A campanha eleitoral para as próximas eleições legislativas está a arrancar e começam a desenhar-se os cenários que teremos pela frente, restando cada vez menos dúvidas quanto às opções que cada português terá à sua disposição para decidir o futuro do país.
Mesmo que oficialmente as máquinas partidárias partamapenas agora para a rua em força, a verdade é que os últimos tempos e a forma como estas eleições foram precipitadas são reveladores do que podemos esperar dos principais protagonistas políticos, havendo já nesta altura uma clarificação das ideias e projetos defendidos pelosmúltiplos partidos políticos.
E também aqui, restam-nos poucas dúvidas para o que vêm, cabendo agora a cada um de nós dois deveres: por um lado, a necessidade de participação cívica com o direito de voto e, por outro, a opção consciente e esclarecida por um projeto político para Portugal.
Neste último pressuposto, as diferenças de pensamento e de ideias são claras, para além da ideologia política, o que nos facilita na escolha que entendemos fazer, atendendo a que o espetro é amplo e bastante abrangente, facto que ficou ainda mais vincado nos últimos debates televisivos, que embora possam não ser decisivos, acabam por ser um barómetro de cada candidatura.
Neste caso em concreto, António Costa tem revelado a sua experiência, competência e preparação política no domínio dos vários assuntos, apresentando com transparência a sua visão para as diferentes áreas estruturais de intervenção governativa, que acaba por sair sustentada pelos 6 anos de governação do PS, que nos demonstram o que podemos contar de um futuro governo socialista.
No debate entre os dois principais candidatos – António Costa e Rui Rio – ficaram demonstradas as diferenças entre ambos, nomeadamente em setores como a saúde, a economia, a concertação social e a justiça, onde não só voltamos a conhecer o que Partido Socialista defende, como fomos surpreendidos por medidas que constam do programa do PSD e que devem merecer a nossa preocupação, como o ataque à isenção do sistema judicial pela interferência política.
Desde logo, na visão que o PS apresenta para o país em matéria económica e que, aliás, foi bem diferente do último governo do PSD, demarcando-se de uma política de recessão e austeridade constante, para iniciar um novo período, onde Portugal cresceu mais do que a média da União Europeia, destacando-se com o aumento do PIB em 11,5%, através do maior investimento (mais de 28%) e da evolução positiva das exportações (+23%), acompanhado da redução progressiva da carga fiscal sobre as famílias e as empresas, desde o IRS ao IRC e ao IVA da restauração e eletricidade, resultados que se traduzem no crescimentoglobal de sete vezes mais do que nos últimos quinze anos.
No que diz respeito à saúde, onde Portugal se pode orgulhar de ter um Sistema Nacional de Saúde elogiado pela Europa fora, socialistas e sociais-democratas não podiam estar mais afastados, numa escolha entre a defesa intransigente do SNS, por parte do PS, e de uma perspetiva do fim de um serviço de saúde tendencialmente gratuito, pela voz do PSD, que vem colocar em causa uma das maiores conquistas do nosso país.
Não podemos, depois de anos a lutar pela igualdade no acesso a um bem essencial, embarcar em aventuras perigosas que colocam em causa princípios fundamentais da nossa democracia, sendo decisivo abraçar um caminho diferente, de reforço do SNS, com mais meios, melhores condições e, principalmente, de valorização dos seus (e bons) ativos, como os profissionais de saúde. No momento em que a sua relevância, mais do que nunca, é inquestionável, importa continuar o trajeto de investimento que o último governo promoveu, invertendo anos de desinvestimento no setor.
No panorama social, as divergências com a direita são ainda maiores para o Partido Socialista, numa lógica de apoio às famílias, incluindo a classe média, e de aumento dos salários, sem comprometer as empresas, criando para o efeito incentivos fiscais e de investimento na modernização. Como exemplo, podemos nomear a proposta do PS de dedução de 900 euros para todas as famílias a partir do segundo filho, o que contrasta com o que defende a direita, beneficiando mais as famílias com elevados rendimentos.
António Costa e o Partido Socialista assumiram ainda, para o próximo quadriénio, o compromisso de combate às alterações ambientais, a partir da transição climática, por meio da redução em 55% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030, do aumento para 80% da eletricidade produzida por energias renováveis até 2026 e da redução em 40% das emissões do setor dos transportesaté 2030, reforçado, entre outros, pela aposta na ferrovia, num esforço partilhado e reconhecido por todos.
Todas as estas medidas terão, com toda a certeza, de ser acompanhadas por uma gestão responsável e eficiente das contas públicas, um exercício que António Costa já deu provas de executar com sucesso, num quadro particularmente exigente. Se dúvidas restassem, bastava comparar o período de governação do PSD com os últimos governos socialistas para perceber que hoje temos os défices mais baixos da democracia e resultados económicos de grande equilíbrio, contrariamente ao período de poder laranja, marcado por austeridade sobre austeridade e sem resultados à vista.
Os dados estão, por isso, em cima da mesa e sabemos que o seu cumprimento, tal como esta crise política demonstra, está dependente da estabilidade, onde os portugueses terão uma palavra a dizer. Nestas eleições, estará em causa a definição do xadrez parlamentar, que condicionará a formação de um governo e a sua capacidade de ação, pelo que o voto de cada um de nós é realmente decisivo e a abstenção será um passo para as aventuras políticas dos extremismos políticos, tudo o que Portugal e a Europa não precisam.