É já este domingo que volta a sair à rua a tradição secular das Bugiadas e Mouriscadas, em Sobrado, Valongo. A organização espera que, durante todo o dia, passem pela localidade mais de 30 mil visitantes. Os pontos altos serão a Dança de Entrada, pelas 12h30, e a Prisão do Velho, pelas 19h30, mas a festa começa de manhã cedo, pelas 8h00 e termina já à noite.
Esta manifestação cultural, que marca a Festa de São João de Sobrado e conta com o envolvimento de toda a comunidade, representa a luta entre dois “exércitos” pela imagem milagrosa de São João Baptista: o dos Bugios (cristãos), com centenas de elementos de várias idades, e o dos Mourisqueiros (mouros), este ano com 47 rapazes solteiros. Ao todo são cerca de mil os participantes, vestidos com trajes de veludo colorido. O epicentro da Festa é o Largo do Passal, mas as danças são realizadas por várias ruas da localidade.
“Esta é uma festa única, transmitida de geração em geração por via oral”, explica Nuno Ferreira, um dos mordomos da Comissão de Festas de São João de Sobrado. E trata-se de uma iniciativa que tem vindo a crescer. “Há 60 anos seriam cerca de 100 a 200 Bugios, hoje são entre 700 a 800”, refere.
A manterem-se os números dos últimos anos, a organização antecipa a presença de cerca de 30 mil visitantes nas ruas, adianta Nuno Ferreira. “Este ano, como calha ao domingo e não vai haver jogo da selecção esperamos mais gente”, confessa.
“Nos últimos anos, em que se preparou a candidatura à Unesco, houve mais interesse e divulgação da festa”, reconhece o mordomo, mas ainda é preciso mais promoção, porque há pessoas no próprio concelho que não sabem de que se trata, admite.
“As pessoas de Sobrado têm uma grande ligação a esta festa. É uma paixão que une toda a gente”, sustenta ainda Nuno Ferreira.
“Esta é uma poderosa manifestação cultural que é de paixão e envolve toda a gente em Sobrado. São centenas de pessoas que vivem esta tradição”
Para a autarquia, que apoia e divulga a iniciativa, “a Bugiada e Mouriscada destaca-se pela sua originalidade e grandiosidade, quer a nível nacional quer internacional”. É, por isso, que o ícone do Bugio e do Mourisqueiro integra as logomarcas do município de Valongo.
“Assumimos a Bugiada e Mouriscada como uma das marcas concelhias, o que mostra a importância que atribuímos a este património imaterial”, defende o presidente da Câmara Municipal de Valongo, José Manuel Ribeiro.
O autarca lembra que abriram um Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada, um espaço interpretativo da festa, inserido no plano de salvaguarda desta tradição, e que os Bugios e Mourisqueiros são promovidos durante todo o ano junto das escolas.
A festividade está já classificada como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal e integra a Rede da Máscara Ibérica.
Mas, em parceria com a Universidade do Minho, nomeadamente o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, está a ser conduzido um processo para que as Bugiadas e Mouriscadas sejam inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e lista representativa do património imaterial da humanidade da Unesco.
“Esta é uma poderosa manifestação cultural que é de paixão e envolve toda a gente em Sobrado. São centenas de pessoas que vivem esta tradição”, salienta José Manuel Ribeiro, lembrando que são mais uma vez esperadas dezenas de milhares de pessoas nesta festa única no país e no mundo.
Em nota de imprensa, a autarquia recorda que a Festa do S. João de Sobrado está incluída no projecto da Lipor “Recolha Selectiva em Festas e Romarias”. Ou seja, quem separar correctamente plástico, vidro e papel estará simultaneamente a contribuir para o ambiente e para uma causa solidária. “Quanto maior for a quantidade de resíduos devidamente separados, maior será o donativo atribuído aos Bombeiros de Ermesinde e de Valongo”, refere o município.
