A peça “Mulheres Móveis”, que aborda o trilho mais longo alguma vez percorrido pelas carreteiras de Paredes, da companhia de teatro Astro Fingido, vai ser apresentada em Madrid, Espanha, no âmbito do Festival Circular, o Encontro de Teatro Iberoamericano.
Esta é uma homenagem que a Astro Fingido presta “às mulheres reais cujos testemunhos inspiram o espectáculo”, refere o grupo, em comunicado.
As “Mulheres Móveis” falam “das histórias e memórias das carreteiras (ou cadeireiras), mulheres que desde muito novas, em pleno Estado Novo, tinham como tarefa levar móveis à cabeça desde a região de Paredes até ao Porto, Guimarães ou à Póvoa de Varzim.
“Maria, Letinha, Justa e Sãozinha serão as últimas carreteiras, aquelas que nos trazem o testemunho de um tempo de miséria e trabalho duro, sem prémio. Mas as palavras de Tonino Guerra não nos permitiram pintar de cinzento o seu tempo, porque ‘a pobreza ajuda à fantasia. Na pobreza vive-se sob uma chuva de desejos suspensos'”.
Foi esse caminho de dor e sacrifício, pontuado por momentos de alegria e forte solidariedade, que a Astro Fingido quis trilhar, lê-se na nota de imprensa.
Este é um espectáculo construído no âmbito da metodologia artística da Astro Fingido, um teatro de vozes, que, recorrendo a testemunhos vivos da comunidade, pretende dar voz a determinadas temáticas sociais, fundamentais para uma determinada região, mas que procura uma leitura universal pelos paralelos que se podem estabelecer com outras comunidades.
Refira-se que, esta “Mulheres Móveis” fizeram já caminho de Paredes ao Porto, Maia, Coimbra, Beja, Póvoa de Varzim, Bragança, Fundão, Lousada, Faro, Felgueiras, Setúbal, Idanha-a-Nova, Ílhavo e Castro Daire, saindo agora, pela primeira vez, do território nacional para ser apresentado no Centro Cultural António Machado, no dia 7 de outubro, às 19h00.
O espectáculo corresponde à Parte I do Ciclo da Invisibilidade, que apresenta profissões “invisíveis”, mas fundamentais para a prosperidade de uma indústria – a indústria do mobiliário na região de Paredes. A Parte II deste ciclo, o espectáculo MOÇO DA COLA, tem sido também apresentado em diversos Teatros de Norte a Sul de Portugal.
A direcção e encenação é de Fernando Moreira, a interpretação é de Ângela Marques, Filomena Gigante, Luísa Calado e Patrícia Queirós, cenografia e adereços de Ana Pinto, figurinos de Xana Miranda, coreografia de Andrea Gabilondo. A
música ao vivo é de Carlos Adolfo e o desenho de luz tem a assinatura de Cláudia Valente.
Depois de Espanha, a Astro Fingido viaja até Cabo Verde, mais concretamente à cidade da Praia para participar na VII Edição do Festival de Teatro do Atlântico,com o espectáculo “Brancas Memórias”. É no dia 25 de outubro.
Estas deslocações contam o Apoio à Internacionalização da Direcção Geral das Artes.