Há 40 anos que a APADIMP – Associação de Pais e Amigos dos Diminuídos Mentais de Penafiel dá apoio a centenas de utentes das mais diversas faixas etárias.
Localizada em Penafiel, mas vocacionada para a região, a instituição tem como foco a doença mental e a sua resposta há muito não chega para as solicitações, tendo lista de espera em várias das valências.
Acima de tudo, a APADIMP procura dar aos seus utentes acesso a inúmeras actividades, sociais, culturais e desportivas, sempre numa perspectiva de inclusão. Ali os mais e menos jovens são sempre incentivados a sentir-se úteis e sobretudo felizes.
“Somos uma associação aberta a todos. A alegria é o bem máximo que tentamos dar aos utentes. Tentamos dar-lhes momentos de felicidade”, afirmam os responsáveis pela instituição.
“Damos resposta desde que as crianças nascem até ao fim da vida”
Já antes de 1980 existia num grupo de pessoas de Penafiel, alguns dos quais pais de crianças e jovens com necessidades especiais, a ideia de criar uma instituição que desse apoio à deficiência, sobretudo a mental. Nasceria no início desse ano, a 31 de Janeiro, oficialmente, a APADMCP – Associação de Pais e Amigos dos Diminuídos Mentais do Concelho de Penafiel, agora conhecida como APADIMP – Associação de Pais e Amigos dos Diminuídos Mentais de Penafiel. Passou a Instituição Particular de Solidariedade Social em 1983 e, a partir de 2000, passou a ter também “utilidade pública”.
Primeiro teve como casa o edifício onde agora existe o Arquivo Municipal de Penafiel, até que em 1996 a APADIMP se instalou em Milhundos, na ex-Quinta do Madureira, num espaço cedido pelo município penafidelense. Foi aí que fez crescer as suas instalações, com apoios de várias entidades.
Quando nasceu, a APADIMP destinava-se sobretudo a crianças e jovens com deficiência mental que não estavam inseridos no ensino regular. A unidade sócio-educativa criada à época ainda existe, ainda que com um número mais reduzido de utentes e apenas para casos mais graves.
É que houve, entretanto, “uma grande mudança”, recordam o presidente da instituição, Manuel Lopes, e a directora técnica, Cristina Malheiro. Estes jovens começaram a estar incluídos nas escolas ao invés de estarem institucionalizados.
A APADIMP foi-se adaptando a estas alterações e procurando dar as respostas necessárias à população a que se destina.
São várias as valências existentes, desde equipas de intervenção local, ao centro de recursos para a inclusão, aos Centros de Actividades Ocupacionais (CAO) e ao lar, destinados às diferentes faixas etárias. “A APADIMP responde a todas as fases da vida das pessoas com deficiência. Damos resposta desde que as crianças nascem até ao fim da vida”, acredita Cristina Malheiro. “Temos desde bebés com três meses até ao utente mais velho em lar que tem 70 anos”, dá como exemplo.
A instituição tem três CAO, direccionados a utentes com diferentes níveis de autonomia, com “lotação máxima”. “Não chegam. Existe falta de resposta para CAO no Tâmega e Sousa e a nossa resposta é insuficiente para a fila de espera que temos”, diz Manuel Lopes. Ao todo são 90 utentes de todos os concelhos da região. Têm acesso a diversas actividades culturais e desportivas, como natação, bocia, futsal, atletismo, hidroterapia, equitação terapêutica, golfe, teatro, dançoterapia, ou musicoterapia e de estimulação sensorial ou actividades de expressão plástica. “São elementos facilitadores na interacção e comunicação e no desenvolvimento a todos os níveis: biológico, psicológico e social”, diz a coordenadora técnica da instituição.
A maioria não é feita dentro das instalações da APADIMP, mas nos equipamentos municipais. “Não queremos manter os utentes fechados aqui dentro. Somos uma instituição aberta e os nossos jovens vão onde vão os outros”, adianta Cristina Malheiro. “Todas estas actividades são, em primeiro lugar, de inclusão”, admite.
