Por estes dias tenho acompanhado os Jogos Olímpicos, como presumivelmente a maioria da população. É provavelmente o maior evento mundial em que podemos viver para além dos conflitos, diferenças nacionais, ideológicas e religiosas. Estão representados todos os países e nos deste ano até um grupo de refugiados dos que inundam a Europa. Os Jogos Olímpicos é um dos poucos espaços em que a humanidade se encontra consigo mesma.
Sempre que algum atleta se destaque de forma significativa dos restantes, tenho por hábito procurar saber mais sobre esse atleta. Foi o que fiz relativamente a três que têm tido prestações fenomenais: Usain Bolt, Michael Phelps e Simone Biles.
Quanto ao primeiro, descobri que o atleta jamaicano desafia as leis da física. Ora, os seus 1,95m de altura e os 95kg de peso, teoricamente, não lhe permitiriam estar numa fase final dos 100 metros. No entanto, o atleta não só chegou à fase final como ainda conseguiu o lugar mais alto do pódio por três vezes consecutivas. Já agora, se quiser saber como é correr à velocidade de Bolt, entre no seu carro, arranque e acelere até chegar aos 44km/h. É essa a velocidade de corrida de Usain Bolt.
Quanto aos outros dois, mais do que as qualidades físicas e o número de medalhas, têm em comum a fé.
Michael Phelps ganhou mais medalhas do que qualquer outro atleta na história dos Jogos Olímpicos. O que provavelmente não sabe é que há dois anos este atleta “bateu no fundo”. Entrou em depressão, consumiu drogas e álcool e quase cometeu o suicídio. Depois de um sucesso estrondoso nos Olímpicos de 2012, que o tornou adorado por vários, numa espécie de “deus Phelps”, o ser humano Phelps entrava numa espiral depressiva, e chegou mesmo a afirmar, na altura: “Eu não tinha auto-estima. Não via o meu próprio valor. Só pensava que o mundo ia ficar melhor sem mim. Achava que a melhor coisa que eu podia fazer era acabar com a minha vida“. Entretanto, foi internado para tratamento e um atleta amigo ofereceu-lhe um livro que falava sobre a vida e a fé. O certo é que Phelps mudou a sua vida e acabou por partilhar o livro com outros pacientes do centro de recuperação. Michael Phelps, que devido ao divórcio dos pais não tinha contacto com o pai desde os nove anos, aproximou-se do pai, pediu a namorada em casamento, que está marcado para depois do Jogos Olímpicos, e voltou a ser um atleta de excelência, acreditando que a recuperação e a valorização da família foram consequência da sua recém-descoberta da fé cristã.
Simone Biles é o novo fenómeno olímpico. No momento em que escrevo este texto, a ginasta americana já conseguiu quatro medalhas de ouro e uma de bronze. Tudo isto na sua primeira participação neste tipo de competição. A atleta americana apresenta um nível de excelência na ginástica artística equivalente a nada menos do que o de Michael Phelps na natação, ou de Usain Bolt no atletismo. Para se ter uma ideia, Simone ganhou todos os últimos quatro títulos norte-americanos e os últimos três mundiais. De 2013 até aos Jogos Olímpicos, atingiu o recorde de 14 medalhas no Campeonato Mundial, sendo dez de ouro. Desde Agosto de 2013 que não perde uma única competição.
Há uns dias, a revista americana “Us” pediu-lhe que esvaziasse o seu saco de ginástica, na esperança de encontrar alguma pista secreta para o seu sucesso, mas nada foi considerado extraordinário, à excepção, talvez, de um terço branco. Questionada sobre se era um amuleto, Simone Biles explicou: “O terço não é para rezar antes das competições, é para rezar no dia-a-dia”. E aproveitou ainda para dizer que vai regularmente à missa e que supera os seus medos com a fé.