João Costa tem 32 anos e é engenheiro do Ambiente e trabalha na Câmara Municipal de Paredes nas áreas eco-escolas e sensibilização ambiental. E foi a partir deste contacto com as crianças e das milhares de perguntas que os mais novos lhe faziam que surgiu a ideia de escrever “Tomé, o Bicho-Pau”, apresentado recentemente em Sobreira, a terra do autor.
Este é um livro que nasceu recheado de insectos, flores, plantas, folhas e de tantas outras coisas que nos rodeiam, como o autor explicou ao Verdadeiro Olhar. É ainda uma história que dá respostas, tendo sido sustentada nos pilares da “felicidade, da amizade e do amor”. Mas neste emaranhado de alicerces, João Costa destaca, sobretudo, a inclusão. Em pequeno nunca sofreu com a falta de integração, mas, devido ao seu trabalho, tem consciência que muitas crianças e adolescentes são deixados para trás.
Aliás, a escolha do o bicho-pau para ser a personagem central desta história não foi inocente, porque é um insecto que é desconhecido para a maior parte das pessoas, assemelhando-se a um conjunto de paus, servindo-se do seu aspecto para se esconder e fugir dos inimigos. E numa festa com bichos mais bonitos, como as joaninhas e as abelhas, “acaba por ser acolhido”, conta o autor.
Por isso, considera que esta fase da vida “pode ser maravilhosa como pode representar uma tortura”, porque, muitas vezes, “ou fazemos parte do grupo ou somos postos de parte”. João Costa considera que estas são “gerações esponja”, porque “absorvem tudo, o bom e o mau”. E o “Tomé, o Bicho-Pau”, além de dar respostas sobre o ambiente, com pinceladas de “lua cheia e de pirilampos em folga”, tem ainda implícitas “a parte social e valores”, sendo ainda uma ferramenta de educação inclusiva.
Das inúmeras personagens que desfilam nesta obra, como o galo resmungão ou o grilo trapalhão”, João Costa tem “um pouco delas todas”. Unidas reflectem a sua forma de ser, sublinhou.
João Costa nasceu em Sobreira e ali fez o seu percurso escolar até ao nono ano. Depois, frequentou a secundária de Paredes. Nessa altura, idealizava ser “psicólogo”, porque era fascinado “pelas pessoas, e pelo contacto com elas”. Mas a vida trocou-lhe as voltas, ou talvez não. Quando foi aluno da professora Olívia Pena “surgiu o gosto pela ciência”, motivado, talvez, pelas sua prelecções e “aulas ao ar livre”. E foi aí a partir daí que iniciou o seu percurso na área ambiental. Mas neste seu caminho nunca esqueceu “a formação e as pessoas”.
O engenheiro escritor conseguiu exerceu uma actividade onde o ambiente, os sentimentos e os valores andam de mãos dadas. Contacta com crianças, fala de sentimentos, de valores e da preservação do meio ambiente, dá respostas aos milhares de perguntas que, todos os dias, os mais pequenos lhe fazem. É feliz assim. Como é feliz a escrever, a conceber ferramentas para tornar o planeta e o mundo melhores.
O “Tomé, o Bicho-Pau” já foi apresentando pela editora Cordel d’ Prata, mas para João Costa fazia todo o sentido dar a conhecê-lo na sua terra natal, num evento “mais intimista”. Só depois poderá voar para outros palcos, onde já tem tido muitas solicitações. Sobre o futuro deste livro, considera que “vai fazer o seu percurso”, sendo de esperar que as escolas vão acabar por dar a conhecer este livro, porque a ideia “não é ganhar dinheiro, mas sim passar uma mensagem”.
Para além de ser um apaixonado pelo ambiente, pelas crianças e pela vida, João Costa adora viver em Sobreira. Porquê? Porque “aqui é um ambiente muito sossegado” e pode aproveitar a “vida em comunidade”. Consegue fazer parte de “comissões de festas, de grupos de jovens”, entre outras colectividades, tendo, assim, um papel intenso em tudo o que o rodeia. Quando quer sair desta ‘caixa’ de quietação, João Costa tem a possibilidade de rapidamente se deslocar “para zonas mais agitadas”.
Pai de Duarte, o engenheiro escritor considera-se um homem de “pormenores”, declarando que “é fácil conseguir ser feliz”. E é-o, a trabalhar, a falar com crianças e jovens, a apreciar tudo o que o rodeia e a escrever. E no computador já tem outras páginas, de um outro livro que fala de “de esperança e de, um dia, voltar a florir”. E enquanto isso não acontece, João Costa vai continuar a disseminar mensagens de amor, de amizade e de inclusão, com narrativas embrulhadas no ambiente.