“Estou aqui com sentido de responsabilidade e humildade para comunicar a todos os paredenses que decidi candidatar-me à presidência da Câmara Municipal de Paredes”, começou por dizer Manuel Pinho que lidera a candidatura do Movimento Juntos por Paredes, apoiada pelos partidos Nós Cidadãos e Aliança, à autarquia.

Na sessão de apresentação, numa unidade hoteleira do concelho, o candidato afirmou que esta candidatura de um projecto de cidadania quer dar ao concelho uma oportunidade de “mudar” e de acabar com “desigualdades no território”. Diz que o concelho está “adormecido” e perdeu a “ambição de crescer” e que está na hora de “reprovar este executivo” que gasta dinheiro em propaganda política ao invés de o fazer no “desenvolvimento do concelho”.

Manuel Pinho garante acreditar que será eleito presidente da Câmara, mas deixa claro que há muitas “vitórias” alcançáveis. Sustenta ainda que esta candidatura não surge “por vingança” e que quer “um concelho sem amarras anti-democráticas, sem a censura nem a perseguição que ainda se sente”.

Coesão social e económica, ambiente e mobilidade sustentável são os três pilares da candidatura, cuja ambição é avançar também com listas “fortes” às freguesias.

Com ele à frente dos destinos da autarquia, o processo de realojamento da comunidade cigana não parava, mas o do resgate da concessão de água e saneamento sim.

“Está na hora de reprovar este executivo. A gestão autárquica não se compadece com manobras de ilusão”

A apresentação dos traços gerais da candidatura deste movimento independente contou com responsáveis dos partidos que a suportam. Carlos Magalhães, vice-presidente do Nós Cidadãos, afirmou que “este tipo de candidaturas são as que o país precisa”. “Candidaturas fora do arco dos partidos tradicionais que têm conduzido o país a uma situação deplorável”, descreveu. “Gostaríamos que esta candidatura fosse uma lufada de ar fresco”, acrescentou ainda.

Já Paulo Silva, presidente da distrital do Aliança, afiançou que reconhece em Manuel Pinho “todas as capacidades” para liderar a candidatura desta coligação que oferece aos paredenses “uma oportunidade de escolherem uma nova forma de gerir os destinos do concelho”. “A população de Paredes pode-se rever no trabalho que ele pensa desenvolver (…) se o deixarem trabalhar”, garantiu.

Manuel Pinho, rosto do Movimento Juntos por Paredes, apresentou-o como um “projecto de cidadania” e “não de interesses pessoais”. Não esconde que foi “prejudicado” pelo actual executivo camarário, do PS.

“Criei há três anos o Movimento para dar voz a todos os que não se revêem nos velhos partidos e lutam por uma gestão mais transparente do município. Foi um período difícil, fui vítima de ataques ignóbeis, tendo sido prejudicado a nível profissional, mas nunca esmoreci. Este é um Movimento responsável que foi apresentando propostas”, esclarece. Mais tarde, questionado pelos jornalistas, acrescentou ainda: “há quem veja esta candidatura como uma pseudo-vingança. Mas as coisas mudam. Comecei a conhecer melhor a gestão autárquica do concelho e a perceber que as coisas estavam mal. Há falta de transparência, situações de compadrio e para ajudar amigos na gestão municipal. Há situações que não posso deixar que continuem no concelho. E, de forma construtiva, vi que faço falta e que é importante que eu seja o presidente da Câmara de Paredes”.

O seu objectivo, adiantou, é mudar o concelho e acabar com desigualdades no território. “Não surgimos do nada. Move-nos o desejo de um concelho sem amarras anti-democráticas, sem a censura nem a perseguição que ainda se sente. Temos um concelho adormecido e sem um verdadeiro projecto de desenvolvimento, com uma promoção constante das figuras do poder, pagas com o dinheiro dos contribuintes”, acusou o candidato, defendendo que esse dinheiro deveria ser gasto no desenvolvimento do concelho.

“Está na hora de reprovar este executivo. A gestão autárquica não se compadece com manobras de ilusão. Pretendemos mais transparência e mais proximidade, precisamos de mais verdade”, elencou.

