A obra de requalificação da Rua de São Vicente e Ponte do Reguengo, em Alfena, Valongo, começou em Junho de 2017 e tinha um prazo de execução de 150 dias. Cerca de 10 meses depois, a obra está por acabar, critica a Junta de Freguesia de Alfena, gerando “filas intermináveis de trânsito” e uma “situação dramática” no comércio local com queixas recorrentes de comerciantes e moradores.
Em comunicado, Arnaldo Pinto Soares, autarca de Alfena, diz que a posição assumida pela Câmara Municipal de Valongo é “inadmissível”. “O presidente Arnaldo Pinto Soares lamenta que o presidente da Câmara de Valongo não se desloque ao terreno para ‘dar a cara’ e justificar o atraso da empreitada. Uma atitude que demonstra falta de respeito pelos alfenenses”, refere o documento.
Contactado, o vereador das Obras Municipais justifica o atraso com vários contratempos no decorrer da obra e com pedidos de prorrogação por parte do empreiteiro que já está a ser multado diariamente. Para a rua ficar concluída falta a colocação de betuminoso, diz Paulo Esteves Ferreira, o que só é possível depois de, pelo menos, uma semana de tempo seco. Nesta fase, mudar de empreiteiro só iria prolongar o problema por mais três meses, sustenta o autarca.
Comércio local está “isolado, abandonado e em situação dramática”, diz Junta
As obras de requalificação da rua e de alargamento da ponte foram lançadas a 21 de Junho do ano passado. “É uma obra necessária e que a junta de freguesia de Alfena há muito reivindica. No entanto, hoje são 12 de Abril de 2018, ou seja, passaram-se 10 meses e a obra nesta via estruturante da cidade não está concluída”, critica a junta.
Segundo a mesma fonte, uma reunião “depois de muita insistência com a autarquia local”, juntou representantes da Câmara, Junta de Freguesia, moradores e comerciantes do Lugar do Reguengo e ficou a promessa que o trânsito reabriria até 31 de Março.
Mas a obra acabou por prolongar-se e ainda não está concluída, deixando o comércio local “isolado, abandonado e em situação dramática”. “Os dois restaurantes que ficam na zona perderam muitos clientes, na hora do almoço, porque o desvio, de cerca de três quilómetros, tornou-se incomportável”, dá como exemplo a Junta de Freguesia de Alfena.
Por outro lado, o caos no trânsito é constante, com filas “intermináveis”, já que a circulação se faz pela rua Manuel Bento Júnior, onde está instalado o Hospital Privado de Alfena, que, por norma, já tem muito trânsito, refere a autarquia local em comunicado. Ainda de acordo com a Junta, as queixas dos moradores e comerciantes à freguesia são constantes.
“O presidente da Junta de Freguesia de Alfena lamenta a postura do presidente da Câmara de Valongo que se limita a culpar o empreiteiro pelo atraso”, termina o comunicado.
Troca de empreiteiro ia parar a obra três meses
Ao Verdadeiro Olhar, o vereador das Obras Municipais confirma a reunião realizada e diz que já foi explicado, à Junta e aos moradores, que o atraso não se deve à actuação da câmara, mas decorreu de “situações imprevistas e de um conjunto de problemas, nomeadamente de uma conduta que rebentou logo no início da empreitada e limitou o processo de obra e obrigou a uma reformulação do projecto”. “Para além disso, o próprio empreiteiro não deu a resposta que estávamos a contar. Já lhe foi enviado um documento a impor multas, porque ele estava a pedir, constantemente, prorrogações de prazo que acha que lhe são devidas e com as quais não concordamos. Neste momento já está a ser multado diariamente”, avançou Paulo Esteves Ferreira.
Segundo o autarca, foi ponderada a hipótese de mudar de empreiteiro. “Mas todo o procedimento de contratação pública para mudar de empreiteiro vai implicar demorar mais três meses. Isto numa fase em que a obra, apesar de todos os constrangimentos, está na fase final. A população não iria perceber que, de repente, se parasse a obra, saísse de lá toda a gente e durante três meses não aparecesse lá ninguém”, defende.
O vereador refere que para abrirem a estrada falta apenas a colocação de betuminoso, que só ainda não foi feita porque o tempo não o permite. “É necessária pelo menos uma semana de tempo seco. Para a semana prevê-se bom tempo. Se os pavimentos estiverem devidamente compactados eles começam com betuminoso, se não vamos ter que aguardar por duas semanas de bom tempo para o fazer”, confirma. Isso pode levar o grosso da obra a ficar terminada entre o final de mês de Abril e início de Maio. “Quando falo de conclusão da obra já só falo em abrir a ponte para que haja tráfego automóvel, depois os pormenores ainda podem demorar mais um mês ou dois porque já não terão impacto negativo na vida das pessoas”, sustenta.
Paulo Esteves Ferreira garante que a autarquia está solidária e percebe o problema que foi gerado. “Na altura do rebentamento da conduta tínhamos que tomar uma opção. Ou púnhamos Alfena toda durante uma semana sem água ou tomávamos medidas cautelosas e fazíamos uma intervenção mais demorada. A nossa opção foi não prejudicar uma população toda. Foi uma boa decisão”, conclui.