Centenas de utentes abrangidos e lista de espera
Em 2008, foi criado o lar residencial porque as famílias vão envelhecendo e deixando de conseguir prestar os cuidados necessários. “Tem capacidade para 12 utentes e está cheio, com pedidos de todo o país e uma lista de espera extensa”, explica Manuel Lopes.
Há 10 anos surgiu uma reorientação para Centro de Recursos para a Inclusão (CRI), destinado aos utentes dos seis aos 18 anos. “Temos um grupo multidisciplinar e trabalhamos com 10 agrupamentos de escolas do Tâmega e Sousa”, com especialidades como terapia ocupacional e da fala, fisioterapia, psicologia e serviço social, refere Cristina Malheiro. O CRI vai ao contexto das crianças levando cuidados educativos especializados para melhorar e qualificar a resposta educativa. Há 125 utentes.
Além de apoios técnicos especializados, o CRI é responsável por desenvolver, a partir dos 15 anos dos utentes, planos de transição para a vida adulta ou vida activa. Para aqueles que têm possibilidade de integrar o mercado de trabalho são encontrados locais de estágio, perto de casa e da escola. “Há outros que não vão conseguir integrar o mercado de trabalho e vão sempre precisar de apoio de terceiros e de um CAO. Fazemos a transição para a vida adulta”, resume Cristina Malheiro.
Foi também criada uma Equipa Local de Intervenção Precoce (ELI), há dois anos, com uma enfermeira coordenadora, uma médica (Ministério da Saúde) e duas educadoras especializadas em educação inclusiva (do Ministério da Educação) e uma terapeuta ocupacional, uma terapeuta da fala, uma assistente social e uma psicóloga da APADIMP (Segurança Social). Esta equipa não actua na instituição. “Vão aos diferentes contextos em que as crianças dos zero aos seis anos estão inseridas. Vão às famílias a trabalham com eles estratégias para trabalhar com as crianças. Quanto mais cedo for a estimulação melhor”, admite a coordenadora técnica da APADIMP. A ELI dá resposta aos concelhos de Paredes e Penafiel, num total de 80 utentes.
A APADIMP é também entidade promotora de formação profissional, em parceria, tendo 12 formandos na área da agricultura social e jardinagem.
Todos os dias é realizado o transporte diário dos utentes, em parceria com as autarquias da região.
Preparada candidatura para alargar CAO e lar
“O objectivo diário é a melhoria continua na resposta aos utentes, com estrutura e equipamentos adequados”, assumem os responsáveis. Ao todo este trabalho é suportado por 70 funcionários das mais diversas áreas.
Sempre a pensar no futuro, a instituição está atenta a novas possibilidades e tem candidaturas preparadas. “Foi feita uma candidatura para apoios comunitários com vista a melhorar as condições térmicas e o isolamento, assim como substituir o telhado do edifício e colocar painéis solares, entre outras necessidades de manutenção”, diz o presidente.
Preparada está também uma candidatura para alargamento do CAO e do lar residencial para dar resposta à lista de espera de “centenas”. “Os que estão à espera são tantos como os que estão cá ou mais”, assume Manuel Lopes.
A instituição tem inúmeros projectos, um deles com a Ambisousa. “Somos uma instituição verde e amiga do ambiente. Recuperamos tudo o que é lixo e transformamos em peças de arte que vendemos. E recolhemos e separamos tampinhas para obtermos material ortopédico e terapêutico. Tudo aqui é transformado numa ocupação útil. O objectivo é mantê-los ocupados de forma útil e felizes. Também são os utentes que fazem a jardinagem”, dá como exemplo Cristina Malheiro.
Apoios eram sempre precisos mais, mas a APADIMP garante que tem muitos amigos na comunidade e que as parcerias estabelecidas são o motor da instituição.