Fazer um balanço e distinguir aqueles que mais marcaram o panorama regional no ano que agora terminou é um hábito que o Verdadeiro Olhar mantém desde o início.
O difícil é, como sempre, escolher entre os inúmeros projectos sociais e culturais, exemplos empresariais e de empreendedorismo, campeões individuais e clubes que acumulam títulos, políticos com grandes e pequenos projectos, acontecimentos que marcaram a região ou jovens que se destacam dentro e fora do país.
Também não é fácil eleger alguém como Personalidade do Ano. Em 2018, atribuímos, mais uma vez, esse título a Rosário Machado, directora da Rota do Românico.
Apaixonada pelo projecto e pelo território
Destino, sorte… Quis talvez a vida que Rosário Machado se tornasse no rosto da Rota do Românico e uma das grandes responsáveis pelo caminho que o projecto percorreu até aos dias de hoje.
Criado em 1998, no seio da Valsousa – Associação de Municípios do Vale do Sousa, desde cedo que a primeiro Rota do Românico do Vale do Sousa, com apenas 21 monumentos, até à posterior Rota do Românico, com agora 58 elementos patrimoniais, quis afirmar-se como um projecto âncora da região, promovendo o desenvolvimento através do turismo do território tendo por base um património com cerca de mil anos. Nestes 20 anos, a ideia conquistou vários prémios trouxe vários milhares de visitantes à região.
Rosário Machado, nascida em Lisboa, licenciada em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e com pós-graduações em Gestão de Centros Urbanos e em Turismo, Ordenamento e Gestão do Território, além de um Curso de Gestão Pública na Administração Local, entre outros, entrou na Valsousa em 2001, como coordenadora do Gabinete de Apoio Técnico e Desenvolvimento. Esteve envolvida na concepção e desenvolvimento de vários projectos, designadamente o Vale do Sousa Digital e a Rota do Românico do Vale do Sousa. E, em 2006, seria nomeada directora da Rota do Românico.
Autora de vários artigos sobre a temática do desenvolvimento regional, património, cultura e turismo, Rosário Machado tornou-se numa das mais defensoras do projecto. Nas suas intervenções públicas em congressos, conferências ou em entrevistas a diversos órgãos de comunicação social, nacionais e internacionais, o seu conhecimento sobre o românico transparece em cada palavra. A sua paixão sobre o projecto, e pelo território onde não nasceu, mas que fez seu, também.
Elogia os autarcas e fala em trabalho de equipa
Ainda assim, Rosário Machado não puxa a si o sucesso. Elogia a coragem dos autarcas do passado e actuais em investir num projecto que é de longo-prazo e o trabalho de uma equipa pequena, mas que “veste a camisola”. “Ao contrário do que muita gente pensa, o que faz um bom projecto são as pessoas que nele trabalham. Um dos grandes factores de sucesso da Rota do Românico é que tem uma excelente equipa”, disse recentemente em entrevista ao Verdadeiro Olhar.
Os frutos deste trabalho de anos vão-se traduzindo em números. Os de 2018 ainda não foram revelados, mas em 2017, cerca de 9.000 pessoas, em 204 grupos organizados, visitaram os 58 monumentos da Rota do Românico, num aumento 20% face ao ano anterior e um recorde de visitas no que toca a grupos organizados registados pela Rota. De salientar que estes 9.000 visitantes corresponderão a cerca de 30% do total de visitas a estes monumentos, já que de fora destas contas ficam os milhares de visitantes que procuram os monumentos de forma autónoma e as visitas escolares.
Também, segundo dados revelados no ano passado, entre 2011 e 2018 foram realizadas 600 actividades lúdico-pedagógicas no âmbito do programa de educação patrimonial da Rota, envolvendo mais de 17 mil alunos e mais de 1.000 docentes.
No ano em que comemorou os 20 anos de existência, o projecto viu abrir portas o Centro Interpretativo do Românico, em Lousada. Um edifício que “fala” e transmite a ideia do que é o românico por dentro e por fora. Tem uma arquitectura com referências ao estilo românico, desde a porta de arco de volta perfeita às sete torres, que simbolizam os sete pilares da igreja, e às semelhanças com um burgo com várias ruas cruzadas, até às seis salas que falam do território, da sociedade medieval e da componente artística e arquitectónica. Já atraiu visitantes este ano e a Rota espera que se transforme no ponto de partida para descobrir os monumentos no território.
Em 2018, a Rota viu ainda o seu valor novamente reconhecido ao ser distinguida com o terceiro lugar dos prémios “Destino de Turismo Cultural Sustentável 2018”, na categoria “Paisagens Culturais”, atribuídos pela Rede Europeia de Turismo Cultural. Trata-se de um galardão que pretende reconhecer a excelência dos destinos turísticos culturais que se destacam pelas experiências proporcionadas aos visitantes, respeitando as tradições, o envolvimento das comunidades locais e o desenvolvimento de iniciativas sustentáveis e responsáveis de turismo cultural.
Rosário Machado não fez nada disto sozinha. Não. Mas falar da Rota do Românico é, indiscutivelmente, falar de Rosário Machado. Os autarcas passaram, as equipas mudaram, e Rosário Machado é o elemento que persiste neste projecto ambicioso que continua a querer ser, cada vez mais, um motor de desenvolvimento do território.
“Cada dia que passa vejo a Rota do Românico com muito mais futuro do que no dia anterior”, afirmou em 2018 sobre os 20 anos do projecto. Crendo que os projectos são marcados pelas pessoas, nós também acreditamos que há futuro.
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