As atividades de enriquecimento curricular, abreviadamente designadas por AECs, sempre foram ao longo dos anos um baluarte que o pelouro da educação do município de Penafiel ostentava com regozijo e medida exemplar.
Víamos ao longo deste tempo, a justificada alegria e satisfação dos profissionais desta área, recrutados pelo município, que de forma exímia e naturalmente por mera coincidência temporal, geria a sua colocação ou expetativas de colocação de acordo com os calendários eleitorais autárquicos e as coisas foram correndo com inegáveis sucessos.
Tudo correu da melhor forma ao longo deste tempo!!
Bastava ver o sucesso conhecido e reconhecido que os Saraus destas atividades proporcionavam a toda a comunidade educativa.
Aliás, são dezenas os profissionais desta área que há mais de 10 anos, se dedicam de corpo e alma às atividades extra curriculares, deixando a sua marca aos nossos alunos que delas usufruem.
Posto isto, e estando em vista a mudança de paradigma no que à gestão das mesmas diz respeito, questionei o executivo sobre este tema, e confirma-se que existirão mudanças na gestão das AECs.
Passarão doravante a ser os agrupamentos de escolas a monitorizar e gerir as AECs, deixando a autarquia de o fazer, alegadamente conforme foi invocado na reunião pública do executivo municipal por razões técnicas.
A pergunta central que nos devemos colocar é a seguinte:
Se tudo correu bem e foi um exemplo na voz dos responsáveis da autarquia, a mudança deve-se a quê e para quê??
Esta é a pergunta cuja resposta cabal não logramos obter.
Creio, salvo melhor opinião, que esta mudança pode causar problemas sérios não só no normal desempenho destas atividades, como pode colocar em risco dezenas de profissionais que deram tudo de si e à autarquia de Penafiel, cujo mérito foi ao longo de anos enaltecido, e agora, sem mais, podem ver os seus préstimos preteridos “sem apelo nem agravo”.
Neste caso, sendo as AEC’ s entregues aos agrupamentos, estes além do enorme trabalho que já têm sobre a sua alçada, nomeadamente a preparação do ano letivo, decorrendo ainda várias reuniões devido às greves que se fazem sentir, significa que os agrupamentos andam com capacidade técnica reduzida para dar resposta a este novo paradigma. Assim sendo, terão que consular e porventura, tentarem passar a gestão das AEC a terceiros, o que poderá no limite vermos os profissionais do setor em condições precárias, dúvidas na contagem de tempo serviço, perda de regalias, horários desajustados e muito mais.
São exigidos por conseguinte, esclarecimentos concretos aos profissionais deste setor, aos pais e alunos e acima de tudo, que se explique detalhadamente a forma como os novos profissionais serão recrutados, para não só se respeitar a legalidade, como e essencialmente o principio da igualdade de oportunidades que deve nortear esta matéria e outras de manifesto e relevante interesse público.
A educação deve ser uma paixão intemporal, não devendo ser usada sistemática e recorrentemente como arma política, como aconteceu no passado pela CM Penafiel.
Todos nos recordamos da pressão, das promessas feitas e muitas delas cumpridas é bom que se diga, a profissionais deste setor por parte do município, em períodos que antecederam os atos eleitorais.
Quem acompanha a dinâmica municipal, e sofreu na pele estas contingências pode como eu, modéstia à parte, falar sobre este e outros temas com propriedade.
É por estas e por outras, que há combates desiguais, e lutas inglórias (até um dia), quando alguns “usam e abusam” do poder público que têm.
Fosse o “campo de batalha igual ou pelo menos parecido”, e dúvidas não tenho que hoje os gestores do município seriam outros.
Mas o tempo julga e julga bem, sendo que muitas vezes as sentenças que o povo faz demoram, mas acabam por ser justas.
E cá estaremos, lutando incessantemente de forma convicta e com afinco para que tal ocorra.
A minha solidariedade pessoal, a todos os profissionais e à comunidade educativa de Penafiel, pelos constrangimentos que podem advir com esta mudança no que às AECs diz respeito.