Numa altura em que assinalaram os 25 anos de sacerdócio, o Padre Feliciano Garcês dá “graças a Deus pela oportunidade” que teve, ao longo deste seu percurso, em trabalhar pelos outros, mostrando-se grato a “todos aqueles que se cruzaram” no seu caminho. Isto porque fizeram com que nunca se tivesse sentido sozinho.
É desta forma simples e directa que, Feliciano Garcês, que é natural de Bitarães, Paredes, faz o balanço desta sua caminhada realizada pela Igreja ao serviço dos outros.
Com 54 anos, recorda que foi ordenado padre em 1997. Actualmente, é pároco de Nossa Senhora da Boavista, no Porto, estando ligado a várias organizações, entre elas a Obra de Caridade ao Doente e ao Paralítico – OCDP, de Paredes, e à ABC, uma instituição que acolhe crianças e jovens em risco, fazendo com que desenvolvam aptidões e transformá-los em pessoas realizadas, aptas a exercerem a sua vida na sociedade, situada em Rio Tinto, Gondomar.
Com uma vida tão preenchida, confessa que o seu dia começa à “6h45 e só termina perto da 1h00”, altura em que, muitas vezes, consegue jantar. Porque, e como se pode constactar, o trabalho de um padre não se resume às “missas, aos casamentos, baptizados ou funerais”, vai muito para além disso, enfatizou, em entrevista ao Verdadeiro Olhar.
Neste contexto, considera-se também um gestor de empresas, que estão vocacionadas para a área social, e com dezenas de funcionários à sua responsabilidade. E gerir todos estes universos “dá trabalho” e é preciso muita “dedicação e uma grande responsabilidade”, frisou.
E ao invés daquilo que muitos dizem, que as pessoas estão cada vez mais afastados da Igreja, Feliciano Garcês defende que se tentam “arranjar chavões” que não correspondem à realidade. As comunidades “continuam a viver a sua fé” e quererem estar em “lugares de expressão” desse mesmo sentimento, e perto de Deus, sustentou. Por isso, não sente que haja um alheamento.
Apesar de reconhecer que as pessoas estão “mais individuais e individualistas”, o pároco continua a acreditar que “ninguém quer ter uma vivência à margem da fé”.
Os 25 anos de sacerdócio de Feliciano Garcês foram celebrados no passado domingo, com uma eucaristia de Acção de Graças, que decorreu na na Igreja de São Tomé, em Bitarães. Na cerimónia estiveram presentes várias entidades locais, assim como representantes da Câmara Municipal.
E se deste percurso há destacar uma ligação ao voluntariado, sobretudo em acções em Timor, quando olha para trás, o pároco não se consegue ver sozinho nesta caminhada, porque “são tantas as pessoas” que têm feito parte desta sua história.
Instado a revelar quais as suas principais preocupações em relação à sociedade actual, Feliciano Garcês enumera “os efeitos da guerra, o impacto negativo que as novas tecnologias têm nas crianças e nos jovens, a falta de afecto nas famílias, o exagero da individualidade e a imposição da vontade de cada um, as decisões políticas, assim como o bem comum”, entre outras.
E estes factores conjunturais e sociológicos, obrigam-nos a reflectir, tanto mais que se gasta mais tempo com o imediato e perde-se a noção do que realmente importa. E é esta a missão de Feliciano Garcês ao contribuir, com todo este trabalho, para uma sociedade melhor, onde não deve faltar carinho, entrega e dignidade, condições que o ser humano exige e merece.