O PSD de Penafiel encomendou um estudo ao IPOM – Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado, para testar vários cenários eleitorais para as eleições autárquicas de 2025. O estudo, realizado entre os dias 20 e 27 de janeiro, foi depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e o VERDADEIRO OLHAR teve acesso aos seus resultados.

O estudo surge num contexto político particularmente tenso no concelho. Há muito que é pública a rutura entre o atual presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Antonino de Sousa, e a Comissão Política Concelhia do PSD, partido que integra a coligação que governa o município há mais de duas décadas.

O VERDADEIRO OLHAR sabe que, embora a formalização oficial ainda não tenha ocorrido, a vontade expressa tanto pela Comissão Política Concelhia como pela Comissão Política Distrital do PSD é de que o candidato da coligação seja Alberto Santos, atual presidente da Assembleia Municipal e ex-presidente da Câmara. No entanto, as movimentações de Antonino de Sousa têm demonstrado que o autarca não aceita essa decisão e continua a tentar condicionar a escolha do partido.

O golpe de cena de Pedro Cepeda

O momento mais controverso aconteceu há uma semana, quando Pedro Cepeda, atual vice-presidente da Câmara Municipal de Penafiel e um dos mais próximos aliados de Antonino de Sousa, convocou uma conferência de imprensa para anunciar que está “disponível para ser candidato” à presidência do município.

Apesar de o evento ter sido promovido como um momento decisivo, na prática, Cepeda não anunciou qualquer candidatura, não esclareceu se avançaria como independente ou dentro do partido e limitou-se a manifestar a sua disponibilidade.

O momento não passou despercebido no seio do PSD. A apresentação aconteceu apenas alguns dias depois de o partido ter realizado o estudo e dois dias depois de uma reunião entre o presidente da Comissão Política Distrital, o presidente da concelhia, Alberto Santos, e Pedro Cepeda, onde ficou clara a decisão do partido: o candidato da coligação será Alberto Santos.

Uma fonte do PSD disse ao VERDADEIRO OLHAR que “esta apresentação pública não foi mais do que uma iniciativa de Antonino de Sousa que, instrumentalizando Pedro Cepeda, tenta a toda a força condicionar a escolha do partido”.

Alberto Santos domina na notoriedade

Os resultados do estudo realizado pelo IPOM – Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado, a pedido do PSD de Penafiel, revelam diferenças significativas na notoriedade dos três principais nomes avaliados: Alberto Santos, Pedro Cepeda e Paulo Araújo Correia.

Os números demonstram que Alberto Santos, ex-presidente da Câmara Municipal de Penafiel e atual presidente da Assembleia Municipal, é de longe a figura política mais reconhecida entre os inquiridos. 87,7% dos participantes afirmam conhecê-lo. Esta elevada notoriedade pode ser explicada pelo longo percurso político de Alberto Santos, que liderou os destinos da autarquia durante 12 anos e manteve presença ativa na vida política do concelho, agora como presidente da Assembleia Municipal.

Pedro Cepeda, atual vice-presidente da Câmara, regista uma notoriedade de 53,8%, ou seja, quase metade da população conhece o seu nome diretamente. Outros 15,2% já ouviram falar de Cepeda, mas sem o identificar claramente, enquanto 27,3% não o conhecem e 3,8% nunca ouviram falar dele.

Os números indicam que, apesar da sua posição como número dois do executivo municipal, Cepeda ainda não consolidou a sua imagem como um nome de grande peso político no concelho.

O terceiro nome testado, Paulo Araújo Correia, candidato do Partido Socialista, apresenta a menor notoriedade dos três candidatos analisados. Apenas 28,2% dos inquiridos dizem conhecê-lo diretamente, e 16,9% já ouviram falar do seu nome, mas sem identificá-lo claramente. Por outro lado, 36,3% afirmam que não o conhecem e 18,6% nunca ouviram falar dele.

A quem compravam os penafidelenses um carro usado?

O estudo do IPOM procurou avaliar a confiança dos eleitores perguntando a quem confiariam para comprar um carro usado.

