Os resultados preliminares do Censos 2021 mostram um decréscimo populacional de 2% em Portugal na última década, revelando que residem no país 10 347 892 pessoas (menos 214 286).
Essa quebra fez-se sentir na região Norte e também no Tâmega e Sousa e na Área Metropolitana do Porto.
Os concelhos de Paredes e Penafiel perderem população acima da média, somando-se Paços de Ferreira que também viu o número de habitantes baixar. Valongo aumentou a população. Em Lousada quase não há diferença (mais 14 pessoas), mas conseguiu ser o único concelho do Tâmega e Sousa que não perdeu população em dez anos.
Tâmega e Sousa perdeu 5,6% dos habitantes na última década
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje os Resultados Preliminares do XVI Recenseamento Geral da População e VI Recenseamento Geral da Habitação – Censos 2021.
“Na última década Portugal regista um decréscimo populacional de 2,0% e acentua o padrão de litoralização e concentração da população junto da capital. O Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa são as únicas regiões que registam um crescimento da população, sendo o Alentejo aquela que regista o decréscimo mais expressivo”, refere o Instituto.
“Nos últimos 10 anos a população residente em Portugal reduziu-se em 214 286 pessoas, representando um decréscimo populacional de 2,0%. Em termos censitários, a única década em que se verificou um decréscimo populacional foi entre 1960 e 1970. O decréscimo populacional registado na última década resultou do saldo natural negativo (-250 066 pessoas, dados provisórios), sendo que o saldo migratório ocorrido, apesar de positivo, não foi suficiente para inverter a quebra populacional”, clarifica a mesma fonte.
Nos últimos 10 anos, dos 308 municípios portugueses, 257 registaram decréscimos populacionais e apenas 51 registaram um aumento.
Olhando à região, o Tâmega e Sousa (com 11 concelhos) perdeu 5,6% da população – uma quebra acima da média nacional -, que é agora de 408 878 pessoas. O mesmo aconteceu com a Área Metropolitana do Porto, ainda que em menor proporção teve um decréscimo populacional de 1,3%. Moram nos 17 concelhos que a compõem mais de 1,7 milhões de pessoas.
Entre os cinco concelhos acompanhados pelo Verdadeiro Olhar, Penafiel e Paredes registaram as maiores perdas de população. Em Penafiel o número de habitantes baixou para 69 687 (menos 2578), uma descida de 3,6%, muito acima da média do país e região Norte, mas abaixo da média do Tâmega e Sousa. Já Paredes viu a população decrescer para os 84 414 (menos 2440), cerca de -2,8%, também acima da média da região e do país.
Paços de Ferreira perdeu 717 pessoas na última década, tendo agora uma população de 55 623. A quebra de 1,3% está abaixo da média nacional.
Em Lousada quase não houve alterações face aos Censos de 2011. Há mais 14 pessoas a morar no concelho: 47 401. Ainda assim, este foi o resultado mais positivo do Tâmega e Sousa onde os restantes 10 concelhos perderam população: Baião (-14,6%), Cinfães (-13,1%), Celorico de Basto (-12,1%), Resende (-11,5%), Amarante (-7,3%), Marco de Canaveses (-7,3%), Castelo de Paiva (-6,8%) e Felgueiras (-3,8%).
Já Valongo está entre os concelhos que viram a população crescer. Conta agora com 94 795 pessoas, mais 937 que em 2011, um acréscimo de 1,%. Na Área Metropolitana do Porto ganharam também população os concelhos de São João da Madeira (2,1%), Vila do Conde (1,7%), Póvoa de Varzim (1,4%), e Vila Nova de Gaia (0,6%). A par de Paredes, perderam gente os municípios de Vale de Cambra (-6,9%), Arouca (-5,4%), Santo Tirso (-5,2%), Oliveira de Azeméis (-3,5%), Porto (-2,4%), Espinho (-2,4%), Gondomar (-2,2%), Santa Maria da Feira (-1,9%), Matosinhos (-1,6%), Trofa (-1,0%) e Maia (-0,3%).
As freguesias que ganham e perdem gente
O INE permite também ver os dados preliminares por freguesia.
Assim, no concelho de Lousada, apenas seis freguesias ganharam população, nomeadamente Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga, Aveleda, Cristelos, Boim e Ordem, Figueiras e Covas, Lodares e Lustosa e Barrosas (Santo Estevão). A freguesia que mais atraiu pessoas foi Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga (+7,5%) e a que mais perdeu foi Nevogilde (-6,3%).
Em Paços de Ferreira, a freguesia com o mesmo nome foi a que mais cresceu, ganhando mais 6,5% de residentes. Só houve mais duas freguesias com crescimento populacional, Meixomil e Seroa. A que perdeu mais habitantes foi Frazão e Arreigada, -7,0%.
À excepção de Paredes e Gandra, todas as restantes freguesias do concelho de Paredes registaram, segundo o INE, perda de população. Paredes ganhou 3,8% de habitantes e Lordelo registou a maior quebra, menos 9,1%.
No concelho de Penafiel, só a freguesia sede – também Penafiel – e a de Croca viram a população aumentar. Croca foi a que teve maior crescimento: 1,3%. Já a freguesia de Eja foi a que registou o maior decréscimo de habitantes (-16,8%).
Por fim, em Valongo, foi também a freguesia sede, Valongo, que teve o maior aumento populacional olhando à última década, com mais 8,3% de habitantes. Alfena teve o decréscimo mais acentuado (-5,1%). Campo e Sobrado também perdeu população, Ermesinde ganhou.
Lousada entre os concelhos que registaram maior crescimento no número de alojamentos
O INE avança ainda uma análise sobre o “ligeiro crescimento do número de edifícios e de alojamentos destinados à habitação” registado no país.
“De acordo com os Resultados Preliminares dos Censos 2021, o número de edifícios destinados à habitação era de 3 587 669 e o de alojamentos de 5 961 262, valores que face a 2011 representam um aumento de 1,2% e 1,4%, respectivamente”, explica o documento. “O crescimento do parque habitacional entre 2011 e 2021 é bastante inferior ao verificado na década anterior, quando os valores se situavam na ordem dos 12% para edifícios e os 16% para alojamentos”, refere ainda.
O número de alojamentos destinados à habitação aumentou em 72% dos municípios portugueses (221 municípios)., sendo que os municípios de Madalena (R.A. Açores), Vizela, Lousada, Campo Maior e Odemira foram os que registaram maior crescimento no número de alojamentos, com valores situados entre os 13,5% e os 6,3%, refere o destaque do INE.
Pode conhecer todos os dados preliminares do Censos aqui.