Várias centenas de alunos da Escola Secundária Daniel Faria, em Baltar, concelho de Paredes, concentraram-se esta manhã à porta do estabelecimento de ensino em protesto contra a falta de condições materiais da escola, exigindo a remoção do amianto e mais assistentes operacionais.
No exterior da escola, vários alunos entoaram cânticos e envergaram cartazes alertando para a situação em que se encontra o estabelecimento que alberga aproximadamente 600 alunos.
Além dos discentes que se concentraram no exterior do estabelecimento de ensino, o protesto contou com a presença de vários docentes que associaram ao descontentamento e à inexistência de condições na escola.
Ao Verdadeiro Olhar, José André, aluno do 12.º ano de Humanidades, um dos promotores do protesto, mostrou-se preocupado com a existência de amianto na escola.
“Esta é uma matéria que nos preocupa, sabemos que existem estabelecimentos de ensino, como Lordelo e Rebordosa em que este já foi removido, mas cada dia que passamos aqui é um dia prejudicial à nossa saúde”, disse, salientando que a Daniel Faria também tem problemas de segurança que urge resolver.
“Não existe segurança, existe infiltrações de droga, armas brancas e já foram inclusive feitas várias queixas, mas tivemos uma resposta negativa por parte da direcção. Não podemos ser hipócritas, a droga existe em todas as escolas. Revolta saber que a direcção tem conhecimento e não faz nada para mudar”, avançou, salientando que nunca foi feito um simulacro de incêndio e os extintores, a última avaliação data de 2010.
“A escola também poucos assistentes operacionais”, acrescentou.
O aluno de humanidades realçou, também, que os balneários não dispõem de água quente, as sanitas estão rachadas, os bidés estão danificados, não existe papel nem espelhos, existem infiltrações, as mesas das salas e cadeiras estão danificadas.
“Está a chegar a um ponto que é degradante. Estamos exaustos. Tentamos fazer chegar as nossas preocupações à direcção, só que não conseguimos falar com os responsáveis pela ausência do director do estabelecimento de ensino. É raro estar cá. Sabemos que existem problemas que são do Ministério da Educação, e nem tudo é da sua responsabilidade. Das poucas vezes que conseguimos apresentar ou propor qualquer actividade esta é rejeitada. Não existe diálogo. Tentamos promover um torneio escolar, colocar um micro-ondas para os alunos que trazem a comida de casa, mas sem efeito” adiantou, assumindo que os alunos e a comunidade escolar vão continuar a lutar pelos seus direitos.
“Queremos alertar a autarquia, a comunidade escolar, mas também o Ministério da Educação para a falta de condições deste estabelecimento de ensino. Ouvimos muitas vezes dizer-se que se investe muito dinheiro nesta área, mas a verdade é que esse investimento não se vê”
Eliana Magalhães, aluna do 11.º ano, confirmou, também, que a falta de condições é um dos problemas mais graves que afecta toda a comunidade.
“Queremos alertar a autarquia, a comunidade escolar, mas também o Ministério da Educação para a falta de condições deste estabelecimento de ensino. Ouvimos muitas vezes dizer-se que se investe muito dinheiro nesta área, mas a verdade é que esse investimento não se vê”, sustentou, apontando que o amianto é uma dor de cabeça, as salas estão degradadas, o frio é uma constante, falta higiene e faltam funcionários.
“Os alunos estão unidos. Esta é uma causa comum, afecta toda a gente. Estamos a falar de problemas graves que têm de ser resolvidos. As pessoas pensam que temos a vida facilitada, mas urge intervir”, constatou, reconhecendo que a falta de segurança, a droga, as agressões começam também a ganhar expressão na escola.
Mário Canelas, professor há sete anos, mostrou-se igualmente preocupado com a questão do amianto, apontando este como sendo o principal problema a ser resolvido.
“Há sete anos que sou docente neste estabelecimento de ensino, no primeiro ano tentei que os alunos fizessem uma greve debaixo de um dos telheiros porque eles são de amianto. A mim esta é a questão que me preocupa mais. Emprego a palavra medo. Há um pavilhão que fotografei, já coloquei fotos no Facebook e posso afirmar que tenho medo daquele pavilhão. Deveria ser totalmente desfeito”, adiantou, admitindo que a direcção da escola tem conhecimento, mas a questão das cativações tem sido determinante neste campo.
“Não há dinheiro para fazer a intervenção. Ainda ontem falei com o director nesse sentido e foi exactamente o que ele me disse. Nesse campo estou de acordo com ele. Posso não estar noutros, toda a gente comete erros, mas neste assunto estou solidário com ele”, concretizou.
Noémia Lopes, docente de Francês há 11 anos na Daniel Faria, concordou que o estabelecimento de ensino padece de más condições, o frio é uma constante, não existem computadores a funcionar, existindo, também, falta de auxiliares.
“Existem desacatos, por vezes, mais existindo mais assistentes operacionais esse problema poderia ser minimizado”, avançou, reconhecendo que os alunos e os professores estão irmanados no mesmo propósito.
O Verdadeiro Olhar tentou falar com a direcção da escola, mas foi-nos comunicado que a mesma não prestava esclarecimentos.