O preço da política de “terra queimada” em Penafiel

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Na semana passada, começámos a levantar o véu sobre um problema que há muito se vinha a sentir nos bastidores da política penafidelense: o afastamento sistemático de figuras próximas de Alberto Santos, ex-presidente da Câmara e atual líder da Comissão Política Concelhia do PSD de Penafiel. Esta semana, trazemos novos desenvolvimentos, que apenas vêm reforçar aquilo que muitos já suspeitavam: há, de facto, uma “purga” em curso na Câmara Municipal, liderada pelo atual presidente, Antonino de Sousa.

A relação entre Alberto Santos e Antonino de Sousa, que começou como uma parceria política sólida, com ambos a conquistar eleições lado a lado, transformou-se agora numa rivalidade que afeta diretamente a vida política e administrativa do concelho. Aquilo que começou como uma competição interna pelo controlo do PSD local, passou a ter consequências diretas para autarcas, freguesias e instituições que, de uma forma ou de outra, apoiaram Alberto Santos na sua candidatura à liderança da Comissão Política Concelhia do partido.

Os relatos são claros. Presidentes de junta que foram excluídos de eventos oficiais na sua própria freguesia, obras canceladas ou reduzidas drasticamente, ex-colaboradores afastados de cargos sem explicações convincentes… a lista de queixas vai crescendo, e a resposta da Câmara Municipal? Silêncio ou explicações evasivas. E se na semana passada começámos a contar a história da Universidade Sénior e da tentativa de desalojar a ADISCREP, esta semana a história repete-se com outros protagonistas.

Aquilo que poderia ser visto como uma simples reorganização política na Câmara está a tomar contornos de uma verdadeira política de “terra queimada”. Quem não está do lado certo — ou melhor, do lado de Antonino de Sousa — parece ver-se progressivamente afastado e esquecido. As consequências não se refletem apenas nos autarcas que ficam fora das reuniões ou sem respostas a telefonemas. As verdadeiras vítimas desta guerra interna são as freguesias e os cidadãos que dependem de projetos e obras para melhorar o seu dia-a-dia.

E como é que Penafiel chegou aqui? Quando Antonino de Sousa venceu as eleições para a Câmara com o apoio de Alberto Santos, todos acreditavam que a transição seria pacífica e benéfica para o concelho. Mas a luta interna pelo controlo do PSD trouxe ao de cima uma faceta que ninguém queria ver: a de um presidente que, em vez de governar para todos, parece mais interessado em garantir que quem não o apoiou perceba que isso tem consequências.

Ora, se Antonino de Sousa quer continuar a liderar Penafiel e terminar o mandato com alguma dignidade, terá de repensar esta estratégia. Não se governa um concelho a castigar os adversários internos. Não se ganha o respeito da população com uma política de exclusão. E, acima de tudo, não se constrói um futuro para Penafiel quando o presente está envolto em retaliações e ajustes de contas.

Voltaremos a este assunto. Hoje falamos dos perseguidos, mas há também os beneficiados pela lealdade a Antonino de Sousa. E é sobre esses que falaremos em breve.