Quando chove com mais intensidade, os pais e os alunos da Escola EB2/3 D. António Ferreira Gomes, em Ermesinde, já sabem o cenário que vão encontrar: corredores de acesso às salas de aula que são fechados porque “chove lá dentro como cá fora”, denuncia a associação de pais. A água escorre pelas paredes e inunda os corredores que ligam duas escadarias de acesso ao primeiro andar e também o átrio principal da escola, mostram as imagens cedidas pelos encarregados de educação.

Além disso, a maioria dos estores estão avariados e não permitindo aos alunos ver para o quadro ou tornando outros espaços em autênticos “bunkers”.

Já foi entregue um dossier, em mãos, ao Ministro da Educação, sobre o estado do edifício, mas até agora não houve nenhuma intervenção, queixam-se.

“Na Feira de São Martinho choveu na banca da minha filha”

A situação não é nova, mas intensificou-se com as intempéries de há cerca de um ano, que deixaram mais fendas e buracos nas três claraboias (de vidro e em acrílico) do edifício escolar, explica Carla Ribeiro, representante da associação de pais.

“Chove na escola em diversos locais, mais propriamente nos corredores de acesso às salas de aulas e no átrio principal da escola. Alguns desses locais, por segurança, estão vedados. Refira-se que, durante o Inverno passado, a água que entrou foi de tal intensidade que ocorreram curtos circuitos nalguns quadros eléctricos”, explica a mãe. “Por diversas vezes, esta situação foi reportada à Direcção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) que, no ano passado, durante o período de férias escolares, procedeu a intervenções no telhado, mas, salvo melhor análise, parece ter-se simplesmente limitado à limpeza do telhado com a remoção de lixo aí existente, uma vez que ainda continua a chover dentro da escola”, critica Carla Ribeiro.

“Na Feira de São Martinho choveu na banca da minha filha”, recorda Dina Salvador, mãe de uma aluna. “Fico preocupada com a segurança deles. Há meninos que passam com o chão molhado e é um risco”, diz. “O meu filho chega a casa a comentar ‘hoje não pudemos passar porque estava a chover na escola’”, refere Teresa Amorim, outra mãe de um menino do 6.º ano, que já teve outro filho na escola.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas os problemas não ficam por aí. A Escola EB2/3 D. António Ferreira Gomes “apresenta igualmente graves problemas ao nível dos estores, muitos não abrem nem fecham. A situação agrava-se diariamente, ficando salas, corredores, biblioteca e outros locais fechados com o aspecto de um ‘bunker’”, refere Carla Ribeiro. “Praticamente todos os estores da escola deixaram de funcionar, têm mais de 20 anos e não existem peças para substituir”, clarifica.

Alunos em “bunkers” ou sem conseguir ver para o quadro

Para contornar o problema, sobretudo quando passa por luz a mais, os encarregados de educação e professores tiveram que fazer e colocar cortinados em algumas janelas para que os alunos possam ver o que está escrito ou projectado no quadro. “Quando está sol não conseguem ver”, garante a presidente da associação de pais. “Numa aula, os meninos tiveram que por os casacos todos à janela para tapar o sol. A professora queria projectar no quadro e não conseguiu”, descreve Dina Salvador.

Carla Ribeiro afirma que já fez chegar estas reclamações dos pais ao Governo. “Elaborei um dossier que fiz chegar em mãos ao Ministro da Educação. Insistimos permanentemente, mas até agora nada. Na DGEStE dizem que a responsabilidade é do agrupamento ou então não dão resposta”, sustenta.

“A escola não está muito degradada. Mas de há uns sete anos para cá tem sido esquecida e não têm sido feitas reparações a não ser o básico, uma porta ou uma torneira. A escola precisa dos arranjos no telhado, que são urgentes, e dos estores que dão um aspecto de abandono”, critica a responsável pela associação de pais.

Escola tem vindo a perder alunos

Contactado, o director do Agrupamento de Escolas de Ermesinde garante que há mais de um ano que a tutela foi alertada para o que está a acontecer na escola. “Houve um reforço de 1.500 euros para uma intervenção que nada fez”, reconhece Álvaro Pereira. Adianta ainda que, segundo tem conhecimento, a DGEstE terá um orçamento que aponta que, para resolver as principais necessidades do edifício, aberto em 1991 e que nunca sofreu grandes obras, são precisos cerca de 130 mil euros, envolvendo a reparação da rede de águas, das claraboias e dos estores.

A escola tem perdido alunos. Já chegaram a ser 800 e agora são cerca de 350, do 5.º ao 9.º ano. “Queremos chamar mais alunos para lá”, admite Álvaro Pereira.

Ao Verdadeiro Olhar, o Ministério da Educação não prestou esclarecimentos.