O paredense Diogo Neves de Carvalho voltou a ser seleccionado para a lista dos “40 Líderes Empresariais do Futuro” em Portugal com idades até aos 40 anos. O Director Advisory da Área de Corporate & Public Services da KPMG vê, assim, mais uma vez, o seu talento reconhecido num prémio que pretende antecipar os melhores gestores do futuro.

A iniciativa, organizada pelo Fórum de Administradores e Gestores de Empresas (FAE) pelo segundo ano consecutivo, conjuntamente com o Jornal Expresso, assemelha-se a outras internacionais como a “Le Choiseul 100”, em França, ou a “Fortune 40 Under 40”, a nível mundial. O júri é presidido por António Horta Osório, presidente do Lloyds Bank e o prémio visa ser um “importante de reconhecimento público dos jovens gestores de elevado potencial”, contribuindo para “a sua motivação e melhoria de desempenho e consequentemente para a melhoria da gestão das empresas em Portugal”, diz a organização. Ao todo houve mais de 220 inscritos na edição deste ano e, depois desta ‘shortlist’, a 10 de Dezembro, serão conhecidos o top 10 e o vencedor.

Ao Verdadeiro Olhar, Diogo Neves de Carvalho confessa que não contava ser escolhido uma segunda vez. “Este ano não acreditava ser possível pois, por um lado houve um aumento da notoriedade do programa (mais candidatos) e por outro existem fantásticos líderes em Portugal que merecem, mais do que eu, estar neste ranking”, diz.

A inclusão na lista dos 40 Líderes Empresariais do Futuro no ano passado abriu “várias portas” em termos de networking. “Nomeadamente numa vertente de negócio este tipo de nomeações têm um impacto significativo. Desde de se tornar mais fácil falar com alguns clientes, a receber centenas de pedidos de conexão e aconselhamento no LinkdIn, a ser desafiado para novos desafios profissionais”, explica.

Esta nova distinção traz mais responsabilidade e motivação. “Responsabilidade, pois tenho a necessidade de partilhar o melhor que faço (tal como fizeram comigo) e ajudar a nossa juventude liderar pelo exemplo. Recorrentemente, até pelo papel solidário que a KPMG tem na sociedade, participo como ‘formador’ dos mais jovens em escolas secundárias, faculdades, etc. Motivação, pois dá-me ainda mais garra para continuar a sair da minha zona de conforto, a desafiar-me e a aprender diariamente”, sustenta o paredense.

Foi caixa, ajudante de picheleiro, bombeiro e criou o próprio negócio

Até agora responsável pelos projectos de Estratégia e Operações nos sectores de Tecnologia, Media e Telecomunicações (TMT) na KPMG, Diogo Neves de Carvalho ocupa novas funções, sendo Director de Advisory da Área de Corporate & Public Services (que além de TMT inclui Indústria, Governo, Saúde, Infra-estrutura e Retalho).

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E foram todas as experiências que teve, muitas delas na juventude, que o fizeram chegar até aqui, garante.

Desde jovem ajudou os pais nos negócios – “Escola de Música Solidó” e “Boutique Didi” – o que lhe permitiu aprender o que era gerir fornecedores, gerir fluxos de caixa e a importância dos colaboradores, entre outros. Seguiu-se uma experiência como caixa de supermercado aos 16 anos, que lhe fez ver o que são horários e responsabilidade, explica. Foi ajudante de picheleiro e electricista o que o ajuda, ainda hoje, nas tarefas de casa e o ajudou “a reforçar a humildade e perceber a dificuldade de diferentes trabalhos”. Ser bombeiro voluntário em Paredes também lhe ensinou a gerir situações e pessoas em situações de stress. “Ajudar os meus clientes com o seu negócio parece fácil quando comparado com desencarcerar uma pessoa de um carro acidentado”, dá como exemplo o gestor.

Também fez parte da presidência de Associação e Comissão de Estudantes, foi aluno de Erasmus e criou o próprio negócio. O “O Mission to Escape” (um jogo de escape em que famílias, amigos e “empresas” são literalmente trancados numa sala e têm que resolver enigmas, trabalhar em equipa e descobrir passagens secretas para conseguirem escapar antes de 60 minutos) que nasceu em Lisboa, mas existe também no Porto e em Benfica. “Por motivos profissionais não sou o gestor deste negócio, mas acredito que termos o nosso próprio negócio ajuda-nos (nomeadamente a nós consultores) a mais facilmente nos colocarmos no lugar do cliente”, salienta Diogo Neves de Carvalho.

Conselho para jovens que querem ser futuros líderes: “Terem experiências, saírem de casa”

“Todas as experiências que tive (e tenho) fizeram de mim um líder melhor. Com muita regularidade apercebo-me que as experiências que tive na minha juventude contribuíram para o meu actual desempenho profissional”, assegura. Por isso o conselho que deixa aos jovens que querem ser futuros líderes, em Paredes ou no país, é simples: “Terem experiências, saírem de casa”.

Mas deixa outras dicas. É fundamental ter espírito de sacrifício e perceber “que nem sempre todas as actividades numa carreira são sexy”. “Por vezes temos que fazer trabalho menos interessante, o importante é que tenhamos a capacidade de aprender e criar uma estratégia para evoluir”, frisa. Também é preciso criar um bom equilíbrio entre o trabalho e a vida social, a família e os amigos. “Várias vezes ‘obrigo’ as minhas equipas a irem para casa cedo para poderem viver, socializar, e, por exemplo, ver o telejornal para no dia seguinte terem tema de conversa com cliente”, dá como exemplo. Ele próprio diz que se empenha em ter tempo de qualidade com a esposa Diana e os filhos, Tomás e Lourenço, que “fazem tudo parecer tão bom e tão simples”.

Por outro lado, o gestor aconselha a ter postura, apresentação e educação, em qualquer contexto e a planear. “Se o mundo está cada vez mais digital e robotizado, perceber quais são as características e funções que farão de nós um bom líder no futuro. Fazer com que esta revolução digital não seja mais do que um momento em que encontramos ferramentas para trabalharmos melhor”, refere.

Diogo Neves de Carvalho acredita ainda que o “óptimo é inimigo do bom” e que é importante fazer melhor, mas sem que a procura da perfeição faça perder a “visão de helicóptero”. Por vezes, diz, é preciso “parar para pensar” e não querer “reinventar a roda”. “Hoje em dia, antes de investirem muito tempo a criar, comecem por procurar para depois adicionar valor ao que já está criado”, aconselha aos jovens.

Mais importante, ser um líder é ser um exemplo. “Ser um líder é deixar de pensar no ‘EU’ e começar a pensar no ‘NÓS’. Um bom líder orienta, entusiasma, acompanha, confia e assume responsabilidade, escuta e cria faz tudo para que a ‘segunda casa seja dotada de diversão e de um fantástico ambiente”, defende.