O concurso era aliciante e, por isso, não é de estranhar que tenha recebido mais de 4.000 candidaturas. O desafio da Desonno, empresa de colchões e artigos de descanso, com sede em Paços de Ferreira, era simples: bastava enviar um vídeo, uma foto ou uma frase original para conquistar um “emprego de sono”. Durante um mês, a empresa propunha-se a pagar ao vencedor 1.000 euros para testar os seus produtos.
Tiago Almeida, um jovem de 30 anos de Vila Nova de Famalicão, arriscou e venceu. Desde ontem que está a dormir na empresa. “Quantas pessoas neste mundo podem dizer que foram pagas para dormir?”, diz com orgulho.
“Não estava à espera de ser o vencedor”
Tiago Almeida estava na pausa do trabalho quando teve conhecimento do concurso da Desonno nas redes sociais. O operador de células robóticas numa empresa de maquinagem de peças automóveis na Trofa decidiu logo concorrer. Fez uma frase criativa e enviou a candidatura. Assume que costuma ter sorte neste tipo de concursos. Já ganhou bilhetes para espectáculos e até equipamentos electrónicos. “Não estava à espera de ser o vencedor”, confessa no entanto. Nem tinha noção que poderia candidatar-se tanta gente.
Por isso, ficou surpreendido quando soube que tinha sido o escolhido. Considera-se um “sortudo”, não só por ter vencido o concurso mas também porque o facto de trabalhar durante a noite lhe permite conciliar os dois empregos.
Entre as 23h30 e as 6h30 da manhã trabalhar na fábrica da Trofa. Quando sai ainda vai a casa tomar o pequeno-almoço e buscar alguns objectos pessoais e depois segue para Paços de Ferreira, numa viagem de cerca de meia hora. Aí, nas instalações da empresa de colchões, fica a dormir no período entre as 9h00 e as 17h00. “Encontrei um bom espaço e uma boa cama. Dormi muito bem”, conta. No final do dia, ainda tem tempo de voltar a casa, ir ao ginásio, jogar futebol e jantar antes de voltar ao trabalho na fábrica.
Além de testar quatro colchões, um por semana, durante este mês, Tiago Almeida terá que fazer relatórios, apontar críticas e dar sugestões e, no final, dizer qual o seu colchão preferido. Não se queixa. “A nível financeiro são mais 1.000 euros no final do mês e espero levar muitas histórias para partilhar com os amigos”, diz.
“Nesta que é a primeira semana de trabalho, o novo funcionário Desonno não podia estar mais descontraído, ou não fosse a sua função dormir oito horas completas por dia, de segunda a sexta-feira”, sustenta a empresa em comunicado.
A marca não esconde que a adesão à campanha superou expectativas. Receberam mais de 4.000 candidaturas, não só de Portugal, mas também de países lusófonos como o Brasil.
“De certa forma, era de esperar que o carácter inusitado da oferta desse que falar, mas o número de candidaturas superou as melhores expectativas da marca”, afirmam.