Um meu colega e amigo contou-me há dias uma história curiosa. Ele vai com alguma frequência a um país africano de língua oficial portuguesa para colaborar em diversas atividades. Numa delas foi convidado por um alto funcionário do estado para uma deslocação a uma cidade do interior onde foi acolhido para uma sessão de trabalho de manhã, um almoço em restaurante e um jantar na própria casa do anfitrião.
Sendo Quinta-Feira Santa, informou-se sobre o horário da missa, a que não queria deixar de assistir, e soube que haveria uma às 18 horas. Durante o almoço, com vários convidados, começou a ficar preocupado porque nestas refeições festivas, segundo provava a sua experiência nestas terras, sabe-se a hora do começo nas nem por isso a hora a que acaba. Inquieto quando via que as horas o apertavam, disse ao funcionário que tinha um compromisso na cidade e que tinha de sair. Instado a que revelasse o compromisso, pois estava ali como seu convidado, disse que queria ir à missa das 18 horas. Com algum espanto ouviu o seu anfitrião e também amigo dizer “Ora, vamos todos!” E assim aconteceu, tendo desde logo ficado assente que depois da missa iriam então jantar a sua casa.
As cerimónias da Quinta-Feira Santa, com a igreja cheia, não eram propriamente uma celebração rápida, e às tantas foi a vez de o seu amigo anfitrião revelar inquietação e dedilhar o telemóvel, acabando por dizer que tinha mesmo de sair, mas que estivesse tranquilo pois teria à sua disposição,no fim da missa, um carro com motorista para o levar ao jantar em sua casa.
Assim aconteceu e à hora aprazada chegou a casa do funcionário para um ótimo jantar e o anfitrião perguntou: “Sabe quem fez o jantar?” Perante a resposta negativa disse: “Pois fique sabendo que foi a minha filha!” Era uma adolescente de apenas 14 anos, grata e um tanto atrapalhada com os elogios que lhe fizeram.
O jantar terminou com uma magnífica sobremesa em que se salientava um delicioso bolo de laranja. Novamente perguntou o anfitrião: “Sabe quem fez o bolo?” Desta vez, houve uma resposta sorridente: “Foi a sua filha, claro!” Com ar triunfante retorquiu: “Pois fique sabendo que fui eu que o fiz!” Perante o espanto geral, acrescentou: “Então por que é que o meu amigo julga que saí mais cedo da missa?” Pelos vistos a filha mandara-lhe um SMS a dizer que estava com dificuldades em fazer o bolo!
Quando ouvi a história, fiquei com curiosidade de conhecer a receita: acontece que minha mulher faz um “rolo de laranja” muito bom e queria desafiá-la a tentar esta receita “africana”. O meu amigo prometeu tentar arranjar-ma e que depois ma enviaria. Tencionava também colocar aqui a própria receita, mas como já passou algum tempo e não quero atrasar este artigo, resolvi mandar em vez disso os ingredientes do rolo de laranja da minha mulher: sumo e raspas de duas laranjas, 8 ovos, 350g de açúcar e 50g de manteiga derretida, 50g de farinha. A preparação é fácil e está disponível na Internet, onde se encontram várias receitas praticamente iguais, com o nome de “torta de laranja”. Espero que experimentem porque vale a pena. Bom apetite e bom proveito!