Escreveu São Lucas que, quando José e Maria chegaram a Belém, prestes a acontecer o primeiro Natal, “não havia lugar para eles na hospedaria”. Por isso, como a porta da hospedaria estava fechada, São José teve que levar a Maria para uma gruta. Uma gruta que estava aberta porque não tinha porta. Por não ter porta, os pastores foram os primeiros a ir adorar o Menino. Ou seja, na gruta que não tinha porta havia um Presépio que continha a Porta para Deus.
Confesso que não sei se a razão do Menino ter nascido numa gruta foi o facto de ter ou não ter porta. Mas o certo é que esta minha dedução ajuda-me a introduzir o assunto de que lhe quero falar: o Ano Santo da Misericórdia e as Portas Santas.
Na semana passada, o Papa Francisco falava deste ano Jubilar dizendo que “a misericórdia e o perdão não podem ser meras palavras, mas têm de realizar-se na vida diária: amar e perdoar são o sinal concreto e visível de que a fé transformou os nossos corações e nos permite exprimir em nós a própria vida de Deus”. Por isso, afirma que “assim também a nossa porta deve estar sempre escancarada, para não excluir ninguém”.
Uma das marcas do Jubileu Extraordinário da Misericórdia é a existência de “Portas de Misericórdia” em cada diocese e ainda nos principais santuários do mundo. Estas portas foram estabelecidas para haver locais onde os fiéis, atravessando-as, “possam ser abraçados pela misericórdia de Deus e se comprometam a serem misericordiosos com os outros, como o Pai o é connosco”, como diz o Santo Padre na bula com que anunciou o jubileu.
A passagem pela porta da misericórdia concede aos fiéis uma indulgência plenária, mas não basta atravessar a estrutura. Como sempre acontece com as indulgências, é necessário o fiel estar confessado, comungar e rezar pelas intenções do Santo Padre. Estes preceitos podem, se for preciso, ser cumpridos nos dias depois da passagem pela porta santa.
Na nossa região temos cinco “Portas Santas”: Em Lousada, a Igreja do Senhor dos Aflitos; em Paços de Ferreira, a Igreja Matriz; em Paredes, a Igreja Matriz; em Penafiel, a Igreja do Calvário; e em Valongo, o Santuário de Nossa Senhora do Bom Despacho, Mão Poderosa e Santa Rita.
Como pedia o Papa Francisco, “que o Ano Santo nos ensine, antes de tudo, que a misericórdia é o primeiro e o mais verdadeiro remédio para o Homem, do qual todos necessitam urgentemente. Quanto é capaz de curar uma carícia misericordiosa! Esta flui de modo contínuo e superabundante de Deus, mas devemos também nos tornar capazes de doá-la reciprocamente, para que cada um possa viver em plenitude a sua humanidade”.
Desejo-lhe um Santo Natal!