É filho da terra e costuma dizer que tem “38 anos de vida e 38 anos de bombeiro”. Marco Ferreira, bombeiro há 23 anos e filho do antigo quarteleiro dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios, foi oficialmente empossado, este domingo, comandante da corporação, no dia em que os bombeiros assinalaram os 94 anos de existência.

Em funções desde Março, Marco Ferreira diz-se bem recebido pelos companheiros que conhece bem e que o seu principal objectivo passa por ajudar a direcção a equilibrar as contas da associação humanitária.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

É bombeiro há 23 anos e nunca sonhou ser comandante

Não nasceu dentro do quartel, mas quase. Desde pequeno que estar nos bombeiros se tornou rotina. Marco Ferreira é filho do antigo quarteleiro da corporação. “Foi o meu pai que me meteu o bichinho disto”, reconhece.

E porque “filho de peixe, sabe nadar”, ou pelo menos quer aprender, ingressou na corporação mal pôde, por volta dos 15 anos. Naquela altura, reconhece, era muito diferente ser bombeiro. “Agora estamos muito mais evoluídos e temos outras condições de trabalho, quer em viaturas quer em instalações. Mas na altura também havia um companheirismo diferente”, acredita.

É bombeiro há 23 anos. E ser comandante não lhe passava pela cabeça. Mas depois da demissão da estrutura do comando da corporação, em 2016, acabou por ser convidado, no final desse ano, para assumir as funções.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Sempre disse que não tinha estofo para isto. Acho que sei ser líder, mas não acho que saiba mandar. Nunca pensei ser comandante, foi uma decisão muito ponderada. O tempo dirá se tomei a decisão certa”, diz.

Fez formação e, em Março último, foi nomeado comandante dos Bombeiros de Entre-os-Rios e tomou posse oficiosa. A escolha foi bem aceite pelos cerca de 60 homens e mulheres do corpo activo, garante. “Não estou aqui de paraquedas, conheço alguns dos bombeiros desde que chegaram aqui”, comenta.

É o ser bombeiro que lhe ocupa grande parte dos dias, até porque era bombeiro assalariado da corporação há 10 anos, mas assume que o comando veio ainda trazer mais exigência. “Quando não sou comandante sou pai e marido, não há tempo para mais nada”, conta Marco Ferreira.

 

Sonhos vão esperar. Corporação precisa de saúde financeira primeiro

Talvez por conhecer a corporação por dentro e por fora, Marco Ferreira sabe que os sonhos têm limites e tempos certos.

Um deles passava por dotar a corporação de um carro de abastecimento de grande capacidade, de pelo menos 10.000 litros. Neste momento o veículo com mais capacidade tem 6.000 litros. “Sei que é um grande investimento face às despesas que existem”, refere.

Por isso, primeiro, e mesmo não sendo da sua competência, o novo comandante propõe-se a ajudar a direcção da associação humanitária a equilibrar as contas. Só depois fará pedidos.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Até porque, com uma frota com média de 10 anos e vários veículos com mais de 400.000 quilómetros, será necessário continuar a renovar a frota automóvel. Também é preciso continuar a apostar na formação, que tem que ser contínua, já que o “socorro assim o exige”, e atrair novos bombeiros. “Os bombeiros são sempre poucos, até porque a emigração tem levado muitos”, explica.

A equipa de comando já está composta. José Filipe é o segundo comandante e Mário Rocha irá em breve assumir as funções de adjunto de comando.

Marco Ferreira diz-se preocupado com a época de incêndios. “Acho que este ano vai ser complicado por uma conjugação de factores. Nunca tivemos dias tão quentes, as matas estão cada vez menos limpas, há pouca chuva e temos tido muitos ventos”, afirma.