Naquele que é o ano do 15.º aniversário do Verdadeiro Olhar, mantemos uma das nossas tradições: destacar as Figuras e os Factos que mais marcaram a região no ano de 2021.
Em oito categorias, damos a conhecer projectos sociais pioneiros, actividades culturais que dinamizam o território, jovens que se destacam, empresas que dão exemplo, clubes com bons resultados desportivos, mas também solidários, desportistas que brilham no país e fora dele… No fundo pessoas e entidades que levaram mais alto o nome da região. Não deixamos também de realçar os acontecimentos que marcaram o ano e os políticos da região.
Como é habitual, atribuímos ainda a nossa maior distinção, o título de Personalidade do Ano 2021. E, desta vez, consideramos meritório destacar o ano de ouro de Abel Ferreira, treinador de futebol natural de Penafiel que fez história no Brasil (por duas vezes) enquanto técnico do Palmeiras, sagrando-se bi-campeão da Taça Libertadores e conquistando uma Taça do Brasil. Um verdadeiro embaixador de Penafiel, e da região, além-fronteiras.
De jogador que pensou em desistir a treinador depois de uma lesão
Foi preciso Abel Ferreira atravessar o Oceano Atlântico, qual descobridor de outros tempos, não para descobrir, mas para mostrar, no Brasil (e a todo o mundo), o seu potencial enquanto treinador.
Podíamos descrever a história do menino que sonhou e venceu, mas talvez os pés na terra e humildade que caracterizam o técnico penafidelense até já o tenham levado mais longe do que o que algum dia imaginou.
Abel Fernando Moreira Ferreira nasceu em Penafiel a 22 de Dezembro de 1978 (tem 43 anos de idade).
Iniciou a formação no Futebol Clube de Penafiel aos 10 anos, o primeiro clube pelo qual haveria de jogar, tendo subido a sénior em 1997. Reza a história que até pensou em desistir. Mas seguiu-se uma carreira de jogador como lateral direito.
Do Penafiel saltou para o Vitória de Guimarães (em 2000), onde conciliou o futebol com o curso de Educação Física. Passou depois pelo Braga e pelo Sporting, tendo, ao serviço dos leões, conquistado duas Taças de Portugal e duas Supertaças Cândido Oliveira.
Acabaria por terminar a carreira em Alvalade, aos 32 anos, em 2011, devido a uma lesão no joelho direito.
Seguiu-se o início da carreira de treinador, nos Juniores do Sporting, tendo conquistado o título de campeão nacional do escalão. No futebol sénior, treinou o Braga B, o Braga e o PAOK da Grécia, antes de rumar ao Brasil.
Já nos primeiros tempos de treinador era claro quanto às suas ideias e sobre como se alcança o sucesso: “a estrela é a equipa”, “comigo vamos ganhar todos e perder todos” ou “não há bons treinadores sem bons jogadores”.
É descrito por várias personalidades ligadas ao mundo do futebol como alguém “humilde”, “ambicioso”, “exigente”, “metódico”, “de convicções”, “de carácter forte” e “com forte ligação à família e amigos”.
Chega ao Palmeiras em Outubro de 2020. “Atravessei o Atlântico para trabalhar, ganhar, ajudar a estrutura e os jogadores a crescer, não para conhecer a cidade. É minha missão”, avisou quando assinou pelo clube.
Fazer história do outro lado do Atlântico
Começou o ano de 2021 a fazer história. Estávamos em Janeiro quando conquistou a Taça Libertadores da América ao serviço da equipa do Palmeiras. Foi o segundo técnico português a alcançar este feito, depois de Jorge Jesus, no Flamengo. Abel Ferreira, que reside em Lousada, é ainda o primeiro treinador português da história do Palmeiras.
Este foi o primeiro grande título da sua carreira enquanto treinador. Que lhe valeu desde logo um reconhecimento da Câmara Municipal que o tornou cidadão honorário ao conceder-lhe a Medalha de Ouro do Município.
Menos de dois meses depois estava a celebrar-se a vitória de Abel Ferreira e do Palmeiras na Taça do Brasil. Foi o primeiro treinador estrangeiro a elevar este troféu.
Por ter “prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores”, o penafidelense foi logo de seguida condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Ordem do Infante D. Henrique, um reconhecimento nacional.
Numa visita a Penafiel, onde foi recebido na Câmara Municipal, mostrava-se humilde e lembrava os tempos de juventude no concelho onde se formou como atleta e como homem. “Uma vez do povo, para sempre do povo”, afirmou, dizendo-se penafidelense de gema e atribuindo os seus sucessos a uma soma das vivências e experiências, enquanto jogador e agora treinador. Por isso, atribuía estes reconhecimentos ao “trabalho de muitos”: “Sinto que estava a representar todos aqueles que me ajudaram a ser aquilo que sou hoje, desde a família, amigos, jogadores, presidentes, treinadores da formação… Isto é o trabalho de muitos e eu sou fruto das minhas experiências e vivências e represento cada um deles”.
Havia de terminar o ano também em grande. Conquistou, pela segunda vez consecutiva, a Taça Libertadores de futebol, no comando técnico dos brasileiros do Palmeiras. É a maior competição sul-americana. Mais um feito histórico para Abel Ferreira, que foi o primeiro treinador a participar em duas finais seguidas da Taça Libertadores.
Tem criado um forte impacto no Brasil pela forma como pensa e treina. É tratado pelos adeptos como “o professor”.
Prova de sucesso é que o clube brasileiro já confirmou que vai arrancar 2022 com um aumento do ordenado, num reconhecimento ao trabalho desenvolvido.
Parece-nos que Abel Ferreira é um exemplo em termos desportivos, podendo inspirar os mais jovens a sonhar com altos voos. É também uma fonte de prestígio para o concelho de Penafiel e para toda a região, cujo nome levou até ao Brasil.
Conheça os premiados das outras categorias: