O vazio existencial

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«Um vício, em geral, é um sintoma de um profundo vazio existencial». Não sei ao certo quem disse esta frase, mas parece-me profundamente verdadeira.

Porquê?

Porque os vícios, sejam eles quais forem, são sempre uma certa fuga da realidade, que se experimenta como demasiado dura ou difícil de enfrentar. O problema é que, quanto mais a pessoa se afasta da realidade, menos forças tem para a enfrentar. Isso gera um verdadeiro círculo vicioso.

As condutas viciadas são como um analgésico para uma certa fadiga de viver. Procurar o prazer pelo prazer (isto costuma estar presente em toda a conduta viciada) demonstra uma falta de horizonte vital, de um projecto de vida que vá mais além do imediato.

A pessoa sente que se perdeu a si mesma, e isso é o que caracteriza o vazio existencial. Por isso, o vício é muitas vezes um sintoma de um problema mais profundo, mas não é o problema em si, como no caso da febre.

Sem combater o vazio existencial torna-se muito difícil superar condutas viciadas.

Um cristão sabe que a sua vida tem um sentido. Sabe de onde vem, para onde vai e porque é que está por aqui. Através da oração (encontro pessoal com Jesus Cristo) está chamado a manter vivo esse sentido e, assim, ajudar aqueles que convivem com ele a descobrir na prática que “vale a pena viver”.

«Não vos entristeçais como os outros, que não têm Esperança» (1 Tes 4, 13), diz São Paulo aos tessalonicenses.

Nós, cristãos, temos um futuro. Não é que conheçamos em pormenor tudo aquilo que nos espera, mas sabemos que a nossa vida não termina no vazio. Somente quando o futuro é certo como uma realidade positiva é que se torna possível viver o presente sem se deixar arrastar por condutas viciadas, sejam elas quais forem.

Quem tem Esperança, vive de um modo diverso, porque lhe foi dada uma vida nova, que é o contrário do vazio existencial.