O presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Fernando Freire de Sousa, defendeu, hoje, em Paços de Ferreira, no âmbito da homenagem que o executivo efectuou a 76 empresários do concelho que apresentaram projectos de investimento aos fundos comunitários, que existe dinheiro, mas que a execução dos projectos que beneficiaram dos fundos comunitários depende dos pedidos de pagamento.

“Dispomos de 62 milhões de euros para projectos, mas ainda só pagamos quatro milhões e só pagamos este valor por razões que têm a ver com a dinâmica empresarial, com os pedidos empresariais. Os projectos estão aprovados e o dinheiro existe nas contas bancárias. Temos de procurar executar o mais possível e essa execução é, neste momento, muito baixa. Valia a pena olhar-se para isto e perceber-se se há algum estrangulamento, alguma dificuldade. Os projectos foram apresentados, foram aprovados, o dinheiro existe e só depende de pedidos de pagamento”, disse, respondendo a alguns observações feitas, antes, pelo presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira, Rui Carneiro, que advertiu para o facto do prazo de submissão e aprovação dos projectos ainda ser demasiado demorado.

A visita do presidente da CCDR-N, responsável pela aplicação do programa operacional regional do Norte, surgiu na sequência de convite realizado pelo presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Humberto Brito, e culminou com a inauguração de três unidades industriais do concelho.

Freire de Sousa afirmou, também, que uma das suas prioridades enquanto presidente da CCDR-N consistiu em recuperar o passivo dos atrasos, esclarecendo que existem projectos que são apreciados por outras entidades e instâncias que não a CCDR-N, que muitas das vezes atrasam este processo.

“Muitas vezes os atrasos não se devem à comissão de coordenação, mas dos chamados organismos intermédios, o que não quer dizer que não tenhamos algumas responsabilidades”, adiantou, salientando que ainda este ano abrirão novas candidaturas em áreas como a inovação e internacionalização. Na sua intervenção, Fernando Freire de Sousa relevou ainda o papel dos empresários de Paços de Ferreira na criação de riqueza, emprego, o facto de Paços de Ferreira ser o terceiro concelho com a população mais jovem do país e o terceiro concelho que tem o menor indicador de dependência.

“Os que trabalham são mais de 40 mil pessoas, são 2,5 vezes mais que os que são demasiado jovens ou são demasiado idosos”, concretizou.

O presidente da CCDR-N realçou, também, que na região do Tâmega e Sousa, as empresas de Paços de Ferreira representam quase um terço dos projectos apresentados e aprovados (99 em 345) e 47% do montante do investimento elegível.

Falando do envelope financeiro dos fundos comunitários deste quinto quadro comunitário, Freire de Sousa esclareceu que o montante atribuído ao país foi de 25 mil milhões de euros, dos quais 3,4% foram atribuídos à Região Norte.

O responsável da CCDR-N declarou que no âmbito da reprogramação dos fundos comunitários, o investimento municipal vai ter um benefício significativo com um reforço financeiro para os Planos de Acção de Regeneração Urbana dos centros de baixa densidade.

valor do investimento em Paços de Ferreira supera os 85 milhões de euros

O presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Humberto Brito, defendeu que com um total de 117 projectos aprovados pelo Norte 2020 e Compete 2020, em Paços de Ferreira o valor de investimento supera os 85 milhões de euros, a que corresponde um apoio público superior a 48 milhões de euros de que são beneficiárias 76 entidades e empresas.

“É pois uma grande honra receber nos paços do concelho, neste salão nobre, o presidente da CCDR-N hoje um elemento unificador, uma voz da região Norte, um trabalhador ímpar, em que todos os autarcas devem confiar contra o centralismo cristalizador do Terreiro do Paço! Nós confiamos!”, sustentou.

A todos os empresários contemplados pelo mecanismo de apoio comunitário, Humberto Brito deixou uma palavra de gratidão, pedindo-lhes que sejam um exemplo para os demais.

O investimento na modernização das empresas, na procura de novos mercados e clientes, na qualificação dos seus recursos e nas pessoas, são condições necessárias a uma boa prestação no futuro. “Saúdo a determinação e a coragem dos empresários do nosso concelho, acreditam nas suas empresas e são, hoje, o motor de criação de riqueza do concelho, da região e do país”, disse, salientando que é importante desconstruir e desmistificar a ideia de que os fundos estruturais são uma oportunidade perdida ou um aproveitamento para fins pouco adequados.

