Foto: DR | Uma das refeições servidas nos últimos dias na Secundária de Paredes

Nos últimos dias, vieram a público imagens das refeições servidas nas escolas de Paredes que geraram revolta e, segundo os pais, não têm qualidade. Em causa um prato vegetariano de “legumes à Brás”, mas as queixas estendem-se a outros pratos dados diariamente aos alunos. A Câmara Municipal admitiu “deficiências nas refeições servidas” e avançou que está a “tomar medidas para que a empresa fornecedora corrija o que não funcionou bem” mas considerou a situação “pontual”.

Ao Verdadeiro Olhar, Américo Rodrigues, presidente da FAPEP – Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação do Concelho de Paredes, salienta que o problema da qualidade das refeições não é novo, mas recorrente, e que as queixas se mantêm ao longo dos anos, mas alerta que a situação tem vindo a piorar este ano lectivo. “O problema tem sido empurrado para a frente. As queixas são comuns e não são de hoje. Já existiam noutros anos lectivos, mas este ano está a piorar. Estão a retirar muito do que é proteína ou a substituir por proteína mais barata, com muito pouca carne e peixe. Não me parece uma alimentação correcta e suficiente para os alunos estarem confortáveis na escola”, garante o também presidente da APAAVES – Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Sobreira, há cerca de 18 anos, e membro do Conselho Executivo da CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais.

Na Escola Básica e Secundária de Sobreira, refere Américo Rodrigues, as refeições são preparadas na escola e não são reportados problemas. “A alimentação é feita por funcionários da escola e as compras são locais, come-se bem”, diz. O mesmo não acontece quando as refeições são confeccionadas por instituições ou por empresas externas, sustenta. Normalmente, “corre mal”.

Mas o problema com a “quantidade, qualidade e variedade” das refeições também existe nos centros escolares e a instituição já tem vindo a reclamar junto do município. “Do que se passa no Centro Escolar de Sobreira e no de Recarei já fizemos uma informação detalhada e de nada serviu. Ainda esta semana a APAAVES falou com o vereador sobre isso”, dá como exemplo.

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Américo Rodrigues deixa um alerta: “Não me parece que aos valores envolvidos nestas questões as empresas consigam fazer melhor”. “É uma questão de custo, as empresas que aceitaram contrato com elaboração das refeições fizeram-no numa altura em que a inflacção não estava como agora e começam a ter as matérias-primas mais caras. Mas se não conseguem com estes valores, a obrigação do Município é ajustá-los”, argumenta, pondo em primeiro lugar o bem-estar das crianças.

“É preciso investir mais dinheiro na alimentação escolar, nem que se corte noutras despesas. As refeições devem ser servidas condignamente. Aquilo não é comida que se apresente na escola”, critica o responsável pela FAPEP, lembrando os pratos de “batata palha com batata palha, massa com massa, arroz com arroz”.

Esta alimentação não é “suficiente”, nem está ao nível da que a maioria das crianças tem acesso em casa. “A escola é o sítio onde deixamos os filhos confiando que são bem tratados a todos os níveis, incluindo o alimentar. Uma criança que não é bem alimentada não consegue aprender ou estar atenta. Ninguém faz nada bem se tiver fome”, adverte o presidente da APAAVES, pedindo mais “qualidade e diversidade”.

Américo Rodrigues não discorda que haja um prato vegetariano, até diz que devia existir diariamente, mas sempre como alternativa ao prato principal. O que não é o que acontece.

Diariamente, refere, nos centros escolares, há só um prato. E, no caso da fruta, aponta, nem é uma peça por criança. “É uma maça ou uma pera para dois”, refere como exemplo. “Já questionamos isso e a resposta é de que se trata de uma indicação da nutricionista”, acrescenta. 

A Câmara Municipal de Paredes reúne, hoje, com as associações de pais do concelho para discutir o problema. Segunda-feira está agendada uma reunião com a empresa responsável pelas refeições nas EB 2,3 e Secundárias.