do que a de Paredes. Será um exemplo de uma obra intermunicipal.
Quem, em bom juízo, para servir a população de um concelho (Paredes) construiria uma piscina ao ar livre no extremo desse concelho?
Pasmemo-nos, junto á linha férrea, que serve seguramente melhor os habitantes Novelas, Penafiel, Guilhufe ou Irivo e tantas outras do que servirá os moradores nas freguesias de Vilela, Rebordosa, Lordelo, Sobrosa e quase todas as outras do concelho de Paredes.
Será uma obra “à Almeida” como o próprio, nestes termos, assim se costuma orgulhar. Por nós, donde quer que sejam, serão sempre bem-vindos todos os quiserem e puderem frequentar a piscina, mas não nos convencem de que com isto servem o concelho de Paredes. Aliás, tendo em conta os benefícios de que o concelho de Penafiel irá usufruir com a piscina a céu aberto feita com o dinheiro dos munícipes de Paredes, seria até de bom tom que Antonino de Sousa, presidente da câmara de Penafiel, agradecesse pessoalmente ao seu homólogo de Paredes e até lhe ficaria bem comparticipar financeiramente na obra que o executivo de Alexandre Almeida decidiu ali construir.
E porque não nos concentramos na desconstrução, só poderíamos concluir que, se fosse, e não é, uma prioridade para o concelho de Paredes, a piscina municipal ao ar livre nunca estaria a ser edificada ali. Só uma maior centralidade em relação ao território do concelho de Paredes ajudaria a dar alguma razão a esta necessidade inventada.
E havia ainda uma última solução. Talvez esta justificasse mais a construção. Bastava que a construíssem junto à velhinha e sempre cheia piscina coberta da cidade com ambivalência: ao ar livre no verão e coberta nos outros meses do ano como, aliás, acontece, em muitos dos concelhos que têm praias próximas.
E porque assim não é ficaremos sempre na dúvida sobre as razões escondidas que terão levado Alexandre Almeida a destruir o Parque da Cidade.
Os paredenses não são masoquistas, muito menos estúpidos. Venha o progresso! STCP, piscinas, saneamento público, gás natural, passeios (a N 15 é uma desgraça e péssima imagem de há muitos anos) superficies comerciais, imobiliário, tudo faz falta a um concelho pobre em tudo, na cauda da Área Metropolitana do Porto, mas com muito potencial perante um Valongo populacionalmente esgotado.
Altere-se o paradigma.
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