Quantas vezes ouvimos alguém dizer que “os políticos são todos iguais”, querendo com isto dizer que nenhum deles merece confiança? Se a expressão parece injusta por catalogar da mesma forma todos os políticos, não é menos verdade que muitos dos visados não têm contribuído para o bom-nome da classe.
Não há democracia sem políticos e não há desenvolvimento de um território sem uma governação de qualidade. E sem políticos de qualidade não é possível concretizar nenhuma dessas ideias, já que o rigor das suas decisões e o comportamento público e ético são condições tão importantes como o conhecimento do território e da sua comunidade.
Além da corrupção, a que se espera que qualquer pessoa séria não ceda, independentemente do cargo que ocupe, deve preocupar-nos a todos uma certa naturalidade com que vários políticos vão mentindo na redacção do seu curriculum vitae e uma certa normalidade com que parte da opinião pública vai aceitando, aparentemente, que assim seja. Da mesma forma que aceita (de ânimo leve) que um ex-político indiciado em vários processos-crime seja comentador num canal de televisão, ainda por cima a falar de ética política.
É preocupante que políticos que saíram de funções envoltos em suspeitas fundamentadas de envolvimento em processos de corrupção apareçam, passado algum tempo, totalmente reciclados e a dar-nos lições de moral. É alarmante que aceitemos com naturalidade as relações eticamente promíscuas entre políticos e gestores, banqueiros, jornalistas ou amigos.
Esta nossa tolerância, que nos põe em linha com países pouco recomendáveis neste aspecto, terá consequências prejudiciais no sistema político português. Aos políticos exige-se que as suas atitudes façam envolver os portugueses nas decisões políticas e não que os afastem com o pensamento de que “são todos iguais”. É urgente uma nova geração de políticos.