José Pinto, motociclista de Penafiel com 74 anos de idade, é um um verdadeiro apaixonado pelas motos, conhecido no circuito do motociclismo, sendo uma referência para muitos pilotos actuais e do passado.
Apesar da idade, o piloto que reside em Paredes há vários anos, vai competir no Grande Prémio Paredes Road Race 2018 que se realiza dia 8 de Julho, no Parque da Cidade de Paredes. O evento desportivo irá contar com mais de 50 pilotos e integrar três corridas: uma prova direccionada às motas vintage que fizeram as delícias de muitos aficionados do desporto das duas rodas e trouxeram muitos fãs da modalidade, outrora, ao Campo da Feira, e duas corridas de 50 e 85 cc.
Ao Verdadeiro Olhar, o septuagenário confessou ser uma presença habitual neste tipo de competições, um apaixonado pelo desporto motorizado, pelo que encara a prova de dia 8 de Julho como sendo mais um desafio à sua já longa carreira. José Pinto vai competir na categoria de 85 cc.
“É mais uma competição que quero fazer. É mais um desafio entre muitas que me proponho fazer e mais uma competição entre muitas realizadas quer em Portugal quer no estrangeiro. Só em Portugal fiz mais de 20 corridas e em Espanha participei numa corrida em Jerez de la Frontera. Foi uma prova que me marcou por ser diferente das anteriores e por ter contado com um número invulgar de pilotos, mas, também, pela visibilidade que me deu”, disse, salientando que este é mais um desafio para si e uma prova de que a idade e as limitações físicas não são obstáculo para se fazer o que mais se gosta.
“Já fui operado quatro vezes ao estômago, tenho problemas numa das mãos, mas isso não me impede de competir e de terminar as provas. Procuro dar sempre o meu melhor”, assumiu.
“Nasci por cima de uma oficina de motos e comecei a andar de motos tinha apenas cinco anos de idade”
Falando da sua paixão pelos veículos de duas rodas, revelou que com apenas cinco anos de idade sentou-se em cima de uma motorizada, um gesto que viria a repetir mais vezes pela sua vida fora e que fez crescer em si a paixão pelos desportos motorizados.
“Nasci por cima de uma oficina de motos e comecei a andar de motos tinha apenas cinco anos de idade. Apesar de ser uma criança já punha o pé no pedal. O meu pai tinha uma oficina de conserto de motos e uma coisa levou à outra, tanto assim é que além de competir tenho, hoje, uma oficina de motos em Paredes”, afirmou.
José Pinto, aos 15 anos de idade, começou a competir numa motorizada de Sachs de quatro velocidades, tendo mais tarde sido mobilizado para a Guerra do Ultramar, em Angola, regressando de novo às competições.
Questionado sobre as diferenças que caracterizam hoje o desporto motorizado das duas rodas e as corridas do seu tempo, José Pinto avançou que as diferenças são imensas, as marcas evoluíram e os veículos de duas rodas passaram a incorporar outros dispositivos que tornam este desporto único e apaixonante. “As motos de hoje em dia nada têm a ver com as motorizadas do meu tempo, são muito mais velozes, evoluíram de uma forma significativa, atingem velocidades impensáveis. Por outro lado, no meu tempo os veículos não tinham a segurança que têm hoje”, revelou.
Das muitas provas que fez, José Pinto realçou que a que mais o marcou foi uma em Vila Real, uma prova europeia, em que obteve o terceiro lugar. “Esta prova efectivamente marcou-me porque foi uma competição à escala internacional. Não é que as que fiz em Portugal não me tenham marcado, mas esta como foi à escala europeia ficou-me na memória. Uma prova com outra visibilidade”, confessou, sustentando de competiu várias vezes no circuito do Estoril, tendo obtido vários segundos lugares.
“O circuito do Estoril é, também, um circuito mítico e inesquecível para qualquer piloto. É um circuito diferente onde compete a nata fina do desporto motorizado. É um outro patamar”, atestou, acrescentado que competiu, também, em Vila do Conde, Caldas das Taipas, Mirandela, Valpaços, Esposende, Barcelos, Baião entre outras localidades.
Na região, além de Paredes e Penafiel esclareceu que foi na Aparecida, em Lousada, que fez a sua primeira prova, não a tendo concluído devido a uma avaria. “Fiz várias vezes a Aparecida e continuo a fazer. É um circuito sobejamente conhecido com tradição e com muitos aficionados. Curiosamente, a última prova que fiz na Aparecida foi no ano passado. A prova não terminou, também, devido a um acidente”, atestou.
