A poliomielite é uma doença viral, causada por um poliovírus. É altamente contagiosa, e afeta principalmente crianças menores de cinco anos de idade. O vírus é transmitido através de alimentos e água contaminados e multiplica-se no intestino, podendo invadir o sistema nervoso. Muitas pessoas infetadas não apresentam sintomas da doença mas excretam o vírus em suas fezes, portanto, podem transmitir a infecção para outras pessoas.
Os sintomas, quando existem, são comuns a muitas outras viroses, febre, fadiga, cefaleia, vômitos, dores no corpo nomeadamente no pescoço e nos membros.
Falta de higiene e de saneamento básico e a concentração de muitas crianças num mesmo local favorecem a transmissão. O período de incubação (tempo que demora entre o contágio e o desenvolvimento da doença) é geralmente de sete a 12 dias, podendo variar de dois a 30 dias. A transmissão também pode ocorrer durante o período de incubação.
Felizmente, desde 1955 que temos uma vacina para combater a pólio. Criada pelo Dr. Salk, foi declarada segura, eficaz e potente contra o vírus em 12 de Abril de 1956. A vacinação oral (gotas) com vírus atenuados foi rapidamente aplicada e difundida por todo o mundo. No entanto, a alta contagiosidade do vírus continuou a causar danos durante muitos anos mais, apesar da vacina ser eficaz e rapidamente recomendada e assumida pela maioria dos países no mundo. Desde aquela época, o número de casos de paralisia infantil caiu em 99% mundialmente, sendo que o vírus resiste atualmente em somente três países. Estamos mais perto do que nunca de erradicarmos esta doença.
Antes da sua distribuição, mais de 35.000 pessoas contraíram a doença nos Estados Unidos. Em 1957, somente dois anos depois da introdução da vacina, os casos no país caíram em quase 90%, e em 1979, a pólio foi erradicada nos EUA.
No resto mundo o flagelo foi idêntico mas a recuperação nem sempre foi tão boa. Em 1988, quando o Rotary International lançou a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI) junto com seus parceiros Unicef, CDC, OMS e Fundação Bill e Melinda Gates, a pólio era endêmica em 125 países. Hoje, ela está restrita ao Afeganistão, Nigéria e Paquistão, sendo que a Nigéria registrou seu último caso há mais de oito meses, aumentando as chances de uma África sem pólio.
A vacina de Salk foi adotada por mais de 120 países no seu sistema de imunização nacional com a ajuda dos parceiros anunciados. Apesar de ser uma doença considerada erradicada na maior parte dos países, mantém-se a vigilância e a vacinação com vírus inativado (injetável), exatamente por ainda existirem países onde ela não foi erradicada.
O Movimento Rotário, ou simplesmente Rotary, está envolvido desde o inicio do processo oferecendo apoio aos países que ainda registam casos de poliomielite. Carol Pandak, diretora do programa de erradicação do Rotary Internacional, ressalta a importância deste compromisso: “A transmissão contínua de uma doença terrível e deformadora ao segmento mais vulnerável da população, crianças menores de 5 anos, já faz deste trabalho um assunto de extrema importância. Mas se falharmos, como sociedade, perderemos também um investimento global que agora totaliza mais de US$10 biliões, incluindo US$1,2 bilião em doações dos membros dos Rotary Clubes de todo o mundo. Isso poderia fazer com que 200.000 crianças fossem vitimadas anualmente, dentro de uma década, e gerar a reintrodução da poliomielite em países já livres da doença”.
“Vale ressaltar que não existe tratamento para a poliomielite. A prevenção é possível apenas pela vacina, que protege contra os três sorotipos do poliovírus. A eficácia da imunização é em torno de 90% a 95%. Ela é recomendada mesmo para as crianças que estejam com tosse, gripe, rinite ou diarreia”, esclarece Maierovitch.
O Rotary é uma rede de voluntários que dedicam seus talentos e tempo para tratar grandes necessidades humanitárias. São cerca de 1 milhão e 200 mil associados dos Rotary Clubes que estão em mais de 200 países e em todas as regiões geográficas. Eles trabalham para melhorar as condições de vida, ao nível local e internacional, desde a ajuda a famílias em suas próprias comunidades até à erradicação mundial de uma doença como a pólio.
Na luta contra a pólio, os Rotary Clubes de todo o mundo, participam na recolha de fundos e na organização de equipas de voluntários que se oferecem para as campanhas de vacinação nos países onde esta doença ainda existe, Afeganistão, Paquistão e Nigéria.
Os 158 clubes rotários de Portugal também contribuem para essa imensa tarefa.
José Baptista Pereira, Rotary Club de Paredes