Foi aprovado, na última Assembleia Municipal de Paredes, o reconhecimento de interesse público municipal num terreno contíguo à Rua Nova de Banja, em Gandra, onde está prevista a construção de um Hospital Veterinário da Cespu – Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário. Trata-se de um hospital escola para animais de pequeno e grande porte e com picadeiro de apoio.
A proposta explica que a acreditação do Curso de Medicina Veterinária da instituição mereceu parecer positivo mediante a apresentação de um projecto de Hospital Veterinário Universitário à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Segundo o despacho daquela entidade, emitido em Maio de 2019, a apresentação do projecto de desenvolvimento da infra-estrutura do hospital escolar para animais de companhia, os animais de produção e equinos era condição essencial, com demonstração de que se iniciou o processo de construção no prazo de um ano, “momento a partir do qual a instituição poderá admitir alunos”.
O mesmo documento refere que o objectivo da CESPU é iniciar o processo de divulgação do curso ainda este ano lectivo e iniciar o seu funcionamento em 2020/2021.
Durante a Assembleia, o presidente da Câmara de Paredes explicou que desde há meio ano para cá o município tem tido reuniões regulares com a CESPU, “que é um parceiro institucional estratégico para o concelho”.
A instituição de ensino superior é o motor de Gandra, reconhece Alexandre Almeida, dizendo que é meta da autarquia fomentar ainda mais o crescimento daquele pólo. “Vem aqui um terreno para declararmos o interesse municipal justamente para ser viabilizada a expansão do pólo universitário em Gandra”, referiu.
A CESPU, lembrou o autarca, tem uma universidade e uma escola superior de educação. “Na escola superior de educação houve já um curso, no passado, que foi para Penafiel, o de Enfermagem. Nós tudo faremos para que mais nenhum curso dessa escola superior saia de Paredes”, disse Alexandre Almeida. Nesse sentido, adiantou que há negociações avançadas para que a CESPU ocupe um terreno no centro da cidade de Paredes.
“Está a ser pensado que o curso de Fisioterapia, que está em expansão não havendo lugar para ele em Gandra, possa vir para Paredes, em vez de ir para Penafiel ou Famalicão”, admitiu, apontando para breve a apresentação de um projecto.
Moção do CDS-PP que pede pólo da CESPU na cidade de Paredes aprovada
O tema CESPU já tinha sido levantado antes na Assembleia Municipal. Macedo Lemos, eleito do CDS-PP apresentou uma proposta de recomendação para a criação de um pólo universitário na cidade de Paredes, um assunto “caro ao CDS”, salientou.
O documento aponta a CESPU como uma referência no ensino superior e diz que a instituição “tem em mãos vários projectos para oferecer mais respostas aos estudantes nacionais, mas também, em maior número por estudantes estrangeiros que procuram Gandra para prosseguirem os seus estudos”.
“O crescimento desse projecto passa pela criação de um pólo universitário na sede do concelho, nomeadamente nos terrenos de que são proprietários junto ao Parque da Cidade. A criação desse pólo universitário, traria todos os anos dezenas de jovens para Paredes, e com isso, fazer crescer o comércio e a indústria local, mas também exponenciar o mercado do arrendamento urbano. O pólo universitário seria o centro de um crescimento sustentável não apenas para a cidade, mas também para o concelho”, defendeu o CDS-PP pedindo que ao executivo camarário que crie todas as condições necessárias para a criação de um pólo universitário da CESPU na cidade de Paredes.
A proposta foi admitida a discussão e foi alvo de críticas pela CDU. “Porquê a necessidade de criar um pólo em Paredes existindo um pólo universitário numa freguesia do concelho? Que desvalorização é esta da freguesia de Gandra? O que é que Gandra não tem que a cidade de Paredes tem e que o senhor tanto valoriza?”, questionou Cristiano Ribeiro.
Já Soares Carneiro, do PSD, apresentou visão diferente. “O maior erro estratégico de Paredes foi ter instalado o politécnico em Gandra na altura. Imaginem só o que seria hoje a cidade de Paredes e toda a zona circundante se aquela universidade estivesse cá situada há 30 anos”, disse o social-democrata.
“Não depende da câmara, mas se a câmara puder dar um empurrão seria uma óptima solução. A pretensão do CDS-PP, embora sendo requentada, é legítima para o concelho de Paredes. Só a CESPU pode concretizar esse sonho”, acrescentou.
“Não sei até que ponto o CDS-PP tem legitimidade para ser porta voz da CESPU. Não vejo nenhuma procuração e não estou a ver uma entidade como a CESPU a arranjar pombos correios para trazer novidades até à câmara”, criticou Rui Silva, pelo PS. Questionou ainda se há algum pedido de apoio na câmara para que seja instalado um pólo em Paredes.
Depois das respostas de Alexandre Almeida a proposta de recomendação foi votada, sendo aprovada por maioria, com os votos contra da CDU, que considerou esta uma “instrumentalização de uma instituição privada por um partido político”.