“O senhor Ministro necessita de ser mais humilde, pois nunca teve a coragem de ir ao local sentir os cheiros nauseabundos que as pessoas sofrem”, sustentou, hoje, José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara de Valongo.
Recorde-se que, esta manhã, o ministro do Ambiente e da Acção Climática, acusou a Autarquia valonguense de ser responsável pelos maus-cheiros provocados pelo aterro de Sobrado ao ter impedido os lixiviados de serem tratados na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). “O mau cheiro do aterro vem do facto de a Câmara de Valongo ter barrado a possibilidade de os lixiviados serem tratados na ETAR, isso é que é a verdade”, disse Matos Fernandes.
Contactada, a Câmara de Valongo lamenta a “postura arrogante do senhor ministro do Ambiente, que no caso do Aterro de Sobrado optou pela defesa dos interesses da empresa, contra as populações e o direito a um ambiente decente e com qualidade, tendo preferido atacar o Município”.
Tudo isto “quando a empresa que tanto defende [a Recivalongo] pelo menos 12 vezes incumpriu nas descargas de efluente, tendo sido condenada por três vezes por actos de atentado ambiental, o que forçou a gestora do saneamento a vedar-lhes a ligação”, descreve o presidente da Câmara.
José Manuel Ribeiro alega ainda que o ministro não disse toda a verdade aos deputados da Nação porque “não referiu que a ligação que tanto defende ao colector do saneamento acarreta elevados riscos de violação da legislação ambiental e de degradação do sistema público de saneamento”.
O autarca alega ainda que se já tivesse ido visitar o aterro, Matos Fernandes “saberia que os maus cheiros começaram muitos anos antes (em 2015) da selagem do colector de saneamento, ocorrida em Outubro de 2019, e também que os maus cheiros são exclusivamente provenientes do aterro”.
“O senhor ministro deveria ter a coragem de ordenar uma investigação transparente a todo o processo de renovação antecipada das licenças ambientais e de exploração da responsabilidade do seu ministério, como aliás está a fazer a Câmara Municipal em relação às licenças urbanísticas”, conclui o presidente da Câmara de Valongo.
José Manuel Ribeiro foi ouvido na mesma comissão parlamentar onde hoje falou o ministro do Ambiente. O autarca pediu aos deputados ajuda para o encerramento do aterro de Sobrado e uma investigação ao licenciamento.