A coligação Penafiel Quer (PSD/CDS) apresentou, na última Assembleia Municipal, uma moção, que será enviada à ministra da Saúde, alertando para necessidades do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. Em causa, mais médicos para o serviço de Cardiologia, uma unidade complementar de hemodinâmica e um equipamento de ressonância magnética.
Segundo o documento, apesar do aviso do concurso para 950 médicos assistentes, 911 para área hospitalar, e de o CHTS ter uma área de referência directa de mais de meio milhão de habitantes para a área de Cardiologia, tendo sido notícia por ter consultas em atraso acima dos três anos nesta área, nenhuma das 18 vagas abertas para o hospital é para cardiologistas.
“O serviço de Cardiologia dispõe de uma excelente unidade de cuidados intensivos coronários, contudo não dispõe de uma permanente unidade complementar de hemodinâmica, necessária à realização de cateterismos urgentes”, realça a coligação. Além disso, “os cateterismos coronários são realizados por prestadores externos, acarretando custos elevados ao erário público, sendo que durante períodos significativos da semana não estão disponíveis e a sala de hemodinâmica que utilizam é partilhada com outras especialidades, limitando a sua disponibilidade”. Por isso, argumentam os eleitos do PSD/CDS, “é de todo o interesse para a região do Tâmega e Sousa que seja instalada uma sala hemodinâmica exclusiva e sempre disponível para cateterismos coronários no CHTS, sendo igualmente necessário dotar o serviço de Cardiologia de mais médicos”.
O grupo parlamentar recordou ainda que o centro hospitalar dispõe de uma sala de ressonância magnética nuclear, mas “desde a sua inauguração, não cumpre o seu propósito por falta de equipamento”.
Perante o documento apresentado, Renato Barros, do PS, defendeu que “era preciso tranquilizar a população de Penafiel de que o CHTS, no particular dos exames complementares de diagnóstico no caso dos enfartes agudos do miocárdio, que são situações urgentes e graves, tem uma estrutura física, técnica e humana que responde com eficácia do melhor que há”.
“Está instituída uma via verde coronária que presta cuidados a doentes com sintomatologia deste género em 15 minutos e que, em pouco mais de meia hora, consegue que as pessoas que necessitam destes exames complementares de diagnóstico estejam a realizá-los. É importante tranquilizar. Não vão pensar que porque falta um elemento técnico específico estamos com risco de não ter os cuidados de urgência que necessitamos”, frisou o eleito socialista.
Joaquim Lindoro afirmou não ter percebido as contas. “Disse que a assistência aos doentes com enfarte agudo do miocárdio, pela via verde que existe, é assegurada em 15 minutos. Não percebo que cálculo é esse. Nos períodos em que não há prestadores, os doentes têm de ser transferidos para o Hospital de São João. Só se forem a voar é que demoram 15 minutos, e mesmo assim não será fácil”, ironizou. Por outro lado, “quando estão os prestadores operacionais é preciso chamá-los e que eles venham, o que demora o seu tempo”. “E quando as outras especialidades estão a ocupar a sala, como se fazem os cateterismos?”, apontou ainda o membro da bancada da Penafiel Quer.
“Acho que a moção é válida. É evidente que no período em que não há prestadores do serviço de urgência, e pelo menos em três dias isso acontece, os doentes têm de ser transferidos para o São João, com perdas de tempo e perda de esperança de vida”, frisou.
“A questão é técnica e não vou aqui discuti-la. Não pus em causa a pertinência, oportunidade e legitimidade de apresentar a moção, acho que temos é de ter cuidado ao transmitir isto para a população e que as pessoas saibam que o CHTS tem uma estrutura capaz de resolver, até porque o tratamento do enfarte do miocárdio não começa com um cateterismo, como sabe”, conclui Renato Barros.
Mais à frente, o presidente da Câmara de Penafiel não deixou de tecer um comentário, já depois de a moção ter sido aprovada por maioria, com os votos do PSD/CDS, do TOP e dos presidentes de junta e a abstenção da bancada socialista.
“Esta moção parece-me extremamente moderada e despida de conteúdo político-partidário e vai ao encontro do que o presidente do conselho de administração do hospital sugeriu que fosse feito numa reunião recente”, adiantou Antonino de Sousa. “Numa intervenção que aí proferiu deu nota de que o CHTS tem tido grandes melhorias e referiu a sua mágoa por não ter resolvidas estas questões. Sugeriu que os actores políticos que tivessem intervenção sensibilizassem a administração central para corrigir estas necessidades. E este é um tema que nos importa a todos. Quanto melhores as condições em termos de recursos humanos e equipamentos melhor serão atendidos os nossos cidadãos”, defendeu.