“O que foi dito não era para ser ouvido. E quantos de nós não tivemos já pensamentos assim?”. A questão foi deixada no ar por Pedro Machado, autarca de Lousada, a propósito das palavras de Maria de Lurdes Castro, presidente da Assembleia, proferidas na última reunião magna e que foram consideradas “insultuosas e ameaçadoras” pelos deputados da oposição.
Ontem à noite, em mais uma sessão da Assembleia Municipal, a Coligação Acreditar Lousada, que junta o PSD e o CDS/PP, trouxe o assunto à discussão e voltou a pedir a demissão da presidente.
Recorde-se que na última Assembleia que estava a ser transmitida no Youtube, Maria de Lurdes Castro não se apercebeu que tinha o microfone ligado e disse: “filhos de uma grandessíssima mãe. Cães. Da próxima vez, conto-lhes uma história, se houver próxima”. Tudo aconteceu durante a eleição para os representantes das diversas comissões de trabalho da assembleia, quando foi votada uma lista conjunta, acordada entre o PSD e o PS.
A Acreditar Lousada voltou a pedir a demissão da líder da Assembleia, o que acabou por motivar uma troca de palavras mais azedas e alguns ânimos mais exaltados com os deputados da maioria PS.
Mas para Pedro Machado “há coisas que não merecem que se perca tempo com elas”, e esta discussão “é uma delas”.
A socialista, Eduarda Ferreira, tomou a palavra para enaltecer as qualidades de Maria de Lurdes Castro, sublinhando que “é uma pessoa com uma elevação de valores” inquestionáveis e que o que foi dito “não passou de um desabafo, que não foi dirigido a ninguém”.
Opinião contrária tem Leonel Vieira, da coligação, que viu as declarações como “insultos e ameaças, proferidas após uma eleição democrática, livre e secreta”. E, por isso, dirigindo-se à presidente perguntou: “considera ter condições institucionais, pessoais e autoridade moral necessárias para poder continuar a exercer o cargo de presidente da AM?”.
Maria de Lurdes Castro desvalorizou as acusações, afirmando que vai continuar a dirigir a assembleia.