Um é de Paredes, o outro de Penafiel. Participam em algumas das provas mais duras do mundo, na ultramaratona e no triatlo. Em comum têm o clube que integram, o Paredes Aventura Clube, e o facto de serem exemplos de superação em provas de resistência física, mas também mental. São atletas que procuram superar limites e não ganhar medalhas. Atletas para quem cortar a meta é sempre uma vitória. São atletas especiais. Conheça o Augusto Pinto Oliveira e o Pedro Ventura.
Pedro Ventura acaba de participar na maior prova de triatlo do mundo, na Alemanha, tendo percorrido 3,8 quilómetros a nadar, 180 de bicicleta e 42,2 em corrida. Não é a primeira vez que o penafidelense se lança num desafio destes. No ano passado, este engenheiro mecânico participou em prova idêntica a Northwest Triman, realizada em Espanha. O atleta dedica-se ao triatlo de longa distância há três anos.
Nesta prova da Alemanha participaram 26 portugueses entre os cerca de quatro mil atletas de 72 nacionalidades.
“Cruzar a meta é uma sensação indescritível, é o culminar de todo o esforço e de tudo o que abdicaste para ali estares”
O desporto sempre fez parte da vida de Pedro Ventura, que já competiu em várias modalidades. Mas foi na competição do triatlo de longa distância que encontrou uma forma de se superar.
Desta vez, participou no Challenge Roth, na Alemanha, depois de já ter competido, em Portugal em provas como o Triatlo Longo de Lisboa, o Gerês Grandfondo (prova de ciclismo de 160 quilómetros) e em provas de atletismo com entre 10 quilómetros à distância de meias maratonas.
Teve a sorte de conseguir a inscrição neste que é considerado o maior evento de triatlo a nível mundial – as cerca de quatro mil vagas foram preenchidas em pouco mais de um minuto. “Se seria lá ou em outro lugar não tinha muita importância, o importante mesmo era voltar a desafiar o corpo e desfrutar do que se mais gosta de fazer desportivamente”, refere o penafidelense.
O atleta de 32 anos, que representa o Paredes Aventura, nas modalidades de Triatlo, Ciclismo e Atletismo, e a ADP – Associação Desportiva de Penafiel, na Natação, terminou este desafio em 12h e 18 minutos, apesar de um furo na prova de ciclismo. “Tinha planeado fazer menos tempo, mas cada prova é uma prova e quando se fazem provas tão longas como esta muitos são os factores que podem influenciar no rendimento de um atleta”, explica.
Apaixonado pelo triatlo, Pedro Ventura garante que não há atletas perfeitos nas três modalidades e que é preciso muito treino para conseguir obter níveis de rendimento elevados. “O triatlo longo é um processo, leva tempo, muito tempo. Claro que depois entra o factor disponibilidade para treinar. Nem todos os atletas conseguem ter 12 ou 14 horas de treino semanais, mediante a vida pessoal e profissional que tem”, refere o atleta amador.
Além da questão física, há que ter uma mente forte. É a cabeça que comanda a prova. “No dia da prova, psicologicamente, é preciso ser bastante forte. É um dia longo, muita coisa pode acontecer, sabes que vais sofrer, sabes que vais ter de mandar ‘calar’ as pernas quando estas estiverem a doer, sabes bem o esforço que passaste durante meses para ali estares, sabes que tens todos a torcer por ti e é tentar contrariar o que o corpo te pede para fazer”, conta o penafidelense. “O papel do treinador é fundamental para saberes gerir tudo isso, física e psicologicamente ele treina-te para estares na melhor forma possível no dia da prova. Nesse aspecto posso dizer que sou privilegiado em poder ser orientado pelo Mestre Urbino Santos do centro de alto rendimento USELITE”, agradece. De igual forma, agradece a todos os que o apoiaram, ao clube, à família e aos patrocinadores.
Mas o esforço compensa. “Cruzar a meta é uma sensação indescritível, é o culminar de todo o esforço e de tudo o que abdicaste para ali estares”, diz Pedro Ventura que usa 10 a 15 horas da sua semana para treinar as três modalidades.
Em Outubro, o atleta vai participar noutra prova de longa distância, o Iberman, entre Portugal e Espanha.