Milhares de pessoas deslocaram-se, este domingo, à freguesia de Lagares e Figueira, no concelho de Penafiel, para assistir à recriação do Auto dos Reis Magos, um ritual que se realiza há vários anos em Figueira, que envolveu cerca de 100 figurantes e é tido com o evento ex-libris da freguesia.
A edição deste ano do Auto dos Reis Magos, para além da encenação da entrega das oferendas ao menino Jesus, o momento alto do cortejo, que junta milhares de pessoas no adro da igreja, teve como novidade com o teatro de rua, com vários figurantes distribuídos em diferentes pontos da freguesia a interagir com os visitantes e a animar o certame cultural.
Ao Verdadeiro Olhar, o presidente da Junta de Freguesia de Lagares e Figueira, Antonino Figueiredo, realçou a forte adesão da comunidade local e dos muitos visitantes nos dois dias que transfiguraram, referiu, por completo a freguesia.
“Faço um balanço positivo. Foram muitos os que durante os dois dias passaram pela freguesia. Não temos dados finais, mas acreditamos que tenham afluído à freguesia cerca de cinco mil pessoas”, frisou, sustentando que este evento é já uma referência, um ponto de encontro para muitos visitantes de vários pontos do país que aproveitam esta altura do ano para encher as ruas de Figueira.
Antonino Figueiredo realçou, também, que este ano o cortejo integrou algumas novidades, como o teatro de rua que acompanhou praticamente o cortejo com os habitantes da freguesia a participarem activamente.
“Este ano, introduzimos algumas novidades no cortejo, como o teatro de rua, uma aposta ganha, que mobilizou os visitantes e acrescentarem valor ao evento”, avançou, salientando que nos últimos ano o Auto dos Reis Magos tem vindo a apostar na organização e a melhorar o certame.
Entre os visitantes, Arminda Costa, da Sobreira, Paredes, relevou a dimensão do cortejo, as indumentárias dos figurantes e animação constante, como sendo os principais motivos de atracção deste certame cultural. “Este é o terceiro ano que venho à Figueira e esta é efectivamente uma experiência única. O cortejo é algo digno de se ver, vale pelo seu todo. Para mim o momento alto foi a chegada dos Reis Magos ao adro da Igreja”, disse, acrescentando que as características da própria aldeia ajudam e dar maior dimensão ao evento. Arnaldo Costa, também da freguesia da Sobreira, revelou que este é um evento ímpar no concelho de Penafiel e na região, sendo uma aposta ganha da Junta de Freguesia.
“O Auto dos Reis Magos é efectivamente um evento digno de se ver. Este foi o terceiro ano que vim à Figueira e nunca dou o meu tempo por perdido. É um cortejo único, que arrasta milhares de pessoas, com inúmeros figurantes e que está devidamente encenado”, concretizou, concordando que este deve ser um dos eventos mais emblemáticos da agenda cultural do concelho de Penafiel, com potencialidades para continuar a crescer.
“É, sem dúvida, um evento digno de se ver, o cartão de visita da freguesia, com raízes profundas na freguesia que tem passado de geração em geração”
Angelina Mónica, moradora na freguesia da Figueira, reconheceu, também, que a recriação do Auto dos Reis Magos é uma tradição com raízes que tem sido devidamente aproveitada e todos os anos traz à Figueira milhares de visitantes.
“É, sem dúvida, um evento digno de se ver, o cartão de visita da freguesia, com raízes profundas na freguesia que tem passado de geração em geração”, declarou.
José Rocha, habitante há 61 anos na Figueira, também realçou a importância do Auto dos Reis Magos para a comunidade local, assumindo que este é um evento emblemático no concelho e dos mais importantes a nível nacional.
“Há muitos anos que participo neste evento e confesso que toda a freguesia se transfigura, a comunidade adquire uma nova vivacidade. É um evento que oferece cultura à freguesia, sendo um certame cultural que já tem dimensão em toda a região. Atrevo-me a dizer que não há igual em todo o país”, atalhou, sustentando que o Auto dos Reis Magos envolve praticamente toda a comunidade e começa a ser preparado com vários meses de antecedência.
“Estamos a falar de um trabalho contínuo e árduo, que começa a ser preparado com muitos meses. Há pessoas que trabalham semanas consecutivas nisto, que retrata os costumes dos nossos dos nosso antepassados”, confessou.
José Paulo, natural da Figueira, um dos muitos figurantes que integraram o cortejo, confirmou que este é um evento sem igual na região. “Há vários anos que integro a figura do pastor. Fui rei preto agora sou vassalo. É uma experiência única fazer parte do cortejo. Estamos a falar de um evento que envolve toda a comunidade, que percorre praticamente toda a freguesia, e mobiliza milhares de pessoas”, asseverou, assumindo que o cortejo vale pelo seu todo e tem sido feita uma aposta no sentido de melhor o evento ano após ano.
José Paulo condescendeu que o Auto dos Reis Magos envolve já toda a comunidade, desde os mais novos até aos mais velhos.
“Esta é uma tradição que passou de pais para filhos. Todos querem participar e darem o seu contributo”, confirmou.
Palmira Almeida, também residente na Figueira, declarou que esta é uma tradição com raízes no teatro medieval religioso que era apresentado no adro das igrejas, sendo o Auto do Reis Magos um evento consolidado na freguesia. “Desde os meus 14 anos que participo no cortejo. Reconheço que é efectivamente um cartão de visita para dar a conhecer a freguesa e o concelho e que além da recriação que é digna de ser vista, tem subjacente mensagens que remetem para o universo do discurso religioso e à quadra como a simplicidade, a humildade que deveriam ser uma referência para todos, numa altura em que somos confrontados com a crise de valores”, anuiu.
Já Cátia Coelho, natural da Figueira, concordou que o Auto dos Reis Magos tem vindo a melhor, a crescer em dimensão, com a organização a apostar em melhor as representações.
Márcia Silva, da Figueira, confirmou, igualmente, que este é o principal evento da freguesia, a bandeira da freguesia, e uma referência para os habitantes da Figueira.
Ângelo Guedes, presidente da Associação de Desenvolvimento de Figueira, esclareceu que o Auto dos Reis Magos além de dar a conhecer a aldeia, é um veículo para dar a conhecer os seus usos e tradições e o seu património histórico e cultural.
Esta iniciativa foi organizada pelo Grupo de Educação e Estudo da Natureza Orientado ao Montanhismo, Astronomia e Actividades ao Ar-livre), com o apoio da Câmara Municipal de Penafiel e da Junta de Freguesia de Lagares e Figueira com a colaboração com a comunidade local.