Nos dias de hoje, a sociedade oferece entretenimento sem interrupções. Basta pensar nas plataformas digitais e na quantidade enorme de conteúdos que temos disponíveis a qualquer hora do dia.
No entanto, não parece que isso nos tenha feito mais felizes.
Há uma sensação de vazio em muitas pessoas, e não é por falta de entretenimento: parece que é por excesso.
O mundo digital está a transformar tudo à nossa volta e, se não estivermos atentos, também pode transformar cada um de nós a partir de dentro.
Penso que um caminho (não o único, nem o mais importante) para pôr remédio a esta situação está relacionado com a revalorização da literatura e da poesia.
A literatura, se o é de verdade, é sempre um convite a parar e a contemplar a vida com olhos novos. Neste ambiente que nos circunda, penso que não é exagerado dizer que a palavra escrita, a poesia simples, possui maravilhosas propriedades terapêuticas.
É um verdadeiro remédio sem data de caducidade.
As palavras ajudam-nos a viver melhor, de um modo mais sereno, a procurar entender a condição humana e as suas diversas contradições existenciais. A literatura transforma a partir de dentro o ser do leitor.
Como alguém dizia, muitas vezes “é a palavra que nos faz ver, não os olhos”. Quando alguém nos explica o sentido de uma obra de arte, conseguimos vê-la com olhos novos. Antes era possível olhar para a obra de arte, agora conseguimos contemplá-la.
A contemplação da beleza faz-nos melhores. Se não, não é beleza.
A nossa vida é semelhante a uma obra de arte, e a boa literatura ajuda-nos a contemplá-la de um modo novo. A descobrir facetas que nos estavam ocultas pelo trabalho rotineiro do dia a dia e pela procura de entretenimento fácil no mundo digital.