Os três pilares desta candidatura de Manuel Pinho são a coesão económica e social, para que não persistam “paredenses de primeira, segunda e terceira” e a “pobreza” existente no concelho, dando enfoque à habitação social, educação, cultura e a saúde; o ambiente, considerando “incompreensível que a água e saneamento não estejam em todo o concelho”, que os rios estejam poluídos e que a recolha do lixo no concelho não funcione; e a mobilidade sustentável, combatendo a ausência de uma rede de transportes eficaz e barreiras a pessoas com mobilidade reduzida e criando “um verdadeiro plano” de mobilidade sustentável para o concelho.

Convicto de que vence e que de vai conquistar juntas de freguesia

Questionado sobre o que seria uma vitória nas autárquicas e se um lugar na vereação já o seria, Manuel Pinho respondeu que “tudo são vitórias”. “Com humildade eu vou ser o próximo presidente da câmara. A primeira vitória é ter essa convicção, mas tenho de trabalhar para isso”, afirmou.

Sobre possíveis candidaturas às freguesias, realça que o objectivo passa por “ter candidaturas fortes”. “A ambição é ir a todas as freguesias, mas não quer dizer que tenha de o fazer. Mas estou convencido que vamos ganhar algumas juntas”, frisou, prometendo “calcorrear todos os quilómetros do concelho, com muita gente, pouca gente e até sozinho”.

Sobre uma possível coligação com PSD e CDS Manuel Pinho foi peremptório: “O CDS e o PSD pensaram que eu estava na terceira divisão e eles na liga dos campeões. Eu quero jogar na liga dos campeões”.

O candidato reiterou que as propostas que irá fazer têm de ser acima de tudo “concretizáveis” e que a candidatura que lidera “tem de marcar a diferença”.

Manuel Pinho afirmou ainda que apesar de não concordar com algumas decisões do passado – caso da localização da piscina ao ar livre ou da prioridade dada ao auditório e centro de congressos – irá “respeitar as decisões do passado”. “Se não as conseguimos mudar o caminho não pode ser destruir”, argumentou, garantindo que não vai “fazer terra queimada”, mas antes tentar tirar partido desses projectos. Não deixou de criticar o presidente da Câmara, Alexandre Almeida, por “andar ao sabor do vento” e dos fundos comunitários.

Quanto aos dois grandes temas que estão na ordem do dia, o resgate da concessão de água e saneamento e o realojamento da comunidade cigana, tem ideias claras, mas distintas.

Quanto à Be Water, defendeu que “há contratos que têm se cumprir” e que “os paredenses não podem deixar de ter saneamento”. Por isso, “é preciso arranjar compromisso com as cooperativas para que sejam entregues para que a Be Water faça o investimento” previsto.

“Alexandre Almeida disse em campanha que o passivo era de 100 milhões de euros. Com este pedido da Be Water de indemnização o passivo passa a 235 milhões de euros. Será que os paredenses querem esta responsabilidade para o concelho nos próximos anos?”, questiona. “A Be Water tomou conta da concessão e qualquer pessoa de bem tem de cumprir os contratos. A câmara não entregou o território à Be Water e, enquanto não o fizer, os paredenses serão prejudicados. Mesmo que o resgate custe 60 a 70 milhões a Câmara de Paredes vai ter de fazer o investimento no saneamento e somar mais outros 70 milhões. E não se pode ter o ‘se’ dos fundos comunitários, não se pode estar no caminho das possibilidades. Quando for presidente da câmara reúno com a Be Water e tento arranjar forma que as cooperativas sejam compensadas, mas tem de haver cedências”, defendeu Manuel Pinho. “O processo de resgate terá de ser parado. Isto é só para não aumentar a água em tempo de eleições e empurrar com a barriga. Os paredenses vão continuar sem ter saneamento porque os votos são mais importantes que resolver o problema”, argumentou ainda.

Já sobre a comunidade cigana diz que até pode “discutir o local e o valor do empreendimento”, mas não “a oportunidade” do programa 1.º Direito. “Vou aproveitar o programa que existe e não seriam só 270 casas, seria o dobro ou o triplo e íamos avaliar as necessidades das pessoas. Não vou interromper processo nenhum dos ciganos e não venham dizer que o valor é alto, não se pode comparar investimento privado com o público”, disse, respondendo ao PSD e CDS que pretendem um projecto alternativo.

“A ideia é do pouco fazer muito. As minhas prioridades vão surgir dia-a-dia. Venho para fazer o concretizável, o resto – folclore, populismo, revistas de milhares de euros – não vou fazer”, conclui o candidato à Câmara de Paredes.