O que está em jogo para Alberto Santos e para Penafiel

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O conflito no PSD de Penafiel não nasceu ontem. Há anos que a relação entre Alberto Santos e Antonino de Sousa foi azedando, mas talvez muitos já se tenham esquecido da forma como a ex-vereadora Susana Oliveira, então vice-presidente e vista por muitos como a sucessora natural da coligação “Penafiel Quer”, foi afastada de cena por Antonino. Na altura, todos se lembram das palavras elogiosas que Alberto Santos escreveu num artigo de opinião, onde defendeu Susana Oliveira e, sem meias palavras, atacou Antonino de Sousa.

Nas últimas semanas, este conflito interno atingiu um novo nível. Pedro Cepeda, atual vice-presidente de Antonino, convocou uma conferência de imprensa para anunciar que estava “disponível” para ser candidato à Câmara. Não assumiu uma candidatura independente, nem disse que era o candidato do PSD, mas a intenção foi clara: desafiar Alberto Santos, o presidente da Comissão Política Concelhia, e tentar condicionar a escolha do partido.

Mas esta semana trouxe uma reviravolta inesperada. Alberto Santos, que estava prestes a ser formalmente indicado como cabeça-de-lista da coligação “Penafiel Quer”, foi convidado para integrar o Governo e aceitou ser Secretário de Estado da Cultura. O nome que ia amanhã a votos no PSD de Penafiel já não irá.

O que se segue?

Este desfecho levanta várias questões. A primeira – e a mais dura – é o facto de Alberto Santos ter aceitado o cargo sem sequer ouvir os seus principais apoiantes: presidentes de junta, ex-vereadores, líderes de associações concelhias, empresários. Gente que, ao longo dos últimos meses e anos, o defendeu, enfrentou Antonino de Sousa em seu nome e sofreu represálias por isso. Todos foram apanhados de surpresa. Mas não foi só o facto de se ter esquecido deles. Durante estes dias, ignorou-os quase completamente, numa atitude que já não parece apenas distração, mas compromisso com algo que os vai magoar.

Alberto Santos tem a obrigação moral de não deixar estas pessoas entregues à sua sorte, depois de lhes pedir que enfrentassem Antonino de Sousa por ele. Todos compreendem que o convite para integrar o Governo seja um reconhecimento justo do seu percurso e do seu conhecimento, mas há responsabilidades que não desaparecem de um dia para o outro. Amanhã, tem de apresentar uma alternativa ao seu nome.

E, antes que ele próprio o faça, as movimentações começaram por conta própria. Nas últimas 24 horas, são muitas as manifestações públicas de apoio a uma candidatura de Susana Oliveira, alguém que Alberto Santos sempre tratou como a seu delfim e que muito provavelmente seria a sua vice-presidente. Se o PSD insistir na imposição de Pedro Cepeda, está a abrir caminho para uma candidatura independente fortíssima, que reuniria uma grande parte da sociedade civil, e que poderia muito bem ser protagonizada por Susana Oliveira.

A realidade é simples: se amanhã Pedro Cepeda for o candidato, Alberto Santos sairá politicamente descredibilizado.

Espinha dorsal ou mais do mesmo?

Todos querem acreditar que Alberto Santos não é farinha do mesmo saco. Que é alguém com princípios, que tem espinha dorsal e que, por isso, não deixará os seus ficar para trás e, acima de tudo, não irá ceder a quem tão mal o tratou nos últimos tempos. Oxalá não se prove o contrário.

Seria uma desilusão para muitos, incluindo para nós.

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