Alberto Santos surge como o nome que inspira maior confiança, com 43,5% dos inquiridos a indicarem que prefeririam comprar um carro usado a ele. Pedro Cepeda aparece em segundo lugar, mas com um resultado bastante inferior (13,5%), revelando um nível de confiança significativamente menor. Paulo Araújo Correia é o candidato com menor credibilidade entre os três, com apenas 3,8% dos inquiridos a indicarem que confiariam nele para esta transação. Um dado interessante é que 20,5% das pessoas afirmam que não confiariam em nenhum dos candidatos.

A diferença de 30 pontos percentuais entre Alberto Santos e Pedro Cepeda confirma uma clara vantagem do primeiro na perceção de confiança. A baixa pontuação de Paulo Araújo Correia pode indicar um menor reconhecimento ou uma menor credibilidade política junto do eleitorado.

No contexto político, a escolha de alguém para a compra de um carro usado é uma métrica simbólica, associada à credibilidade, seriedade e confiança. Estes resultados reforçam a ideia de que Alberto Santos, além de ser o mais conhecido, é também visto como o mais confiável entre os nomes avaliados.

Se tivessem de tomar café ou almoçar com um dos candidatos, com quem o fariam?

Num dos indicadores analisados neste estudo, foi colocada aos inquiridos uma questão simbólica, mas reveladora do nível de proximidade e confiança que têm nos três principais nomes em estudo: “Se tivesse que convidar um deles para almoçar ou tomar café, quem convidaria?”

Os resultados mostram diferenças claras na perceção pública de cada um.

Alberto Santos lidera com uma margem expressiva, sendo o mais escolhido pelos inquiridos, com 54,2% das preferências. Pedro Cepeda surge em segundo lugar, com 26,6% das escolhas. Paulo Araújo Correia, vereador do PS e principal figura da oposição, é o menos escolhido, com 19,2%.

Este indicador mostra que Alberto Santos tem uma vantagem clara em termos de confiança e proximidade com os eleitores, algo que poderá ser crucial numa futura corrida eleitoral. Pedro Cepeda mantém uma base de apoio considerável, mas sem atingir os mesmos patamares do ex-presidente. Paulo Araújo Correia, enquanto líder da oposição, ainda tem um caminho a percorrer na conquista da confiança dos eleitores penafidelenses.

Se a notoriedade já colocava Alberto Santos na frente, este indicador reforça que é também a figura com maior capital de confiança entre os três analisados.

Qual dos três candidatos acreditam os penafidelenses ser o mais competente para governar o Município?

O estudo do IPOM avaliou a perceção dos eleitores sobre qual dos candidatos é mais competente para gerir a Câmara Municipal de Penafiel.

Alberto Santos lidera com folga a perceção de competência, sendo escolhido por 53,1% dos inquiridos. Pedro Cepeda surge bastante distante, com apenas 15,2%, o que revela uma falta de confiança da maioria dos eleitores na sua capacidade para liderar o município. Paulo Araújo Correia tem um desempenho ainda mais modesto, sendo apontado por apenas 7,8% como o mais competente.

A vantagem de Alberto Santos neste indicador é bastante expressiva, superando a soma dos outros dois candidatos juntos. A diferença para Pedro Cepeda é de quase 38 pontos percentuais, o que demonstra uma grande disparidade na perceção de competência entre os dois. Já Paulo Araújo Correia confirma a sua menor relevância na disputa, ficando abaixo dos dois dígitos.

Este resultado reforça a ideia de que Alberto Santos é visto como o mais preparado para governar, enquanto sugere que Pedro Cepeda não conseguiu afirmar-se como uma verdadeira alternativa e que Paulo Araújo Correia continua sem grande impacto na disputa.

E se a disputa fosse apenas entre Alberto Santos e Paulo Araújo Correia?

O estudo avaliou a intenção de voto dos eleitores de Penafiel caso as eleições fossem realizadas no próximo domingo e apenas usando como candidatos sugeridos Alberto Santos e Paulo Araújo Correia.  Os resultados apontam uma vantagem clara de Alberto Santos, candidato da coligação Penafiel Quer, sobre Paulo Araújo Correia, candidato do Partido Socialista.

Alberto Santos lidera com 56,5% das intenções de voto, demonstrando uma grande vantagem sobre os adversários. Paulo Araújo Correia aparece com 15,0%, um resultado distante e que indica a dificuldade do Partido Socialista em se afirmar como alternativa em Penafiel. 7,8% dos inquiridos afirmam que votariam noutro candidato, o que mostra um nicho de eleitores que não se revê em nenhum dos dois principais nomes.

