Jéssica Marques Ferreira, natural de Paredes, foi a melhor aluna do seu curso, um feito que levou a Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) a convidá-la para assistente, já no próximo ano lectivo, que começa dentro de um mês.
À conversa com o Verdadeiro Olhar, Jéssica Ferreira, que está quase a completar 22 anos, confessou-nos que esta conquista resultou do somatório do “esforço”, do “método de estudo” e de “muita organização”, elementos que foram a chave deste sucesso.
É que na faculdade não há muitos alunos que consigam chegar ao final do curso com média de 16, mas, a menina de conversa fácil, conseguiu completar os estudos superiores com 17 valores e já, a partir de Setembro, salta das cadeiras da faculdade, onde ao longo de quatro anos esteve ao lado de outros colegas, para um lugar de destaque nos anfiteatros daquela instituição de ensino.
Convidada para ser assistente da cadeira de Introdução ao Direito confessa algum nervoso miudinho nesta nova missão. No entanto, mostra-se “familiarizada com estas situações”, tanto mais que, e ao longo do seu percurso académico, teve docentes convidadas, tal como ela, para darem aulas.
Curiosamente, e apesar de nunca ter pensado optar pelo ensino, Jéssica Ferreira sempre nutriu, “em segredo”, como nos revelou, uma “admiração extrema” por esta profissão, porque tem como objectivo “incutir o saber” nos outros, algo que apelida de “admirável”.
“Estudar Direito é um sonho com alguns anos”
Instada sobre o seu gosto pelo Direito, Jéssica Ferreira explicou que, esse sim, é um sonho com “alguns anos”.
Andava no “8.º ano” quando soube que queria seguir este caminho. Um sentimento que saiu reforçado quando chegou ao 12.º ano e optou por esta disciplina. Aliás, faz questão de referir, que confirmou esta sua paixão quando aprendeu as primeiras noções, na secundária de Paredes, com José Carlos Frutuoso, o seu primeiro professor de Direito, “infelizmente já falecido”.
E o que é que contribuiu para esta sua paixão? A “lógica e o rigor”. Porque, justificou, “é uma área que vai muito mais para além do que aquilo que as pessoas pensam ou imaginam”.
“Sempre andei com os livros atrás”
Olhando para trás, Jéssica Ferreira não tem dúvidas em afirmar que andou sempre “com os livros atrás”, algo que fazia, não por obrigação, “mas por gosto”.
Mas a vida desta futura docente não está rodeada apenas de leis e códigos. Além do objectivo que traçou, há muitos anos atrás, de tirar um curso superior, sempre foi uma apaixonada, por exemplo, por livros, como os de “literatura”, sobretudo “os grandes autores clássicos”. A recém-licenciada também gosta muito de televisão, tendo interesse por “documentários históricos ou séries”.
Para além disso, tem também uma outra paixão, da qual fala com muito entusiasmo: a política. Aliás, até já ponderou optar por esse caminho, mas a sensatez levou-a a manter-se, para já, nos bastidores. Prefere “ler e adquirir conhecimentos, sobre essas matérias” e, ao mesmo tempo, investir e alicerçar-se no Direito e nas aulas que vai agora dar. Mas, um dia mais tarde, acredita que poderá “concretizar esse sonho”.
Apesar de ser muito estudiosa e dedicada, Jéssica Ferreira não vive sentada numa secretária e adora viajar, assim como andar ao ar livre. Por exemplo, gosta de “fazer caminhadas com os amigos”, porque além de serem momentos de descontracção, são também uma forma “de conviver e trocar ideias” com as pessoas de quem mais gosta.
A propósito, faz questão de frisar que o mérito deste percurso académico não é só seu, mas “dos pais, do resto da família e dos amigos” que sempre a apoiaram ao longo destes anos.
Filha única, contou ainda ao Verdadeiro Olhar que, obviamente, os pais sentem “muito orgulho” no seu trajecto, apesar de não serem muito efusivos a demonstrá-lo, até porque são pessoas “muito discretas”.
E a filha tem a quem sair, porque apesar de ter sido fácil entrevistá-la, foi demonstrando, ao longo da nossa conversa, alguma relutância em aparecer.
Aos futuros alunos do curso ou a todos os que, tal como ela, queiram seguir Direito, Jéssica Ferreira dá alguns conselhos que passam, em primeiro lugar, por “gostar muito da área”. Aliás, referiu ainda, o Direito é algo que “se adora ou se detesta”, e quando se gosta, é um “amor para a vida toda”.
E é “apaixonante”, porque o seu âmbito vai para além de se fazer uma “leitura da lei”. A tarefa essencial de um advogado está na “hermenêutica”, ou seja, na interpretação, que serve para distinguir “o bom do jurista comum”. Porque o Direito “está pensado, no geral e abstracto, mas adequá-lo ao caso concreto pode, por vezes, tornar-se melindroso”. E é aí, defendeu, que o profissional desta área “tem um papel essencial, porque tem que procurar uma solução que, para além de justa, terá que ser útil, já que o Direito é apenas uma alternativa à convivência em sociedade”. E se se “revelar inútil”, acaba por perder a sua essência”, explicou.
Sobre o estudo ao longo do curso, Jéssica Ferreira confessa que, e porque as avaliações na FDUP são feitas, na sua maioria, por exame final, teve uma “dedicação exclusiva”. Até porque, ironizou, “durante o mês de exames, o mundo não acaba pela minha ausência”.
E aos futuros alunos de Direito só consegue deixar uma mensagem de “esperança, “porque apesar de se ouvir dizer que é um curso muito difícil”, Jéssica Ferreira contraria esta fama, dizendo que é apenas “muito trabalhoso”, mas com “estudo constante e muita dedicação” é tudo mais simples.
Já sobre a faculdade, onde passou os últimos quatro anos, Jéssica Ferreira faz questão de sublinhar que se caracteriza “pela excelência do ensino”, algo que se comprova pelo facto de ano após ano, receber “os alunos com as melhores médias a nível nacional”.
Para além disso, descreve o corpo docente como sendo de “elevadíssima qualidade e competência”. O curso também conjuga “a doutrina e a jurisprudência”, o que faz com que os alunos sejam “preparados para a vida prática”.
“Quero ser a professora que sempre gostei de ter”
Sobre os planos para o futuro, prefere não adiantar muito, até porque tinha planeado inscrever-se na Ordem dos Advogados para conseguir exercer, mas este convite da FDUP para dar aulas fê-la mudar de planos. Foi a vida a trocar-lhe as voltas.
Para já, vai começar o mestrado na sua faculdade, em Ciências Jurídico-Civilístas, a partir de Setembro, algo que vai conciliar com a docência.
E quando entrar na sala de aulas, agora como assistente, está convicta que estará “sempre disponível para os alunos”. Aliás, reforçou, e como os seus melhores professores serão o modelo a seguir, promete que será a docente que sempre gostou de ter.
E com a facilidade que tem em comunicar e o amor que mostra pelo Direito, parece que será uma tarefa fácil e que vai conseguir fazer apaixonar pelo curso, todos aqueles que assistirem às suas aulas.
Como a Jessica diz é preciso gostar do Direito, pq embora trabalhoso torna-se relativamente “fácil” quando gostamos de uma área- Os meus sinceros parabéns pelo convite e desejos de uma frutífera docência.
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