A importância dos portos para as cidades é hoje muito mais do que o brutal impacto da sua atividade na economia local, regional e nacional, interferindo direta e indiretamente no desenvolvimento social e territorial e na forma como os municípios se posicionam para a sustentabilidade futura.
Esta ligação reflete-se no emprego e na capacidade de fixação das famílias nas proximidades dos portos, bem como na dinamização da região, onde se inclui o Tâmega e Sousa, estimulando a criação de novas áreas industriais/empresariais, a captação de renovadas dinâmicas sociais e económicas e a potencialidade de fazer a diferença ambiental.
O impacto de um porto é muito superior àquele que exerce no meio urbano onde está integrado, sendo decisivo na capacidade exportadora e importadora do tecido empresarial e industrial e garantindo a sustentabilidade das atividades económicas da região, que são efetivamente marcantes no contexto da economia nacional, o que promove ainda o alcance de novos mercados e a dinamização de potenciais unidades de negócio.
No caso em concreto da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, que gere as mais importantes infraestruturas portuárias do país, este último propósito encontra respaldo na sua estratégia, numa simbiose muito interessante com as opções dos municípios de Matosinhos e Viana do Castelo, que olham para a descarbonização, para a transição energética e para a aposta em cidades verdes com grande atenção.
A constituição do primeiro mercado de carbono local em Matosinhos e de um cluster de inovação e sustentabilidade em Viana do Castelo, dedicado à produção de energias renováveis, são apenas dois importantes exemplos de iniciativas que contaram (e contam) com a disponibilidade e participação da autoridade portuária, que sem qualquer hesitação, lançou recentemente o seu ambicioso Road Map para a descarbonização e transição energética, propondo-se a atingir a neutralidade carbónica e a autossuficiência energética até 2035.
Para este objetivo, foram já desenhadas diversas linhas de orientação de um porto com uma pegada ambiental cada vez menor, nomeadamente a nível da mobilidade verde. Para além da proibição de circulação de veículos pesados mais poluentes (até Euro IV) na área portuária, desde 1 de janeiro de 2021, o que reduzirá as emissões desta natureza em 50%, está a ser trabalhado o acesso e trânsito de veículos ligeiros no porto, conjuntamente com os operadores e todas as entidades que integram o ecossistema portuário.
Ainda esta semana, com a apresentação do primeiro camião elétrico a operar em Leixões, a APDL deu um sinal da mudança que está a concretizar, promovendo progressivamente a transformação da frota portuária para um modelo mais eficiente e crescentemente descarbonizado e impactando na qualidade de vida das populações locais.
Este trajeto, a par dos investimentos na eletrificação dos cais da Via Navegável do Douro, do acolhimento de importantes empresas do setor da produção de energias eólica, solar e das ondas e de startups viradas para o mar, bem como das operações pioneiras de abastecimento a GNL, conduzirão a uma nova realidade no contexto dos portos nacionais e internacionais, posicionando o país na dianteira da sustentabilidade ambiental.