Três operadores turísticos marítimos do rio Douro criticaram esta semana o “mau serviço” da CP — Comboios de Portugal na Linha do Douro, – que liga Ermesinde ao Pocinho -, que dizem estar a “prejudicar o turismo”. Referindo-se ao último fim-de-semana, num comunicado conjunto, as empresas Barcadouro, Rota do Douro e Tomaz do Douro acusam a CP de dar “mostras, uma vez mais, das suas fragilidades operacionais, prejudicando seriamente a actividade económica regional e a mobilidade das populações”.
Para estas operadoras “continua a haver ligações suprimidas em cima da hora, sobrelotação das carruagens, faltas de manutenção e avarias recorrentes do material circulante, falhas nos sistemas de ar condicionado, carruagens grafitadas (vidros incluídos) e o recurso reiterado a autocarros que fazem por via terrestre o percurso que milhares de turistas antecipadamente escolheram fazer por ferrovia”. No comunicado, as empresas sublinha ainda que “para seu próprio prejuízo e com consequências negativas para o produto turístico Douro”, “o único operador nacional habilitado a fazer o transporte ferroviário de passageiros continua a não prestar um serviço compatível com as necessidades da indústria turística, a mobilidade das populações e a sustentabilidade dos territórios que têm no rio um dos seus principais ativos económicos”. “A alternativa volta a ser o transporte terrestre, o que nem todos os turistas aceitam e acarreta perdas não desprezáveis a três empresas que no ano passado compraram à CP mais de 750 mil euros em viagens de comboio”, dizem.
Indignadas com “a falência das prometidas “soluções” adotadas (?) pela CP e pelo “reforço” do material circulante previsto para a referida linha no pico da atividade turística”, sobretudo porque”subsistem os problemas, visivelmente ditados por uma oferta insuficiente e desajustada da procura”, as três operadoras responsabilizam a CP pelos “prejuízos que têm registado nas últimas semanas, com as desmarcações e pedidos de reembolso de agências de viagens, grupos de turistas estrangeiros e famílias inteiras, pela insuficiente resposta do serviço público ferroviário e inferior valor turístico das alternativas rodoviárias disponibilizadas”. As operadoras apelam ainda aos ministérios da Economia e do Planeamento e das Infraestruturas, à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, entre outras entidades, para que coloquem “a CP e o turismo no Douro no topo das respectivas agendas.
CP reconhece “manifesta necessidade de proceder à ampliação e renovação do seu parque de material circulante”
A CP – Comboios de Portugal, em declarações ao VERDADEIRO OLHAR, frisa que tem “registado nos últimos três anos crescimentos brutais da procura ao nível dos seus vários serviços” em geral, e “com particular incidência em regiões de maior significado para o turismo na época de verão, como é o caso da linha do Douro”, que “traz consigo também preocupações já assumidas pela gestão da empresa, junto da tutela e publicamente, relativamente à manifesta necessidade de proceder à ampliação e renovação do seu parque de material circulante, por forma a dar resposta a este aumento de passageiros”. Assim, dizem, as reacções destas empresas de turismo “são acolhidas pela CP com preocupação mas constituem também alertas para uma situação que a gestão da CP continuará a procurar resolver em conjunto com a tutela, na expectativa de que sejam encontradas soluções num futuro próximo, permitindo que estas situações não se verifiquem no próximo ano”. A CP frisa ainda que no caso específico do Douro, o “reforço de oferta tem sido uma constante diária nos últimos meses, mas a capacidade não é efectivamente ilimitada”. “A CP continua disponível para um esforço de coordenação com os vários operadores turísticos, que permita que a utilização da oferta ao longo dos vários períodos do dia para poder dar resposta aos grupos de turistas que visitam esta região”, acrescentam.
A CP salienta ainda que o transporte de grupos na Linha do Douro (entre os quais se incluem os clientes dos cruzeiros), no primeiro semestre de 2016, cresceu 40 por cento, relativamente ao período homólogo de 2015, o que correspondeu a um acréscimo de 11.750 na quantidade de viagens realizadas nesta linha. No mês de junho de 2016, na Linha do Douro, o crescimento dos passageiros em grupos (onde se incluem os clientes dos cruzeiros), foi de 73 por cento, mais 8.314 viagens realizadas, num total de 19.629 passageiros transportados em Grupos nesse mês.