Estive recentemente no lançamento do Conselho Estratégico Nacional do PSD (CEN) do Distrito do Porto. Em que consiste este conselho? “Uma forma de mostrar que o Partido está vivo”, pensarão uns; “Mais um ‘órgão’ inócuo”, pensarão outros. Dentro do Partido talvez haja alguma confiança neste conselho, a julgar pela afluência de militantes e simpatizantes. Ainda bem, porque é o sonho que nos move.
O facto, segundo a voz do presidente do Partido, é que este conselho parte de uma conclusão à qual ninguém tinha realmente chegado: os partidos estão cada vez mais longe das pessoas, que confiam cada vez menos na classe política. Este divórcio é mais evidente à medida que nos afastamos do grande marco da democracia. Na verdade, é a evidência de que o sistema parlamentar não funciona na sua plenitude. Uma simples pergunta feita aleatoriamente aos cidadãos corrobora esta afirmação: quantos conseguem identificar os deputados eleitos pelo seu distrito? Poucos, para ser generosa na resposta.
O CEN nasceu, portanto, desse desígnio: aproximar os cidadãos da política. O princípio é positivo. O PSD quer ouvir os cidadãos, militantes ou não, que pretendam contribuir para a conceção de políticas, nas mais diversas áreas, que ajudem a resolver os problemas do país, contribuindo para o seu desenvolvimento. Todos conhecemos tanta gente com valor, conhecedora da realidade, com ideias e projetos, que pode contribuir para um país melhor. Mas não chega pedir-lhes contributos. É preciso que as pessoas sintam que os políticos administram a res publica de boa-fé e não para concretizar objetivos pessoais. Se os contributos das pessoas e os estudos redundarem em grossos volumes para embelezar prateleiras e ilustrar palestras, então nada valerá a pena. Porque a proximidade não chega, é preciso a adesão, aquele estado em que as partes formam um todo. Mas o otimismo é sempre preferível, porque alavanca o trabalho. Portanto, vamos em frente: os frutos ajudarão a aquilatar a qualidade dos esforços empreendidos.
Esforço é, aliás, o que é preciso, segundo Rui Rio, para inverter a trajetória descendente que o Partido tem percorrido desde 2005 relativamente às eleições autárquicas. À distrital portuense, que tem novo rosto desde julho, é pedido muito trabalho, que não pode ser feito apenas a escassos meses das eleições. Só um trabalho consistente e contínuo (na maior parte dos casos, na oposição) poderá inverter esta trajetória. Desenganem-se aqueles que pensam que, com meia dúzia de chavões e ruído mediático, conseguem ganhar eleições.
O PSD Lousada não tem conseguido inverter o ciclo político que dura há quase 30 anos. Por isso, o esforço de todos aqueles que querem, com os seus saberes e experiência, inverter este ciclo deve ser valorizado. Creio que não precisamos de nenhum conselho estratégico, pois, num concelho tão pequeno, a proximidade é trabalho fácil. Assim queiramos.
De Rui Rio, os militantes acreditam numa oposição forte e construtiva, capaz de mobilizar e agregar os militantes e simpatizantes, o que não tem sido conseguido.
Boa rentrée política para todos!