O dado mais relevante desta sondagem é o facto de Alberto Santos reunir quase o triplo das intenções de voto de Paulo Araújo Correia, o que demonstra a grande vantagem da coligação Penafiel Quer. Este resultado confirma a forte implantação eleitoral da coligação no concelho e sugere que, a manter-se esta tendência, Paulo Araújo Correia terá uma tarefa extremamente difícil para inverter este cenário.

Os eleitores indecisos e os que não responderam representam um total de 18,5%, o que pode influenciar a dinâmica da campanha. No entanto, mesmo que todos os indecisos e não respondentes optassem pelo candidato socialista, este continuaria a uma distância muito significativa de Alberto Santos.

E se Pedro Cepeda fosse candidato independente?

O estudo do IPOM revela que, caso Pedro Cepeda avançasse como candidato independente, a sua candidatura teria um impacto reduzido na distribuição de votos. Comparando este cenário com o anterior (onde apenas Alberto Santos e Paulo Araújo Correia eram testados), verifica-se que Cepeda retiraria apenas 4,1% de votos a Alberto Santos, mas esse desvio não seria suficiente para impedir a coligação Penafiel Quer de garantir uma maioria absoluta.

O dado mais relevante deste estudo é que Pedro Cepeda ficaria em terceiro lugar, atrás de Paulo Araújo Correia, reforçando a ideia de que uma candidatura independente do atual vice-presidente da câmara teria um impacto limitado. A coligação liderada pelo PSD manteria um domínio eleitoral sólido e confortável, sem que a presença de Cepeda na corrida alterasse significativamente o resultado final.

A presença de Pedro Cepeda como candidato independente confirma-se como uma tentativa de fragmentação da direita, mas os dados demonstram que essa estratégia teria um efeito reduzido no desempenho da coligação.

E se as eleições fossem no próximo domingo, em que partido ou coligação votariam?

O estudo realizado revela um cenário eleitoral ainda bastante fluido em Penafiel. Independentemente de quem sejam os candidatos, quase 30% dos eleitores ainda não decidiram o seu voto ou recusaram responder. Este é um dado particularmente relevante, uma vez que este segmento do eleitorado pode vir a ser determinante para o desfecho das eleições autárquicas.

Atualmente, a Coligação de Direita (PSD/CDS-PP), com 33,6%, surge destacada na frente, deixando o PS (Partido Socialista) a uma distância considerável, com apenas 18,8% das intenções de voto. Este cenário confirma a força tradicional da direita no concelho em eleições autárquicas, mas também indica que há um grande número de eleitores que ainda não definiu a sua escolha.

Outro ponto a destacar é a percentagem de votos no Chega (7,7%), um valor que, embora ainda distante das principais forças políticas locais, demonstra um crescimento face a eleições anteriores. Já os restantes partidos, como CDU (1,0%), Bloco de Esquerda (0,9%) e Iniciativa Liberal (0,5%), apresentam intenções de voto residuais.

Ficha Técnica Concelho de Penafiel

Esta sondagem foi realizada pelo IPOM- Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado Lda para o PSD – Penafiel, com os seguintes objetivos: Conhecer a intenção de voto de voto dos eleitores do Concelho de Penafiel, caso as eleições autárquicas fossem no próximo domingo. A População em análise é constituída pelos eleitores do concelho de Penafiel, de ambos os sexos com idades compreendida entre os 18 e 85 anos. A amostra é representativa da população em análise e é constituída por 586 eleitores que se encontram distribuídos da seguinte forma: ver tabela com distribuição do sexo, idade e freguesia. O erro de amostragem deste estudo para um nível de confiança de 95,5% é de +/- 3.4 pontos percentuais. A seleção do elemento amostral foi feita de forma aleatória com base numa lista de contatos telefónicos (moveis e fixos) para o concelho. A recolha da informação foi efetuada através do método de entrevista telefónica, tendo utilizado um questionário estruturado. A taxa de resposta foi de 72%. A recolha de informação decorreu nos dias 20,21,24 2 27 de janeiro das 15.00 as 21h. Estiveram envolvidos 7 entrevistadores que foram todos controlados através de um supervisor apoiado com sistema CATI.

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