Trezentos modelos de formas para utilização doméstica e industrial, disponíveis em vários tamanhos e cores; um volume de negócios de quatro milhões de euros; criada em 1896 e vai já na quinta geração. Estes são alguns dos dados que retratam rapidamente a história centenária de A Metalúrgica Bakeware Production, a empresa familiar instalada em Campo desde 1995 que exporta formas para bolos e panificação para todo o Mundo. Dia 21 de Abril celebra-se o 120º aniversário.
Três gerações ainda se cruzam diariamente na unidade industrial de mais de seis mil metros quadrados, construída de raiz em 1994, na Zona Industrial de Campo, em Valongo. Belarmino Ferreira, tem 94 anos, Agostinho Santos, 71 anos, Raquel e Ana Santos, ambas netas e filhas, respectivamente, dos dois primeiros, têm 34 e 29 anos. Foi Raquel Santos, administradora d’A Metalúrgica há 10 anos, que nos recebeu e deu a conhecer a história da empresa que, a partir de Valongo, abastece o mundo com formas para bolos e pão e dá emprego a 100 funcionários.
A Metalúrgica nasceu no Bonfim num pequeno espaço
A Metalúrgica, empresa orgulhosamente familiar, foi criada em 1896 por Joaquim Moreira Pinto, bisavô de Raquel e picheleiro de profissão. A fábrica nasceu no Bonfim numas instalações com um espaço de apenas 200 metros quadrados e daí saíram, de uma produção totalmente manual, peças como almotolias, lamparinas e pequenas formas para bolos. Já na década de 40 do século passado, a empresa passa para o filho, David Moreira Pinto, bisavô de Raquel, que “reformulou a actividade” e dedicou-se mais à produção das formas para bolos, ainda de forma muito artesanal e passou a produzir também passe-vites – utensílio de cozinha manual que corta e reduz a puré diversos alimentos. A Metalúrgica, refira-se, foi a primeira empresa a fazer em Portugal este utensílio. “Estabeleceu-se de forma segura durante alguns anos”, conta Raquel.
Nos anos 70 a empresa esteve para ser comprada por um inglês
Já pelos anos 70 chegaram dias mais complicados. Com a quebra da produção pela diminuição da procura, a empresa passa de 30 para apenas cinco trabalhadores. A idade do proprietário e o desgaste profissional ditaram a necessidade da venda da empresa. O interessado era um empresário inglês que apenas queria utilizar as instalações e a produção seria terminada. Foi então que Agostinho Santos, neto por afinidade de David Moreira Pinto, entra em cena. Raquel Santos conta que o pai, então mediador de seguros de profissão e formado em Psicologia, decidiu não deixar desaparecer o património da família e ofereceu-se para ficar com A Metalúrgica pelo valor que o estrangeiro pagaria. Neste negócio foi incluído o seu sogro Belarmino Ferreira, desenhador litográfico, que ficou com 50 por cento das quotas da empresa e com a responsabilidade de desenhar as famosas formas para bolos. “É o nosso artista”, conta, orgulhosa, Raquel Santos.
Nos gloriosos anos 80 a exportação atingiu os 97 por cento
Com a década de 80 chegaram os anos gloriosos. A exportação chegou a absorver 97 por cento da produção. Números que, aliás, não diferem muito dos actuais. O mercado internacional “é sempre muito forte” e representa 95 por cento da produção. “O mercado nacional é muito pequeno, com o qual é difícil compatibilizar quantidades”, explica. Nos anos 90 deu-se a entrada no segmento industrial e a produção para a indústria de pastelaria e panificação passou a ganhar peso. De tal forma que, hoje a produção industrial representa 70 por cento daquilo que é feito n’A Metalúrgica, fornecendo empresas de panificação e pastelaria de referência, como a Panrico e a Dancake, entre muitas outras. A produção de gamas exclusivas, sempre à medida do cliente, bem como a capacidade de resposta imediata na resolução dos problemas nas linhas de produção dos clientes tem sido fundamental no sucesso desta centenária empresa.
Apesar de 95 por cento da produção ter como destino o mercado internacional, quem quiser pode adquirir as famosas formas para bolos, para todos os gostos e feitios, através da loja online. Basta aceder à página http://www.ametalurgica.pt/ e aí ver todos os produtos disponíveis, adquirir e depois experimentar no forno lá de casa numa próxima ocasião que mereça comemoração, até porque “não há festa sem bolo!”.