Com pompa, circunstância e jactância, quiçá interrompendo as férias, o executivo municipal arregaçou as mangas e toca de encher as já abarrotadas páginas oficiais da autarquia com mais um punhado de fotografias anunciando a primeira pedra daquela que virá a ser a futura piscina municipal ao ar livre no concelho de Paredes.
Sem grandes delongas nem milongas, sem nos questionarmos sobre a necessidade ou a prioridade da obra, sobre os custos inicialmente apresentados e agora inflacionados, sobre tudo o que nos irrita e indigna concentremo-nos apenas num facto: a localização da obra.
É triste sina do concelho de Paredes que os seus autarcas, uma vez eleitos, em vez de dar curso às promessas eleitorais, iniciam imediatamente a destruição do que são as obras mais válidas dos seus antecessores.
O momento do lançamento da “primeira pedra” da chamada piscina ao ar livre é, talvez, o momento menos edificante das últimas dezenas de anos sobre esta realidade.
Dissemos atrás que neste artigo nos debruçaríamos apenas sobre a localização da dita piscina municipal.
A questão que se nos colocou foi esta: porquê ali?
Não há no concelho um espaço ainda não edificado onde coubesse este equipamento?
É necessário destruir o Parque da cidade, já de si pequeno, se comparado com a dimensão da cidade e do concelho, ou se comparado com o tamanho e a beleza das zonas verdes e de lazer dos concelhos vizinhos?
Não era preferível construi-la complementando a piscina coberta mais antiga, mas ainda a de maior utilização e utilidade do concelho?
A solução para a construção de uma piscina nova, de utilização sazonal, devia, podia, justificava a destruição, agora quase completa, do já de si pequeno Parque da Cidade de utilização permanente?
Ou seja, não podiam acoplar e potenciar as capacidades da piscina coberta já existente e incapaz de dar resposta às necessidades da população crescente, ao ar livre no Verão e coberta no resto do ano, como acontece em municípios onde primeiro se faz o planeamento e só depois se executam as obras?
Diz-se que há imagens que valem por mil palavras. Nós diríamos que há fotografias que denunciam as intenções obscuras de quem as exibe.
A imagem da planta anexa, em vez de mostrar a grandiosidade da obra, como era pretensão enganadora de Alexandre Almeida, evidencia apenas mais um erro quase criminoso: a destruição completa do já de si pequeno Parque da Cidade.
Aliás, se o executivo municipal tivesse como intenção preservar e aumentar a mancha verde que, apesar de tudo, tão bem serve a cidade e os seus habitantes, tê-lo-ia ampliado até às margens do Rio Sousa, tão esquecido e maltratado, e nunca teria escolhido fazer ali um parque de estacionamento.
Contudo, não será tudo negativo. O interesse legitimo, embora pouco crível, que a autarquia coloca na comunidade cigana que, como se sabe e vê, aumenta todos os dias, e dado que Alexandre Almeida nunca propôs, como vereador ou presidente, a construção de um simples equipamento que melhorasse as condições de higiene ou de saúde dos membros dessa comunidade, dar-lhe-á, desta vez, a possibilidade de franquear as portas da nova piscina ao ar livre, facilitando-lhes assim um espaço onde poderão tomar banho sempre que quiserem ou precisarem. À entrada, para além do álcool gel e das máscaras necessárias, poderá oferecer pedaços de sabão azul. É o que nós mais usamos, sobretudo em tempo de pandemia.
Este assunto não se resume à localização do equipamento. Dá pano para mangas. Como o texto já vai longo, vamos esticá-las num próximo artigo.