Não há dúvida que há um sector da nossa sociedade que não consegue esconder o seu desespero. Quando foi anunciado o governo de António Costa e as suas condições de sustentabilidade, logo os velhos e novos do Restelo, do S. Caetano (PSD) e do Largo do Caldas (CDS) agoiraram que pouco duraria. A eles juntaram-se outros tantos (ou mais) comentadores e fazedores de opinião, mercenários da imprensa e TV. Desde então, os noticiários aproveitam todas as intervenções da oposição, todos os deslizes linguísticos dos membros do governo, todas as suas ações menos ortodoxas, para incendiar o ambiente político deste país que por isso nunca deixou de estar à beira de uma crise de nervos. A paz não faz audiências nem paga salários. A guerra sim, sustenta muita gente. E é disso que vivemos nos últimos tempos. Apesar de tudo, a “Geringonça”, como lhe chamou o senhor do Caldas, vai somando e acrescentando pontos. António Costa é o líder do PS, do Governo e do País. O seu governo tem sido coeso, coerente, sustentado e transparente. Não, se dermos ouvidos aos agoirentos que só encontram desgraça onde há resiliência. Muito mais se sabe deste governo do que se sabia do outro que varreu tantos problemas para debaixo do tapete ou para quem viesse a seguir. Este governo tem demonstrado que é possível melhorar as condições de vida dos portugueses sem deixar de cumprir os seus compromissos com credores e com a Europa. É um facto que este governo tem cumprido as metas que lhe estabeleceram e mesmo no défice orçamental vai deixar a Europa satisfeita. A Europa prevê 2,7%, o governo diz que consegue atingir 2,2% e se ficar em 2,5% todos ficarão satisfeitos. A diplomacia e negociação constante têm sido a base do sucesso de António Costa.
Factos são factos. Opiniões, por muito válidas que nos pareçam, não passam disso mesmo. Quantas já foram ultrapassadas pelos factos? O “achismo” está na moda e as opiniões incendiárias também.
Os políticos, da esquerda e da direita, procuram palco e emprego. Os comentadores que apregoam não serem políticos fazem política para ganhar audiências porque esse é o seu ganha-pão.
Factos são os resultados publicados pela OCDE e pela Fundação Manuel dos Santos no seu estudo “Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal”. Neste estudo ficou demonstrado que de 2009 a 2014 os pobres ficaram mais pobres e os ricos mais ricos. Acentuou-se a desigualdade, um dos indicadores civilizacionais que mede o desenvolvimento de um país. Quanto maior for o desnível de classes, maior será o nível de pobreza e a dependência económica de terceiros.
É agora um facto que que nesse período, contrariamente ao que nos foi impingido, os mais carenciados não foram poupados. A austeridade não foi progressiva mas sim regressiva.
Os cortes dos rendimentos, que abrangeram todas as classes, foram elas mesmas desiguais. De 2009 a 2014, os 10% mais ricos tiveram perdas de rendimento de 13% mas os 10% dos mais pobres sofreram perdas de rendimento de 25%. A explicação não está nos cortes dos salários e das pensões ou nos patamares do IRS. O agravamento das condições de vida deveu-se principalmente aos cortes nos apoios sociais, no rendimento de inserção social, no complemento solidário para os idosos e no subsídio de desemprego. Segundo Carlos Farinha Rodrigues que coordenou este estudo da Fundação Manuel dos Santos, um em cada três portugueses, estiveram abaixo do nível de pobreza (422 euros /mês) entre 2009 e 2014.
Este estudo teve o mérito de demonstrar que mais do que a crise financeira internacional o que mais pesou para agravamento da pobreza na nossa sociedade foi a política de austeridade “para além da troika” praticada pelo governo de Passos Coelho e da coligação PSD/CDS.
Factos são Factos. Não são opiniões.
Hoje começa a sentir-se o alívio dessa austeridade à bruta. Embora lentamente, tem diminuído a taxa de desemprego ao mesmo tempo que aumenta taxa de emprego efetivo. A recuperação dos salários vai lentamente acontecendo e em 2017 será maior. Em 2016 já se nota maior confiança no futuro e, como reflexo dessa mudança, aumentou o número de grávidas e de nascimentos.
Estes são os factos. A maior parte das notícias que enchem jornais e telejornais ou que ocupam os comentadoras políticos ou políticos comentadores, inclusive os do BE ou da CDU, são meras opiniões, muitas delas propositadamente excessivas e provocadoras.
Palavras, leva-as o vento mas quando amaldiçoadas fazem mossa e instalam dúvidas. Mas que sabem eles? Porque não deixar trabalhar quem governa e esperar para ver? O resultado avalia-se no fim. O tempo para fazer cair o governo prematuramente já passou. Gostem ou não, terão que aprender a viver com a pedra no sapato…