Sobre o piloto que mais aprecia na actualidade, José Pinto ressalvou que Miguel Oliveira é o melhor motociclista nacional, sendo um piloto com potencial, humilde e que vai dar ainda muitas alegrias à modalidade e aos portugueses. “Só espero que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o condecore à semelhança do que já fez com outros atletas”, acrescentou.
Falando da organização desta o G.P. Paredes Road Race 2018, Jorge Pinto ressalvou que esta iniciativa é uma mais-valia para a cidade, o concelho e para a economia local. “Quero dar os meus parabéns à organização por recuperar esta prova que foi em tempos uma referência no concelho e na região e só espero que possa continuar a ser incrementada nos próximos anos, com mais pilotos, dando a oportunidade aos pilotos de Paredes de competir com outros e provarem do que são capazes”, declarou.
“A segurança é para nós fundamental, para isso serão ConstruÍdas as lombas e será colocada uma vedação em todo o circuito”
O responsável pela organização, Narciso Andrade, defendeu que a escolha do Parque da Cidade para local da prova, onde vai ser criado um circuito, foi devidamente ponderada, tendo sido escolhida pelo seu enquadramento e por ser o espaço que reúne as melhores condições para a realização deste tipo de competição.
Narciso Andrade esclareceu, também, que a organização irá apostar nas condições de segurança para garantir que nada de anormal suceda salvaguardando os pilotos e os próprios espectadores. “A segurança é para nós fundamental, para isso serão construídas as lombas e será colocada uma vedação em todo o circuito”, atestou.
Aos jornalistas, o responsável pela organização da prova recordou que desde os anos 80 que Paredes deixou de realizar este tipo de competição, sendo objectivo da organização fazer regressar os desportos motorizados ao concelho, promover a cidade e envolver os comerciantes neste tipo de eventos.
O evento tem cariz solidário, com entrada simbólica de três euros, com a receita angariada a reverter para os Bombeiros Voluntários de Paredes, instituição que tem 134 anos.
A prova irá integrar vários escalões de diferentes escalões etários. Além das motos de maior cilindrada, haverá uma corrida para as motos chamadas vintage e que fizeram as delícias de muitos aficionados do desporto das duas rodas. “É uma forma das pessoas reviveram esse tempo e terem a oportunidade de verem essas corridas que cá existiram”, asseverou.
“Este grande prémio será uma mais-valia para a cidade, para o comércio local para a economia do território e com condições para continuar a ser desenvolvido”
O vereador do Desporto, Paulo Silva, relevou que a realização deste Grande Prémio Paredes Road Race vai permitir reavivar as memórias desta corrida e irá trazer à cidade inúmeros apaixonados das motos.
“Durante muito tempo Paredes foi conhecida pela dinâmica que este tipo de eventos tinham na cidade, no concelho e até na região, tendo sido realizada no Largo da Feira. E por isso quisemos abraçar abraçar este projecto, apoiando um evento carismático que obviamente terá outras regras e decorrerá noutro local”, vincou, reiterando que o concelho de Paredes é por tradição um município com muitos fãs dos desportos motorizados e inúmeros praticantes seja de motociclismo seja de automobilismo.
O responsável pelo Desporto manifestou, ainda, que o município e os agentes da sociedade civil em articulação com os comerciantes locais têm condições e massa crítica para continuar a promover este evento.
“Temos condições para que estes tipos de provas se possam fazer mais vezes. Há que dar oportunidade à sociedade para organizar este tipo de eventos e estou certo que com o nosso apoio este grande prémio será uma mais-valia para a cidade, para o comércio local para a economia do território e com condições para continuar a ser desenvolvido”, garantiu, acrescentando que o evento irá acontecer uma semana antes das Festas de Paredes e será um arranque diferente desta festividade.
Paulo Silva atalhou, também, que esta competição tem a particularidade de juntar várias gerações de pilotos.
“É uma oportunidade de ver o senhor José Pinto que marcou uma geração de pilotos e estou grato por vê-lo competir com outros atletas mais jovens”, anuiu, confirmando que o executivo tem já programadas outras iniciativas no âmbito do desporto motorizado que pretende implementar a curto prazo de forma a projectar o território e a consolidar alguns dos eventos que potenciaram o nome da cidade noutros tempos, conferindo-lhe uma nova dinâmica.
O G.P. Paredes Road Race 2018 terá um circuito de 1.900 metros montado no Parque da Cidade. A apresentação da prova contou com a presença de José Soares, piloto da Team Racing Soares, do presidente e do comandante dos Bombeiros de Paredes, Mário Sousa e José Luís Morais, respectivamente.