O projeto de rearborização da AV. Cidade Salamanca, na cidade da Guarda, tem estado no centro da polémica devido ao abate de dezenas de árvores sem uma fundamentação aceitável. A Câmara Municipal da Guarda contraria o proposto num relatório de análise técnica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que refere a necessidade de abate de apenas 1 árvore na Av. Cidade de Salamanca por se apresentar segundo o relatório “(…) numa condição de declínio acentuada e/ou a colocar em risco pessoas e bens pela possibilidade de fratura de ramos ou da queda da própria árvore (…)”. A Quercus tem conhecimento de que a referida árvore já foi cortada em 2015, através de comunicação da UTAD à Câmara Municipal da Guarda onde esta Universidade demonstra o desagrado pela intervenção publicitada pelo Município não estar de acordo com os pareceres técnicos da UTAD.
No sítio da internet do Município da Guarda, existe apenas uma informação “Rearborização da Av. Cidade de Salamanca arranca a 1 de Março”, em que não é dado destaque nenhum ao abate indiscriminado de 40 Cedros, assim como Tílias de grande porte. A Quercus compreende a necessidade de substituição de algumas árvores, mas deveria ser efetuado um planeamento faseado ao longo de vários anos e não cortar todo o arvoredo urbano na antiga N16 em poucos dias, pelo que apela à suspensão do abate perpetuado pelo Município da Guarda.
O corte raso de árvores saudáveis de grande porte continuou após diversos alertas e as reações não se fizeram esperar, surgiu um movimento cívico a contestar esta situação, tendo sido criado recentemente uma Petição Pública “Cessação imediata do abate de árvores na Guarda” para a Câmara Municipal atuar no sentido de reverter o dano e que conta ao fim dos primeiros dias, já com quase 700 assinaturas contra o abate das árvores (pode assinar a petição em http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT80278).
A Quercus interpôs no passado dia 2 de Março, uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco contra a Câmara Municipal da Guarda, quepermaneceu indisponível para prestar qualquer tipo de informação esclarecedora e para suspender a ação do corte de árvores de grande porte. A Associação Nacional de Conservação da Natureza aguarda uma decisão do tribunal e espera que exista bom senso por parte do Município para parar com esta situação danosa para o património arbóreo da Guarda. Considera ainda que os prestadores de serviço de arboricultura não devem compactuar com este tipo de decisões pouco fundamentadas e avaliar a pertinência do abate de árvores.
As árvores são um bem público e, por isso, devemos estar conscientes da ameaça que o seu corte desmedido representa para a ecologia e conservação da Natureza.