Em protesto por terem sido cortados os tratamentos ao domicílio ao pai, de 79 anos, José Duarte estacionou o carro nas imediações do centro de saúde em Sobreira, Paredes, e carregou o sénior às cavalitas até à unidade onde é agora obrigado a ir fazer os curativos ao pé diabético. O mesmo aconteceu à saída do tratamento.
Defende que o pai, doente crónico, com 95% de incapacidade e que foi recentemente vítima de dois AVC’s, não tem condições de mobilidade para se deslocar à Unidade de Saúde Familiar Nova Era e devia ser assistido em casa.
Segundo o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Tâmega II Vale do Sousa Sul o homem não reúne os “critérios” necessários para receber apoio ao domicílio.
“De um momento para o outro deixou de ter critérios?”
José Duarte conta que, por três vezes, a equipa de enfermagem daquela unidade de saúde se dirigiu à casa que partilha com os pais, em Aguiar de Sousa, para realizar o tratamento de uma úlcera, já que o pai, José Martins Duarte, de 79 anos, é diabético.
Nessa terceira visita houve uma situação anómala. A enfermeira entrou na casa da família sozinha e “sem autorização2 e não cumpriu os “protocolos de segurança”, nomeadamente colocar uma máscara no idoso, numa “conduta pouco ética e profissional”, relata. “Quando vi já estava dentro da casa, no quarto do meu pai. Não lhe colocou a máscara e não tinha pedido autorização, pedi que não o voltasse a fazer” conta José Duarte. Dois dias depois, acrescenta, e naquilo que acredita ser “retaliação” a esta “advertência” feita à enfermeira, foi contactado pelo centro de saúde a dizer que o tratamento passaria a ser no posto.
“Disseram que o meu pai não reunia critérios para os curativos em casa, mas não me souberam especificar quais. De um momento para o outro deixou de ter critérios? Não admito isto num serviço público, o meu pai tem direitos. Exijo que expliquem porque razão cortaram este serviço”, sustenta o filho que invocou, junto do centro de saúde, que o pai não estava em condições de caminhar nem tinha meio de transporte adequado para se deslocar ao tratamento. Agora diz que vai avançar com queixas junto do Ministério da Saúde e Ministério Público.
Contactado, o ACES Tâmega II Vale do Sousa Sul adianta que quando se dirigiu ao domicilio do utente, a enfermeira foi “agredida verbalmente pelo filho”. “Posteriormente, a equipa da USF constatou que o utente se deslocava por meios próprios para fisioterapia, pelo que não reunia critérios para tratamentos no domicílio. Foi decidido e comunicado ao filho que o tratamento passava a ser realizado na unidade de saúde”, referem em resposta enviada. Quanto à situação vivida nos últimos dias, o ACES salienta que quando se dirigiu à USF com o pai para tratamentos José Duarte “recusou a cadeira de rodas e o uso do elevador”.
