MISSÃO IMPOSSÍVEL

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Tomam posse no dia 15 de outubro os eleitos do concelho de Paredes. Para nós era tão fácil prever os resultados das eleições para os órgãos autárquicos como nos parece difícil encontrar as soluções para os problemas estruturais que o concelho de Paredes tem.

Dizia o reeleito Alexandre Almeida que precisava de mais vereadores porque tinha muito mais para fazer. Os eleitores fizeram-lhe a vontade. Contudo, para nós o que mais importa não é que se faça sempre mais e mais e sempre muito. Como se viu neste mandato até se fizeram algumas obras, mas, porventura, não eram as mais necessárias ou a sua localização nunca foi a mais indicada.

Louve-se a recuperação, mas deixe-se para trás as obras do pavilhão gimnodesportivo de Paredes, que só aconteceram graças ao sobressalto cívico da população da sede do concelho.

Pensemos, por exemplo na piscina ao ar livre. Mesmo correndo o risco de sermos politicamente incorretos e não falando em critérios de prioridade, alguém, pensando bem, construiria uma obra dessas na extremidade do concelho, beneficiando mais o concelho vizinho de Penafiel do que as freguesias de Paredes?

Alguém imagina que, como se lia no manifesto eleitoral da freguesia de Rebordosa, se vá destruir a ainda nova piscina existente para construir uma nova?

Precisaríamos, pensamos nós, de metade das páginas do jornal para enunciar as coisas certas que se fizeram, mas precisávamos de mais páginas ainda para desfilar a quantidade de erros que se cometeram.

Numa terra como a de Paredes onde as freguesias, em vez de se reverem e orgulharem do concelho a que pertencem, se digladiam entre si para saber quem é melhor, seja lá isso o que for, onde os habitantes de uma freguesia olham de soslaio para os seus vizinhos, onde existem, sem se saber porquê ou para quê, quatro cidades, onde alguns até aspiram à formação do seu próprio concelho e os restantes, com particular incidência no sul do concelho, se veem sistematicamente a ficar para trás, torna-se quase numa missão impossível criar um concelho capaz de ombrear com os restantes.

É, por isso, difícil não imaginar que a onda que afasta os de menores recursos das grandes cidades se estenderá, ou já chegou, ao dormitório em que se constituem os subúrbios dos grandes centros urbanos.

E, sim, os padrões de qualidade de vida continuarão a decrescer. A vitalidade económica do concelho esvai-se, a insegurança alastra, a pobreza instala-se ainda mais.

Mesmo assim, a alternativa existiria se os que ascendem ao poder reconhecessem que aprendemos sempre mais quando temos a capacidade de ouvir antes de decidir, sobretudo quando estamos rodeados da mediocridade que nos condenará a um atraso irreversível no contexto regional e nacional. A capacidade de ouvir os outros, sobretudo os que não pensam como nós, é, hoje e para o amanhã, o mais forte contributo que os eleitos poderão dar para o desenvolvimento das terras que governam. Ou desgovernam – depende dos casos.