“Os fundos comunitários são uma janela de oportunidade que se abre, está ao alcance de todos e por isso saúdo o exemplo das vossas empresas que pelo seu mérito souberam agarrar esta oportunidade, desejando que haja cada vez mais empresas de Paços de Ferreira capazes de reunir condições para esta alavanca única de oportunidades e poderem-se candidatar aos fundos comunitários”, frisou.

O chefe do executivo recordou que este é um programa estratégico do ponto de vista do desenvolvimento que vai possibilitar que as empresas disponham de meios financeiros em condições mais vantajosas para executar ao longo dos próximos anos, uma visão de futuro, que potencia a produtividade e o emprego assim como a qualidade de vida de quem investe e quem trabalha.

“As empresas que captam fundos comunitários são mais fortes, empregam mais pessoas, pagam melhor, exportam mais, são mais produtivas e têm facturações maiores”

Aos empresários, Humberto Brito relembrou que os fundos comunitários são instrumentos que afirmam as empresas no espaço Europeu e no mundo.

“Neste tempo de modernidade há mais benefícios que desvantagens, designadamente nos custos dos apoios dos fundos comunitários para as empresas portuguesas, à internacionalização, e à afirmação no mercado global, nomeadamente, no sector do mobiliário porque a ajuda financeira é fundamental para a revitalização do tecido empresarial”, avançou, sustentando que as empresas que captam fundos comunitários “são mais fortes, empregam mais pessoas, pagam melhor, exportam mais, mais produtivas e têm facturações maiores”.

“Uma empresa detentora de valor acrescentado, de design ou tecnologoia de ponta com maior produtividade e maior emprego, mão-de-obra paga justamente, volume e quota de mercado assegurada é uma empresa de sucesso e mais competitiva”, afirmou.

Humberto Brito realçou que esta paixão por criar emprego e fomentar o investimento está no sangue dos empresários pacenses.

“Paixão, arrojo, liderança, capacidade de correr riscos, são vocábulos familiares. A todos os empresários contemplados pelo mecanismo de apoio comunitário quero deixar uma palavra de gratidão e pedir-vos que sejais sempre um exemplo para as empresas deste concelho. Não podemos permitir que um território como o nosso, com tal elevada representação de empresas, gente que trabalha, colaboradores eficientes capazes de aceitar os desafios perca esta oportunidade porque poderá ser uma oportunidade única e não podemos dar-nos ao luxo de a desperdiçar”, atestou.

O presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira, Rui Carneiro, realçou a iniciativa da autarquia pacense que reconheceu publicamente o esforço das empresas do concelho que concorreram aos fundos europeus que procuram ser melhores, maiores na dimensão, mais eficientes na produção, mais presentes na internacionalização.

“Significa isto que o tecido empresarial de Paços de Ferreira  vive um momento positivo, de expansão”, adiantou.

Na sua intervenção, Rui Carneiro, advogou que o conhecimento que tem da realidade, das características do tecido empresarial, assim como das suas dificuldades e oportunidades, lhe permitem ter uma visão crítica relativamente aos fundos comunitários e a quem gere este mecanismo é é responsável pela sua distribuição.

Considerou, por isso, vital esta política de apoio às empresas, relevou o trabalho da CCDR-N em gerir este envelope financeiro que está a seu cargo, mas deixou algumas notas relativamente à necessidade de melhorar estes processo.

“Há investimentos de podem fazer sentido num determinado momento e um ano mais tarde podem já não ter qualquer razão de existir”

O responsável da Associação Empresarial de Paços de Ferreira afirmou que o tempo medeia entre a apresentação dos projectos à sua aprovação é ainda demasiado.

“Dou como exemplo as candidaturas à primeira fase das candidaturas que encerraram a 31 de Agosto de 2017 e ainda não há qualquer decisão de aprovação. Sei que a CCDR-N não tem necessariamente a responsabilidade de todo este tempo de atraso, mas como é gestora dos fundos do Norte 2020 deveria reflectir e estudar soluções para acelerar os processos de decisão em conjunto com a CIM do Tâmega e Sousa e com a Ader-Sousa. Há investimentos de podem fazer sentido num determinado momento e um ano mais tarde podem já não ter qualquer razão de existir”, asseverou.

Rui Carneiro esclareceu que existe no terreno muito cepticismo e falta de informação relativamente ao aproveitamento destes fundos.

“Há que promover mais sessões de esclarecimentos sobre as vantagens, regras e acesso aos fundos Norte 2020. A Associação Empresarial de Paços de Ferreira tem um auditório com capacidade para 178 lugares pelo que a CCDR-N está convidada a fazer todas as sessões de esclarecimento e informação”, acrescentou, questionando Freire de Sousa para quando é que prevê a reabertura das candidaturas aos projectos de inovação e internacionalização.