Na passada sexta-feira, o ex-vereador e ex-vice-presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Paulo Sérgio Barbosa, anunciou publicamente a sua intenção de se candidatar à presidência da autarquia nas próximas eleições autárquicas. A apresentação foi feita durante uma conferência de imprensa, na qual deu a conhecer a constituição do grupo de cidadãos eleitores “Unidos pelo Município de Paços de Ferreira”, estrutura que irá suportar uma candidatura independente à Câmara e à Assembleia Municipal.
No comunicado lido e distribuído aos jornalistas, Paulo Sérgio Barbosa afirmou que a decisão surgiu após “inúmeras solicitações e intensas conversas com centenas de cidadãos”, o que o levou a optar por “deixar o conforto da sua vida pessoal e regressar à vida política ativa”. Reforçou ainda que está pronto para “liderar uma equipa competente e unida, com o firme compromisso de gerir os bens públicos de forma eficaz, transparente, eficiente e capaz de tratar de modo igual todos os munícipes”.
O ex-autarca anunciou também que, nos próximos dias, irá iniciar o processo de recolha das assinaturas necessárias à formalização da candidatura. De acordo com a Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais, para que uma candidatura independente à Câmara Municipal de Paços de Ferreira seja validada, são exigidas pelo menos 1500 assinaturas. “Só haverá candidatura se houver número de apoiantes e de assinaturas que a justifique”, garantiu Paulo Sérgio Barbosa. Questionado pelos jornalistas, foi claro ao afirmar que “na lista à Câmara Municipal não haverá nenhuma pessoa que não seja independente”.
De motivos de saúde à divergência política: o verdadeiro motivo do afastamento
Figura conhecida do Partido Socialista local, Paulo Sérgio Barbosa foi presidente da Comissão Política Concelhia de Paços de Ferreira e vereador da Câmara Municipal durante vários anos, eleito pelas listas do PS. Foi também vice-presidente do município, tendo tutelado áreas como Educação, Cultura, Desporto, Proteção Civil, Museus, Oficinas e Edifícios Públicos.
Em janeiro de 2020, Paulo Sérgio Barbosa passou a exercer funções como vereador a meio tempo e, dois meses depois, em março, solicitou uma suspensão de mandato por 300 dias. O pedido foi recusado pelo então presidente da Câmara, Humberto Brito, com o argumento de que “quem não está disponível para servir a comunidade deve renunciar ao mandato”. Na altura, Paulo Sérgio Barbosa justificou a suspensão com motivos saúde e de “desgaste físico e emocional” causados pelo exercício de funções autárquicas. Agora, cinco anos depois, assume publicamente que os verdadeiros motivos foram outros: “Numa determinada altura não me revi num determinado projeto”, afirmou, numa referência à divergência política que o afastou de Humberto Brito.
Em 2019, o ambiente entre os dois autarcas tornou-se visivelmente tenso. A relação entre Humberto Brito e Paulo Sérgio Barbosa entrou em rota de colisão, num clima de crispação marcado por episódios de desautorização mútua na gestão municipal e pela oposição de Humberto Brito à nomeação de militantes socialistas para cargos municipais por parte do então vice-presidente.
Um percurso marcado pela polémica no Hospital Padre Américo
Antes do seu percurso autárquico em Paços de Ferreira, Paulo Sérgio Barbosa foi vogal do Conselho de Administração do Hospital Padre Américo. Nesse período, ficou ligado a uma das decisões mais controversas da unidade hospitalar: a introdução da cobrança pelo estacionamento de veículos dos utentes e visitantes. A medida gerou, na altura, forte contestação por parte da maioria dos autarcas dos concelhos servidos pelo hospital, que não aceitavam que, além das taxas moderadoras, os doentes tivessem de pagar para estacionar quando recorriam aos serviços de urgência ou às consultas externas.
Agora, Paulo Sérgio Barbosa tenta regressar ao centro da vida política local com uma candidatura alicerçada na independência partidária, prometendo uma gestão “com sentido de missão e proximidade” e assumindo o desafio de disputar a liderança da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.